2 de novembro de 2018

DEPOIS DA ELEIÇÃO EM QUE O ÓDIO VENCEU

Durante pelo menos quatro anos eu desejo muito que nenhum aluno negro de um professor que votou no ódio seja morto por “parecer” bandido (pela cor da pele) em nome da máxima “bandido bom é bandido morto”. Porque se acontecer eu vou querer muito também que esse professor que votou no ódio saiba que ele é culpado pela morte do seu aluno.
Durante pelo menos quatro anos eu desejo muito que nenhum filho de nenhum negro que votou no ódio seja morto por “parecer” bandido (pela cor da pele) em nome da máxima “bandido bom é bandido morto”, porque se acontecer eu vou querer muito também que esse negro que votou no ódio saiba que ele é culpado pela morte de seu próprio filho.
Durante pelo menos quatro anos eu desejo muito que nenhum filho de nenhuma mulher negra que votou no ódio seja morto por “parecer” bandido (pela cor da pele) em nome da máxima “bandido bom é bandido morto”, porque se acontecer eu vou querer muito também que essa mulher negra que votou no ódio saiba que ela é culpada pela morte de seu próprio filho.
Durante pelo menos quatro anos eu desejo muito que nenhum namorado, marido, namorada ou esposa de nenhum(a) homossexual que votou no ódio seja morto(a) por “ser uma bichona” ou por “ser uma sapata”, porque se acontecer eu vou querer muito também que esse(a) homossexual que votou no ódio saiba que ele(a) é culpado(a) pela morte do seu afeto.
E, me desculpe, mas se você votou no ódio, durante pelo menos quatro anos você será culpado(a) pela morte de todo negro inocente ou culpado que seja morto, sem direito a defesa, em nome da máxima “bandido bom é bandido morto” institucionalizada pelo ódio no qual você votou; você será culpado(a) pela morte ou pelo estupro de toda mulher que seja agredida em nome do machismo institucionalizado pelo ódio no qual você votou; e você será culpado(a) pela morte de todo homossexual que seja assassinado em nome do “viado e sapata têm mesmo é que morrer” institucionalizado pelo ódio no qual você votou. Para mim será sempre como se você tivesse puxado a arma (seja ela qual for) e a usado no corpo indefeso. Se for um amigo, familiar, aluno, inocente, você será igualmente culpado.
E se você é um cristão que votou no ódio, eu tenho certeza de que, se o Jesus Cristo no qual você diz que acredita e ao qual você diz que adora, caso exista, vai manter você MUITO longe dele porque ao votar no ódio você mostrou que não aprendeu NADA das lições às quais diz amém nos cultos ou nas missas. Afinal, Jesus, se existiu, foi um comunista (dividiu o pão por igual a todos), foi um esquerdopata (expulsou os vendilhões do templo e não aceitou as regras vigentes) e por não obedecer as leis foi preso e torturado, o que, na sua concepção ou na concepção do ódio no qual você votou, só acontece com quem não pode mesmo ser grande coisa e, por isso, “recebeu o que mereceu”.
Você que votou no ódio esqueceu a lição de “dar a outra face”, esqueceu a lição de “Quem nunca pecou que atire a primeira pedra”, esqueceu a lição de quem expulsou os vendilhões do templo, esqueceu as lições de quem andava com prostitutas e ladrões e respeitava a todos igualmente. Você que votou no ódio, se Jesus existir, não vai ter o direito de se aproximar dele, seu lugar será outro.
Então, aconselho você que votou no ódio a se tornar ateu, assim não precisará temer o inferno, que é para onde ele afirmou que irão os que se dedicam ao ódio e não ao amor; ele, o Jesus que você diz amar mas não ama, porque votou no ódio e esqueceu o amor.

ARGUMENTAÇÃO E FORMIGAS



Diante de um determinado assunto – seja um daqueles chamados “polêmicos” ou não – o comportamento de qualquer pessoa deve ser a análise lógica e a tomada de uma posição embasada em conhecimento. Nunca tomar posição sem nenhuma informação ou com poucas informações aleatórias e não verificáveis sobre aquilo. Existe mais de uma razão para alguém tomar um determinado fato como verdade, veremos que nem sempre essas razões se justificam e nem sempre são suficientes.

Digamos que um garoto – vamos chamá-lo de Zé – tem dois ou três aninhos e pela primeira vez na vida, em um passeio com a família, vê uma formiga. O garoto se espanta e se encanta com o minúsculo animal e o pai, que está ao lado dele, informa: “Isso é uma formiga, cuidado porque elas picam e a picada dói muito. Para você se lembrar: todas elas são assim, muito pequenas e marrons”.

O pai não mentiu. Sempre viveu na cidade e raríssimas vezes viu formigas, só conhece formigas assim pequenas e assim marrons. Como não é um biólogo e como nunca se interessou por esses animais a ponto de procurar mais informações do que as que adquiriu nas poucas vezes em que viu formigas, para ele só existem formigas assim pequenas e assim marrons. Ao mesmo tempo, Zé é muito pequeno e para ele a palavra daquele adulto é totalmente confiável. O pai, juntamente com a mãe, é o ser mais próximo e mais conhecido; é o adulto mais amado e o ser do qual ele é totalmente dependente. Zé toma todas as informações vindas do pai como a Verdade. Sequer ocorre a essa criança a possibilidade de questionar a informação recebida. Portanto, para Zé, a partir daquele momento, ele conhece formigas: São animais pequeninos como aquele e marrons como aquele do qual o pai mandou que ele mantivesse distância porque formigas picam e a picada dói muito. Zé se afasta totalmente confiante de que sabe tudo o que há para saber sobre formigas.

Poucos anos depois, Zé está na escola, tem um livro nas mãos e a professora informa a sala de que aquele animal descrito e ilustrado com um desenho em preto e branco na página 8 é uma formiga, que esse nome começa com a letra F e, quando ele pergunta, a professora informa que também existem formigas pretas como aquela do desenho. Zé agora tem outro adulto diante de si ensinando sobre o mundo, e esse adulto apresenta as informações com a ajuda de um livro, de desenhos, esse adulto é a professora e, para ele, ela é muito sábia e as informações que ela dá são tão ou mais confiáveis do que as informações que o pai dá. À noite, Zé informa o pai de que existem formigas pretas, o pai acredita porque a professora disse e a professora sabe. Se até o pai confia no que a professora diz, então está decidido: A partir daquele dia, para Zé, formigas são animais muito pequenos que picam muito dolorido; tem dois tipos de formiga, uma marrom e outra preta. Zé vai dormir totalmente confiante de que sabe tudo o que há para saber sobre formigas.

Mais alguns anos se passam e Zé está no ensino médio. Nessa altura ele já sabe que os conhecimentos do pai são bem poucos comparados aos conhecimentos dos professores do ensino médio e sabe, ou julga saber, que mesmo entre esses professores tem alguns que não sabem muita coisa além do que ensinam. Alguns, na opinião do adolescente rebelde em que Zé se transformou (junto com a maioria dos colegas de sua idade) não sabem nada de muita coisa porque são velhos e ultrapassados demais. Mas tem os livros didáticos e eles trazem muitas informações com ilustrações e fontes como nomes e endereços de jornais e revistas ou datas de divulgação e nomes de emissoras de canais de televisão. Então, mesmo que não goste do professor que está passando aquela informação – porque é muito bravo, porque é muito exigente ou porque é muito velho – Zé se sente forçado a acreditar no que ele ensina porque e quando a informação está também no livro didático. E é nessa carteira escolar, em uma sala de aula do ensino médio, que Zé aprende que existem formigas bem maiores do que as que ele achava que conhecia e que, além das marrons e das pretas, existem também formigas vermelhas, amarelas e até brancas. Agora ele tem certeza de que sabe tudo o que há para saber sobre formigas.

Zé está certo, esse será todo o conhecimento que terá e será o suficiente para falar sobre formigas, se um dia precisar, e dar informações sobre elas a quem não as conheça e até poderá entrar em debate com uma pessoa que acredita, como ele já acreditou, que só existem formigas marrons ou pretas. Zé tem mais informações e pode até dar referências para quem não acredite na palavra dele sobre a existência de formigas vermelhas, por exemplo.

Mas, e se mais tarde, ou ainda nessa fase do ensino médio, Zé optar por um curso de biologia e, mais tarde ainda – com mestrado, doutorado e estudos de campo em uma área específica da entomologia – Zé se tornar um mirmecologista, palavra que em sua carteira na sala de aula do ensino médio, Zé não conhece? Se for estudar formigas, Zé descobrirá que todo o seu conhecimento do ensino médio sobre elas, por mais correto e embasado que fosse, estava muito longe de ser tudo o que há para saber sobre formigas.

Qualquer outro assunto, qualquer outro tema, qualquer outro conhecimento a que qualquer pessoa tenha acesso segue, com poucas e específicas variações, as mesmas regras que vimos quanto ao conhecimento sobre as formigas adquiridos por Zé. Então, para sermos razoáveis, não podemos aceitar nenhuma informação como verdade antes de termos embasamento mais confiável do que a palavra de uma pessoa que não apresente mais do que uma opinião baseada somente em experiências pessoas restritas, por mais amada e confiável que essa pessoa seja para nós. E mais, devemos ter a humildade de aceitar que mesmo nosso conhecimento mais embasado, na maior parte dos casos, está longe de ser tudo o que se pode saber a respeito daquele assunto.

Portanto, quer opinar sobre algo? Informe-se! Quer argumentar sobre uma opinião que tenha? Pesquise! Se o assunto admite posições contrárias, ouça o outro lado com respeito porque sempre existe a possibilidade de a outra pessoa ter alguma informação que você não tem; daí você poderá aprender mais. E, finalmente, quer saber tudo o que há para saber sobre algo? Dedique muitos anos ao estudo daquele assunto, torne-se um especialista, só aí sua palavra poderá servir como referência. E saiba: Se você estudar muito e muito a fundo um assunto, descobrirá que nunca vai saber “tudo o que é possível saber sobre isso”. Mas, estudando muito sobre um assunto você poderá se tornar um dos degraus na escada do conhecimento; essa escada infinita que os estudiosos do futuro percorrerão, avançando mais um pouco, graças ao que você aprendeu e ensinou.

Duvide sempre de toda e qualquer informação que seja dada com a roupa estreita da “verdade definitiva”.


15 de outubro de 2018

QUEM EU SOU

Copiei, na cara dura, uma lista que encontrei no Facebook e ajeitei essa lista para torná-la mais pessoal... mais minha. Não dou crédito porque a pessoa de quem copiei a lista diz que também a adaptou. Então lá vai minha lista, que poderia se chamar “Lista do SOU EU”.

• Para mim, bandido bom é bandido julgado sem privilégios e de forma imparcial. Deve ser preso preventivamente e por tempo limitado apenas se apresentar perigo à sociedade, o julgamento não pode ser adiado ou demorado por questões econômicas, sociais ou quaisquer diferenças que configurem descaso de uns e privilégios de outros e, se for condenado, o bandido deve cumprir a pena cabível em presídios que priorizem e deem condições para que o detento seja ressocializado.
• Afirmo que criminosos de colarinho branco também são bandidos e têm que ter exatamente o mesmo tratamento que qualquer outro bandido, seja negro, pobre, favelado, analfabeto, o que for. Nunca, em hipótese alguma, um criminoso deve ter privilégios que outros não têm.
• Pedofilia é crime e confundir homossexual com pedófilo deveria ser crime também.
• Não sou pró-família, sou favorável ao direito de qualquer pessoa constituir família com quem quiser, como quiser e se quiser.
• Sou favorável à criminalização de pessoas que tentem impedir o relacionamento consensual entre pessoas adultas, independentemente do preconceito ou religião que aleguem como razão para o preconceito.
• Sou contra a erotização de crianças, mas a favor da educação sexual nas escolas.
• Sou terminantemente contra qualquer tipo de abono, auxílio ou privilégio da classe política, ou de qualquer classe trabalhadora que receba salários adequados e compatíveis a uma vida digna e confortável.
• Acho que cotas devem existir para pessoas de classes sociais menos favorecidas, para negros, indígenas e pessoas com deficiência, até que a sociedade se torne decente e as cotas não sejam mais necessárias.
• Para mim, os trinta artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos teriam que ser parte central da Constituição e teriam que ser respeitados.
• Tenho certeza de que policiais, professores e profissionais da saúde deveriam ganhar mais do que deputados e senadores e as escolas, os hospitais e os presídios deveriam funcionar em prédios mais modernos, bem equipados e bem cuidados do que qualquer Senado, Congresso, Câmara ou Prefeitura.
• Sei que o Estado tem que ser laico e tem que se comportar como tal cuidando de forma efetiva para que todas as religiões sejam respeitadas igualmente sem que nenhuma tenha privilégios que não sejam estendidos a todas. Ser a religião da maioria nunca deve servir como desculpa para diferenças de tratamento, e esse respeito deve ser estendido igualmente aos que não seguem nenhuma religião e aos ateus.
• O feminismo protege a mulher e para mim quem acha o contrário é no mínimo mal-intencionado e deve ser penalizado legalmente por qualquer discurso de ódio à mulher ou apoio ao machismo.
• Acho que o puro preconceito contra qualquer grupo ou etnia deve ser considerado legalmente abominável e passível de pena.
• O aborto deve ser tratado como uma questão de saúde pública, e apenas argumentos e debates científicos especializados poderiam servir como parâmetro para quaisquer restrições a ele.
• Vejo como necessidade primeira a criação e permanência de políticas públicas que beneficiem as minorias, durante todo o tempo em que elas forem necessárias.
• Meritocracia é tema a ser levado em conta apenas quando não houver mais privilégios alheios ao merecimento e quando as ações afirmativas se tornarem desnecessárias.
O único tipo de debate político envolvendo a questão da homossexualidade a ser aceito tem que ser o que envolver planos de prevenção à violência ou de garantia aos direitos desses cidadãos.
• Sou a favor da educação e saúde públicas de qualidade, universais e gratuitas para toda a população.
• Todos os funcionários públicos e suas famílias, do faxineiro ao presidente, devem utilizar apenas os serviços públicos de saúde e educação para que possam melhor avaliá-los e garantir sua qualidade.
• Teria que haver, junto ao salário mínimo, um teto salarial nacional que oscilasse de acordo com o salário mínimo a fim de garantir que a diferença entre um e outro nunca se tornasse grande a ponto de um dos lados ser roubado do seu direito a uma vida digna.
• A mídia deve ser imparcial, sem carteis e famílias intocáveis. Deve priorizar programas educativos e informativos e receber punição legal diante de qualquer abuso para que nunca possa se tornar o quarto poder com mais poder real do que o executivo, como tem acontecido ao longo da história.
• Para mim, deveria haver na Constituição um artigo que especificasse que uma pessoa que tenha manifestado, via ação ou discurso, simpatia, conivência ou apoio a qualquer tipo de pensamento ou ação contrários à Declaração Universal dos Direitos Humanos não poderá ser candidato ou ser eleito a qualquer cargo público.

5 de outubro de 2018

ERRO DE AVALIAÇÃO

(Originalmente publicado em 06/05/2015)

Apresentação

Começarei dizendo o óbvio a respeito dos avanços científicos, relacionando aquilo que é fato, que todos sabemos e que entristece, sempre, os que pensam nisso. Depois, ainda falando do óbvio, descreverei o estado precário da educação no país, a falta de receptividade dos alunos e dos responsáveis por eles e o quanto tem sido frustrante a luta por uma educação de qualidade. Por fim concluirei argumentando que nós, professores e educadores, talvez estejamos lutando do lado errado. Talvez a melhor coisa a fazer seja nos unirmos em batalha para que se apague de todas as Constituições do mundo qualquer lei que defina a educação como “Direito de todos e obrigação do Estado”. Será que a solução para construir um mundo melhor não seria aumentar em lugar de diminuir o número de pessoas ignorantes e iletradas? O objetivo desse artigo é convidar você a pensar nisso.

Da ciência

É fato que os incríveis avanços tecnológicos deram – e ainda dão – muita esperança de um mundo melhor. Mas é fato também que – por conta da índole egoísta e da oniprepotência nata do animal humano – as tecnologias sempre criam ou potencializam mortes, sofrimentos e dores.

A ciência criou as armas de destruição em massa que cada vez mais vêm transformando o assassinato de pessoas em meros números toleráveis e estatísticas frias. As maravilhas da medicina – ao mesmo tempo em que salvam vidas – criam meios de segregação porque são acessíveis apenas a quem tem dinheiro para usá-las. Os fantásticos avanços industriais tornam as pessoas “descartáveis” e perfeitamente substituíveis por máquinas cada vez mais eficientes e necessárias. Em paralelo, esses avanços geram todo tipo de refugo, lixo, poluição. Substâncias nocivas são continuamente lançadas na água, no ar e no solo e se tornam responsáveis pelo surgimento e pelo aumento de doenças de todos os tipos; que os avanços da medicina combatem sempre selecionando, pelo dinheiro, os que podem e os que não podem ser curados. Esse círculo vicioso tem gerado enormes custos financeiros e é uma ameaça, cada vez mais séria e efetiva, de extermínio da própria vida no planeta.

Os absurdamente fabulosos avanços dos meios de comunicação conseguiram “diminuir o tamanho do mundo” permitindo conversas e trazendo notícias em tempo real. Conseguiram apresentar programas, jogos e filmes com imagens em alta definição e som cristalino e fantasticamente potente. Acontece que todas essas maravilhas – por estarem nas mãos da ganância do animal humano citado e definido acima, e por serem consumidas pelo mesmo animal humano – acabam servindo como instrumentos de alienação das mentes, exploração dos corpos e disseminação de ideologias assassinas.

Todos esses avanços fabulosos dos meios de comunicação pouco ou nada contribuem para alcançar resultados que efetivamente ajudariam a tornar o ser humano melhor. A mídia pouco ou nada contribui para melhorar e democratizar a educação; pouco ou nada faz para divulgar conhecimentos científicos; pouco ou nada contribui para aumentar o respeito pelo outro que ficou mais próximo; pouco ou nada contribui para potencializar a consciência ética e moral das pessoas; pouco ou nada contribui para diminuir os preconceitos e a segregação. Nem mesmo para promover o aumento da qualidade de vida das pessoas esses avanços dos meios de comunicação têm contribuído como deveriam.

Em muitos casos, infelizmente, a mídia vem contribuindo mais para que se alcance o oposto dos progressos e ganhos humanos e sociais que os pontos citados acima poderiam representar. Vemos o tempo todo, nas grandes redes de televisão e em todas as grandes mídias, programas e matérias variadas que desinformam, que divulgam pseudociência como se fosse ciência, que “ensinam” a falta de ética, que promovem a ideia de que “bom mesmo é se dar bem não importa a custa de quem”. Riem e fazem rir com o “engraçado” de ver alguém sendo humilhado por outro alguém mais “famoso”, mais rico, mais sortudo ou mais “bonito”. As mídias, infelizmente e quando poderiam fazer o contrário, comumente divulgam ou criam programas e matérias que contribuem para aumentar (e até para criar) preconceitos e mostrar “razões” para que pessoas discriminem pessoas.

Da educação

Quanto à educação, todos os envolvidos no processo sabem que a maioria dos alunos – independentemente da escola e do nível social e financeiro de seus pais – estão a maior parte do tempo tremendamente ocupados em soltar palavras de baixo calão aos gritos, mexer no celular procurando novas maneiras de conversar sem conteúdo, disputar acirradamente para NÃO saber quem consegue acessar os sites mais vazios e inúteis, ouvir o máximo de vezes possível os barulhos monótonos e insuportáveis que insistem em chamar de música e, principalmente, deixar claro que o professor na sala de aula é apenas um “poste” incômodo a ser ignorado.

É claro que os alunos das escolas públicas das periferias são os mais prejudicados por esse comportamento. Eles não têm os recursos, proporcionados pelo dinheiro, dos quais os pais lançam mão para garantir a “boa educação” de seus filhos. As aulas particulares nos dias que antecedem a qualquer prova importante, os trabalhos pagos para serem feitos por terceiros com o nome dos seus lindos filhinhos no campo “autor”. E há sempre outras facilidades que variam de acordo com a estrutura da família, o número de zeros na conta bancária e a influência que seu dinheiro tem sobre a direção da escola. Esses meios são completamente desconhecidos por grande parte dos alunos de escola pública. O maior recurso de que eles ainda lançam mão para “se dar bem” é a velha e manjadíssima cola.

Mas temos que ser honestos e reconhecer que nem tudo é maldade e falta de ética. Há também o acompanhamento efetivo que muitos pais dão aos seus filhos; mesmo pais de alunos de escola pública, em muitos casos, se preocupam e acompanham da melhor forma que podem os estudos de seus filhos. Acontece que o acompanhamento dos estudos é muito mais eficiente quando feito por pessoas cultas e com disponibilidade maior de recursos, como computadores e livros em casa. Esse tipo de acompanhamento, digamos “especializado”, em geral está longe das condições dos alunos mais pobres porque os pais desses alunos são, em geral, pouco letrados e pouco podem fazer além de ir às reuniões e cobrar seus filhos com mais energia.

Os alunos de escola pública, quando têm o computador em casa têm pais que não sabem usá-lo e não sabem orientar e exigir dos filhos o uso pedagógico adequado dessa ferramenta. Então, o que acontece é que esses alunos não usam o computador para muita coisa além de continuar, nas redes sociais, as mesmas atividades vazias e “desinformantes” a que se dedicam na sala de aula enquanto o professor tenta ensinar alguma coisa.

Lógico que é muito bom e recomendável que os pais dos alunos da escola pública acompanhem, cobrem e se interessem pelos estudos de seus filhos! Esse acompanhamento – por diversas razões e nem sempre por culpa dos pais – chega a ser raro em muitas escolas, mas quando acontece sem dúvida nenhuma surte grandes efeitos. Porém, o fato inegável é que, por mais louvável e benéfica que seja a presença efetiva dos pais na vida escolar dos alunos de escola pública, essa presença é muito menos eficiente do que a mesma ajuda vinda dos pais mais cultos. Então – com ou sem o acompanhamento efetivo dos pais – o aluno de escola pública, em geral e quase sempre, está sim em desvantagem com relação ao aluno da escola particular. Mesmo quando ambos têm o mesmo desinteresse e o mesmo desprezo pelos estudos, pela escola e pelos professores.

Da realidade

Comecemos com essa relação de fatos:
Os criadores das incríveis máquinas capazes de substituir dezenas de trabalhadores que ficarão sem seus empregos; os criadores das fantásticas máquinas capazes de produzir maravilhas e montanhas de lixo tóxico são, em geral, formados em engenharia. Os que descobrem como extrair e manipular substâncias para conseguir remédios, combustíveis, adubos, cosméticos e todo tipo de produtos que prolongam e facilitam a vida de uns enquanto descartam, obsoletam e excluem muitos outros são, em geral, formados em química. Aqueles que criam e aperfeiçoam as máquinas e dispositivos cada vez mais avançados que possibilitam o envio e recebimento de som e de imagem com cada vez mais rapidez, precisão e realismo são, em geral, formados em tecnologia, informática e faculdades afins. E as pessoas que administram as indústrias de grande porte onde estão essas máquinas e esses laboratórios; pessoas que em nome de maiores vendas e maiores lucros têm como “política de sobrevivência” a prática de todo tipo de troca de favores, exploração de pessoas e manipulação de informações são, em geral, formadas em Administração, economia e faculdades afins.

No Brasil – e nas grandes potências mundiais que negociam em dólar – os que se elegem com mentiras e com mentiras se mantém nos altos cargos administrativos do país são, em geral, formados em faculdades de primeira linha. Exceto para o judiciário, onde todos precisam ser formados em direito, se não me engano, a exigência de formação universitária na política vem principalmente dos eleitores da elite e da mídia, que, com raras exceções, convence os demais eleitores de que não devem votar em quem não tem “canudo”. A menos, é claro, que o candidato tenha muito dinheiro ou muita exposição e apoio da mídia. Como eu disse: as exceções são raras.

E há ainda as empresas estatais, sempre administradas pelos “senhores doutores” que têm em comum a constante preocupação de aumentar “ao infinito” seu próprio cabedal com falcatruas, arranjos, desvios e roubos que custam a miséria e até a morte de milhares de pessoas.

Existem ainda aqueles que, com discursos “convincentes”, manipulam, exploram e roubam pessoas humildes, inocentes e ingênuas vendendo um deus que promete – para “talvez” ou para a outra vida – milagres e felicidades que acontecerão apenas para quem tiver fé e fizer “doação para o Senhor”; esse ser todo poderoso que cada dia “precisa” de mais dinheiro. Em termos de exigência de formação universitária, esses “homens de Deus” são quase uma exceção no caso das igrejas evangélicas, mas não o são na igreja católica. Mas nas igrejas evangélicas, os maiores e mais influentes, aqueles que mais exploram e mais danos causam, os que propagam fundamentalismo preconceituoso e violento, os que interferem de forma desonesta na criação das leis do país, os que levam “a palavra” às aldeias indígenas e colaboram para a perda irreversível de sua cultura, esses são, em geral, pessoas formadas em universidades. Pelo menos esse é o caso de um dos maiores nomes dessa vertente; formado em psicologia. E ele não é o único.

Da ideia

Vimos que para todas essas atividades, funções, profissões e ... danos, salvo raras exceções, as pessoas precisam ser cultas, ter frequentado universidades, ter um ou mais diplomas. E foi pensando nisso que vim a me perguntar se não estamos todos, professores, pais e sociedade – pelo menos a parte dos pais e da sociedade que se preocupa com isso – lutando pelo lado errado. Será que a luta pela educação pública e gratuita para todos não deveria se tornar a luta pelo fim da educação formal – pública ou privada – para todos?

          Mas então você está defendendo a volta à Idade da Pedra?

          Sim e não. Primeiro porque não estou dando uma resposta, nem sequer estou fazendo uma proposta ou apresentando um projeto. Estou apenas, até o momento, fazendo perguntas, tentando provocar pensamentos e discussões e, talvez, abrir espaço para que se olhe a questão da educação por um outro ângulo. E, principalmente, na minha pouca visão dos fatos, estou pensando se não seria válido aplicar para a sociedade o mesmo princípio que Einstein usou para as mentes: “Uma vez aberta não volta ao seu tamanho original”. Talvez sem a obrigatoriedade da educação formal – que aliás nunca quiseram – a maioria dos jovens possa se dedicar a atividades menos danosas, como aprender profissões artesanais de seu interesse e se dedicarem a atividades práticas que lhes permita sobreviver e criar suas famílias.

Poderão viver sem ter que conhecer ou se preocupar com o avanço das tecnologias que permitem explorar o outro. Não terão a ambição de se tornar milionário à custa da destruição da vida no planeta, então, talvez, o planeta possa ter tempo para recuperar sua natureza e seu ecossistema sem os ataques maciços que têm sofrido até agora.

          Eu não proporia – e não acho que deva ser feita – a extinção da educação; menos ainda a queima de livros aos moldes das sanguinárias ditaduras políticas e religiosas que o fizeram tantas vezes na história. Minha ideia é mais a de que a educação formal seja algo a ser dado a todo aquele que a deseje. Sem distinção de cor, raça, sexo ou qualquer outro tipo de nomenclatura ou adjetivo que separe pessoas em grupos distintos. Bastaria apenas que alguma pessoa – criança ou adulto – mostrasse o desejo de aprender para que esse conhecimento, em existindo, lhe fosse dado. Para isso se poderia manter, em todos os lugares do mundo, um número suficiente de escolas nas quais se matriculariam aqueles que lá desejassem estudar. Ninguém poderia ser forçado, seja pelo estado seja pelos pais ou responsáveis, a atravessar os portões de uma escola e sentar-se diante de um professor. Apenas o desejo, apenas a curiosidade, apenas a sede de conhecimento, apenas o amor pelas ciências faria com que alguém se tornasse um aluno... e um professor.

          Mal consigo vislumbrar a quantidade de mudanças que essa nova postura diante da educação poderia trazer. Pensei em quanto menos pessoas se formariam em cursos para os quais não tiveram vocação ou vontade, quantas menos se tornariam profissionais sofríveis, quantas menos seriam protagonistas de erros capazes de causar grandes danos e até a morte de pessoas a seus cuidados. Pensei que o número de profissionais capacitados em muitas áreas importantes seria drasticamente reduzido e, em alguns casos – como na medicina, por exemplo – isso poderia resultar na falta desses profissionais para atender as necessidades da população em muitas cidades do mundo. Mas, venhamos e convenhamos, isso já não acontece?

Conclusão

Enfim, tudo o que escrevi aqui é pouco mais do que um esboço de pensamento, ainda estou na fase de passar horas rolando na cama, tentando imaginar quais seriam as consequências dessa minha ideia se aplicada, nessa ou naquela área. Em alguns casos chego à conclusão de que poderia haver mortes e sofrimentos, então tento pesar essas mortes e sofrimentos possíveis com as mortes e os sofrimentos que existem agora em consequência das falhas e dos derivados do sistema atual. Então tento pesar essas mortes e sofrimentos possíveis com as mortes e os sofrimentos que acontecerão em consequência das falhas e dos derivados do sistema atual. Novamente não sei a resposta e não sei se existe uma, mas penso nos tantos e tantos avisos, indícios e provas de que estamos levando nossa raça à extinção – e muitas outras além da nossa, talvez todas – e me pergunto se o abandono dessa ideia de dar educação a todos (queiram eles ou não) e, em lugar disso, a adoção do novo sistema de educação voluntária não poderia ser uma forma eficaz de “salvar o planeta”, como dizem muitos dos que não sabem que não é o planeta que precisa ser salvo e sim a vida que ele abriga.

Esse artigo foi escrito só para fazer essa pergunta. Quer tentar respondê-la?

27 de setembro de 2018

ME PERGUNTARAM QUE DISCIPLINA EU ACRESCENTARIA AO CURRÍCULO ESCOLAR


Na verdade, nem acho que falta alguma disciplina no currículo das escolas públicas, o que falta é mais planejamento do conteúdo das disciplinas que já estão no currículo. História, por exemplo, é uma matéria que deveria ter mais horas de aula, que seus conteúdos relacionassem o passado com o presente em cima de temas específicos como a história das religiões, das guerras, da mídia, da política, e suas consequências, destacando não apenas os benefícios e avanços, mas, talvez principalmente, os danos causados por essas criações humanas. Não sei se estou me expressando bem, não é a minha disciplina, mas acho que seria de grande importância que, MUITO mais do que contar o que aconteceu, a disciplina pudesse colocar aquele tema sempre em uma relação de tempo que o trouxesse do passado para o presente e trabalhasse outras questões relacionadas àquela passagem; questões filosóficas, geográficas, artísticas, éticas, etc.
Muito importante seria que NUNCA sequer se pensasse em aceitar a hipótese de eliminar disciplinas como filosofia e artes, mas, ao contrário, dar mais tempo e mais condições a esses profissionais de atuarem efetivamente e de forma mais autônoma levando seus conhecimentos para além das salas de aula e dos horários estipulados na grade.
E, para falar da minha disciplina, que os currículos se preocupassem menos com uma sequência de temas de gramática e mais, MUITO MAIS, com leitura e compreensão de textos variados e críticas, reescritas, paráfrases e textos paralelos produzidos sobre os textos e seus temas, muito variados sempre e, de preferência, escolhidos pelos professores e não por empresários preocupados em vender livros e autores de livros didáticos sempre atrelados a só usarem textos (repetitivos) cuja publicação foi autorizada. E, não esquecendo porque é MUITO importante, o que já delineei lá em cima: a interdisciplinaridade. Com professores de disciplinas diferentes planejando, preparando e aplicando conteúdos conjuntamente. O chato é que isso demandaria mais tempo do professor para a preparação e correção das atividades, demandaria a necessidade de aulas conjuntas com professores de disciplinas diferentes na mesma sala, no mesmo momento, fazendo o mesmo trabalho; e não se paga professor por isso.
Além de tudo, e chovendo no molhado, é preciso que as escolas tenham condições mínimas de trabalho, com material e estrutura suficiente. Em muitas até aquele bastão branco ultrapassado chamado giz falta, mais ainda outras coisas como condições de fazer cópia de um texto, possibilidades de colocar uma música ou passar um vídeo em sala de aula. Só temos, e muitas vezes funcionando bem mal, uma sala de vídeo cujo uso os professores têm que praticamente disputar a tapa. E nem vou falar em computadores! Enfim, falta muita coisa além de mudança de currículo, mas os nossos governantes preferem repassar o dinheiro da educação para sei lá quem produzir material inútil e desnecessário como apostilas e "provas oficiais" que têm como objetivo "mostrar" como os professores são os responsáveis, os culpados, estão “despreparados” e, por isso, é justo atrelar seus salários às "melhoras" nas notas dos alunos.
Como digo sempre, eu queria muito mesmo saber quantos empresários estão enriquecendo absurdamente com a produção das apostilas e provas periódicas que são impostas às escolas.

22 de setembro de 2018

BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO


 Divina: A hipocrisia parece que se aplica a todos os que defendem essa frase...

Cidadão do bem: Fale por você. Seja preto branco, favelado ou burguês sou a favor da pena de morte para crimes hediondos. E acho que quem resiste a prisão ou atenta contra a Polícia deve ser morto sim!!!!

Divina: Em que lugar do planeta você acha que vai ter essa pena de morte que não vê diferença entre "preto branco,favelado ou burguês"??? Aqui no Brasil tenho certeza que não é.

Cidadão do bem: Aqui no Brasil nunca veremos pena de morte oficial. Só aquela que os bandidos menores são os juízes e executores e outras "Vitimas da Sociedade" vão aplicar...

Divina: Você esqueceu de uma porção de outras "penas de morte". Aquela em que o filhinho de papai rico vai passear no carrão e atropela o trabalhador na calçada; aquela em que o filhinho bonitinho do rico bota fogo em um índio e se justifica dizendo que "pensou que era um mendigo"; aquela outra do filho do rico que mata uma mulher na rua e justifica dizendo que "pensou que era uma prostituta"; a do fazendeiro grileiro que manda os capangas matarem pequenos sitiantes que estão "atrapalhando" o crescimento de sua fazenda, aquela do policial que mata o estudante negro que volta da escola para sua humilde casa na favela onde mora e cuja morte é justificada pelo policial porque “O rapaz ‘parecia’ um bandido”... Cara, tem TANTOS outros exemplos de pena de morte no Brasil todos os dias! Muita gente precisava URGENTEMENTE ler o livro Vigiar e Punir do Foucoult antes de defender pena de morte. Precisava mesmo!

Cidadão do bem: Às vezes me pergunto: Será que o fato de ser preto, pobre e favelado me dá (ou deveria dar) inimputabilidade para cometer crimes, sequestros, estupros, roubos, tráfico de drogas, etc? Será? Ou esse povo que defende bandido tem esterco no lugar de cérebro?

Divina: É o contrário que acontece, ou será que você não percebeu? O que dá inimputabilidade é ser branco, rico, morador da zona sul, filho de político, empresário poderoso ou ator global...

Cidadão do bem: Segundo essa teoria conspiratória deveria abrir as prisões e soltarem todos os que não forem brancos e moradores da Zona Sul??? Resolveria o problema do mundo!!! Ah tá bom!!

Divina: Se fizesse isso a cadeia ficaria vazia, né? Mas é claro que não estou defendendo, e nunca vi uma pessoa que é contra a pena de morte defender, que se deixe de punir bandidos só por serem negros ou pobres. Estou defendendo que se pare de NÃO prender bandidos só porque são brancos e ricos! E que se prenda também bandidos brancos e ricos da mesma forma e com a mesma “gana por justiça” com que se prendem negros e pobres. Porque o que se faz muitas vezes, ao contrário do que eu chamaria de justiça, é prender uma pessoa negra sem nem verificar direito se é um bandido ou não que está sendo algemado. Se é preto, primeiro prende, depois vê se é bandido mesmo ou não (caso alguém repare e tenha tempo para investigar melhor). Por que vocês que adoram dizer "bandido bom é bandido morto" não conseguem entender isso?

CIDADÃO DO BEM: O rico do colarinho branco jamais pegará uma arma e vai chegar num pai de família pra lhe dar um tiro para roubar seu mísero salário do mês. O bêbado não pegou o carro e matou por querer a vítima, foi crime sim, mas culposo sem intenção de matar. O empresário sonega milhões para o estado, a sonegação fiscal dele pode afetar indiretamente a sociedade sim, mas não mata intencionalmente um trabalhador. Enfim, essas analogias ridículas e toscas costumam vir de hipócritas porque tenho certeza que quem as escreveu já tentou subornar o agente de trânsito para não pagar uma multa, já dirigiu bêbado, já fez um gatinho de energia e etc. Tá com pena do bandido filho da puta que rouba e mata na crueldade? Leva pra casa. BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO!

DIVINA: Você já tentou USAR sua massa cinzenta para pensar em quantos o empresário e o político matam A MAIS do que o bandidinho que mata UM pai de família num assalto? Quantos o empresário que adultera remédios mata? Quantos o político que desvia dinheiro da saúde mata? E esses são apenas dois exemplos entre outros muitos crimes do tipo que ambos cometem! Não que quem mata uma pessoa não deva ser preso, deve sim! É uma vida e é um crime. MAS quantos mais do que UM o empresário ou o político rico mata? Será que você consegue mesmo dizer que esses ricões mataram "sem intenção" sem ficar parecendo um bobão inocente?
Ah, sim, se não tivesse a roubalheira desses empresários e desses políticos que você está defendendo porque os "coitadinhos" SÓ sonegaram imposto e desviaram milhões, a vida de quantas pessoas você acha que o dinheiro dos impostos poderia salvar (inclusive de entrar no mundo do crime)? Ou você simplesmente não é capaz de raciocinar em uma escala assim tão “complicada”? talvez, na verdade, sua hipocrisia seja tão grande que você simplesmente não se importa, sequer pensa, em todas as pessoas que morrem TODOS OS DIAS esperando o atendimento médico que não vem porque os políticos e empresários “sem intenção de matar” desviaram o dinheiro que seria usado para atender essas pessoas. Fala sério, você não pensa nisso, né?
            Esses revoltadinhos que ficam defendendo a ideia de matar e que só sabem falar MATA MATA MATA não passam de trogloditas ignorantes e ilógicos. Será possível que sua massa cinzenta quase virgem não consegue perceber que um país com polícia corrupta e incompetente, juízes corruptos e preguiçosos e um preconceito explícito e fortíssimo de cor e de classe simplesmente NÃO PODE ter pena de morte?! Será que não dá pra perceber que eles vão matar mais inocente do que culpado?! Vão matar mais pais de família do que bandidos, e que vão empregar os grandes bandidos (como eles), os sádicos e os serial killers para que se divirtam matando inocentes e bandidinhos menores? Esse pessoal é burro mesmo ou simplesmente são os sádicos que conseguirão esses empregos?

Cidadão do bem: Pois já se matam mais pais de família que bandido...

Divina: E essa é sua justificativa? Que pobreza de argumento!

Cidadão do bem: Se tem que morrer que sejam os bandidos assaltantes turbulentos e traficantes. Seja de qual cor que for.

Divina: De novo: Você fala "Tem que morrer" mas NÃO PENSA em quem vai matar (bandidos piores ainda) nem em quem TAMBÉM vai morrer (inocentes!). Parece que você simplesmente NÃO PENSA, né?

Cidadão do bem: Inocentes?

Divina: Qual parte do TAMBÉM você não entendeu? Ou você pensa tão pouco que acha que um bando de bandidos sádicos e preconceituosos a quem VOCÊ vai dar o poder de matar vai matar só quem é realmente culpado? Quantos inocentes terão que morrer pra você COMEÇAR a perceber que não foi uma boa ideia deixar bandidos decidirem quem morre?

Cidadão do bem: São os bandidos que decidem sim quem morre. A arma está na mão deles, o pai de família diante deles. Se eles entenderem que devem "apagar" o cidadão já era. Foi assim no RJ ontem quando um casal se perdeu e entrou em uma favela enganados. O "juiz" condenou uma senhora à pena de morte e a família a um longo sofrimento, de saudades, dor, revolta e tristezas... Se esse maldito fosse morto quando esteve preso não teria cometido essa nova atrocidade....

Divina: E quantos pais e mães de família VOCÊ vai condenar colocando bandidos MUITO PIORES do que esse para matar quem eles quiserem? Cara, para com isso! Seu argumento emocional é ridículo! Tente ler o livro "Vigiar e Punir" do Foucoult, você vai ver que instituir a pena de morte não diminui a criminalidade, o que faz isso é educação e divisão de renda menos injusta.

Cidadão do bem: Então conteste o que eu postei.... Convença a Família que foi Condenada à pena de morte por entrar em uma favela graças a um erro do GPS.

Divina: E você convença as muitas famílias dos inocentes que serão mortos depois que você conseguir colocar os grandes bandidos para matar os bandidos menores. Para dizer que pena de morte é solução não basta um ou dois exemplos de bandido que atirou em alguém em um assalto, por mais tristes e revoltantes que sejam esses exemplos. E eles são, não estou negando. Mas é de toda a sociedade que você está falando! Você teria que provar que sua "solução" é solução mesmo. Você não pode sequer provar que assassinatos do tipo que você está usando como exemplo deixariam de acontecer. Para sua informação, não deixariam!

Cidadão do bem: Parei.

Divina: Aproveita a parada e PENSA.