23 de novembro de 2019

MULHERES ENSACADAS

Volta e meia vejo alguém defendendo que as burcas e a submissão das mulheres de alguns países são voluntárias e que nós, ocidentais, não temos o direito de nos revoltarmos de forma crítica porque isso seria querer determinar o que elas vestem e como se comportam. Argumentam que não estamos respeitando o que pode ser a vontade e escolha delas.
E eu me lembro de algumas histórias que ouvi da minha mãe.
Quando ela era menina e moça, todas as mulheres da idade dela queriam ser moças virtuosas e se manter virgem até o casamento era um objetivo almejado e perseguido.
Minha mãe ouviu muitas histórias sobre moças que caíram na conversa da "prova de amor".
Era um truque comum na época, sempre se contava para as meninas a história da fulana que "deu sua virgindade" para um rapaz que passou meses namorando-a, jurando paixão infinita, prometendo casamento e, depois de enganar a moça a ponto de fazê-la se apaixonar, veio com a segunda etapa do plano que era choramingar com uma fala do tipo "Você não me ama de verdade e não confia em mim".
Eles não tinham pressa porque gostavam de “batalhas difíceis”, então usavam muitos argumentos como desculpas para não se casar imediatamente, insistiam até que a mulher cedia.
Era mais ou menos assim que as histórias terminavam: Ela provou que o amava, então ele desapareceu e ela foi expulsa de casa, muitas vezes aos chutes e pontapés (aplicados pelo pai e às vezes também pelos irmãos mais velhos) e acabou virando puta porque a única pessoa que a acolheu foi a cafetina.
Muitas meninas, incluindo minha mãe, mais do que ouvir as histórias, acabava conhecendo uma dessas moças.
E, enquanto a coitada era expulsa, o tal rapaz se gabava com os colegas e posava de bonzão. Havia também outras versões. Em uma delas a família acuava o galanteador e forçava o casamento. Nessa, a moça passava o resto da vida ouvindo do marido que era uma puta, que devia ter ido pro puteiro, que não merecia respeito e que era por isso que levava chifre e pancada.
Na outra versão o cara engravidava a moça com a história da "prova de amor" e, quando sabia da gravidez, fugia e ia morar em outro estado.
A que minha mãe conheceu foi chutada na barriga pelo pai enquanto era expulsa de casa. Minha mãe era menina e nunca soube o que aconteceu com ela.
Claro que a maioria das moças queria muito manter a virgindade.
Era opção e vontade delas? Sim, sem dúvida!
Assim como é vontade dessas mulheres se manterem vestidas de bujão de gás.

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