23 de maio de 2023

APOSENTEI O CELULAR



Eu usava bastante o celular
Ia pra escola a pé ouvindo MPB e Rock
Fazia pesquisas nas janelas entre as aulas
Me divertia nas redes sociais
Depois que parei de trabalhar
O uso do aparelhinho diminuiu muito
O telefone ficava tocando toda hora
A cada 50 vezes, 49 ou mais era telemarketing
Ou sei a merda que a gente atende e fica mudo
Isso me irritava muito!
Estava cuidando da minha vidinha
E tinha que ficar parando toda hora
Pra atender telefonema inútil
Ouvia aquele barulhinho de mensagem
E na maioria das vezes era a operadora
Me oferecendo alguma coisa que não quero
Ou o banco oferecendo empréstimo
Que não posso pagar
Calei o telefone pra sempre!
Deixo no mute ao lado da televisão
E dou uma olhada no Zap
Uma vez por dia ou menos 
É TÃO bom viver sem barulhos irritantes!

16 de maio de 2023

ATEÍSMO ATIVO



Não se salva ninguém com o ateísmo, pelo menos não no sentido religioso de "salvação", mas como professora que sou, acho que vale sempre a pena tentar "salvar" alguém da ignorância, de preferência mostrando o outro, ou os outros lados da questão para que a pessoa tenha condições de escolher, conscientemente o lado, o conceito, a postura que quer tomar.
Sem mais de uma opção não há escolha.
Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.
Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.
Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.
E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.
A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.
Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.
E não se joga fora essa casca assim tão fácil.
A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.
E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!
A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.
Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!
Mas pessoas ateias não são descrentes completas.
Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.
Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.
Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.
O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.
Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.
E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.
Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.
Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.
Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.
Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.
Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".
Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.
Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.
O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.
E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.
Em muitos casos são torturadas e mortas.
Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.
E até de povos inteiros.
Espero estar certa.

 

10 de maio de 2023

É POSSÍVEL UMA PESSOA SER EX-ATEIA?



Existem muitas pessoas que se declaram ex-ateias e que não sentem que estão mentindo ou inventando quando dizem isso.
Eu acredito totalmente na sinceridade da crença delas de que um dia foram ateias, mas não acredito que realmente tenham sido. Talvez seja apenas uma questão de definição da palavra ateísmo, mas acho que não é só isso.
Na minha opinião, a pessoa se acreditou ateia e apressou-se a se definir como tal quando ainda tinha dúvidas, quando ainda estava aberta a algum tipo de crença mística, quando talvez até sentisse necessidade disso.
Digo sempre que não acredito em ex-ateísmo, mas não quero dizer que a pessoa mente quando se define assim, quero dizer que ela não se deu conta de que nunca foi ateia.
Acho que da mesma forma que uma pessoa pode deixar de crer em Jesus e passar a crer em Buda ou em Alá, outra pessoa pode deixar de crer que é cristã e passar a crer que é ateia. Isso até encontrar outro deus ou outra crença que pareça mais satisfatória, ou voltar à crença anterior com ainda mais entusiasmo.
Para mim, o ateísmo mesmo não admite volta, não há como perder uma crença por falta de evidências e depois aceitar outra crença igualmente sem evidências.
A única maneira de eu deixar de ser ateia, seria deus aparecer aqui, visível e palpável, se mostrando às claras e sem subterfúgios, sem metáforas ou intermediários. E teria que aparecer ao mesmo tempo e da mesma forma para mim e para todo mundo; nunca me bastaria um sonho, um discurso ou delírio que só eu vi e senti; nunca me bastaria um “milagre” ou uma “aparição” por mais que tais eventos pareçam fantásticos e reais; nunca me bastaria ler um ou muitos livros contendo “provas” elaboradas por pessoas que acreditam no que dizem.
Eu só deixaria de ser ateia se tivesse conhecimento claro, prático, empírico da existência de um deus, fosse ele qual fosse. Não existe nenhuma possibilidade de que eu me defina como ex-ateia sem que aconteça exatamente isso que estou descrevendo.
É claro que falo de mim mesma e da maneira como vejo o ateísmo, mas não consigo perceber como sendo realmente ateia uma pessoa que tem dúvidas ou que claramente se definiu ateia porque está com raiva de um determinado deus que não atendeu sua prece.
Uma pessoa que se diz ateia porque tem raiva de deus; uma pessoa que não crê em um ou em uns poucos deuses específicos e em um tipo ou alguns tipos de mitologia e de crendices transcendentes talvez até seja agnóstica, mas não me parece ateia.
Penso em pessoas budistas;
Em pessoas que acreditam em horóscopo;
Pessoas que acreditam em tarô, ou em "energias positivas" que trazem felicidade se você acreditar nelas;
Pessoas que acreditam que "o universo conspira";
Que acreditam em "cura quântica” e outras coisas místicas do tipo;
Pessoas que estão abertas a crenças sem comprovação.
Essas pessoas dificilmente serão ateias.
Acho que a maioria das pessoas desse tipo se dirão ex-ateias assim que encontrarem uma visão de deus que as satisfaça.
E a meu ver, por mais que elas se digam ex-ateias, o fato é que nunca souberam o que é o ateísmo.
Tais pessoas talvez possam ser definida como “ateias passionais”. Algumas delas podem até estar em uma fase do caminho até o ateísmo, mas ainda não são ateias.
Na verdade, acho que muitas pessoas que realmente se tornaram ateias passaram por uma fase intermediária parecida com esse “ateísmo passional”. Eu passei! E nessa época me definia como “Eu não sou ‘de’ nada”.
Para mim, ateísmo é não crer em nenhum tipo de deus ou de transcendência sem provas lógicas e evidentes; é duvidar dos discursos ou histórias contadas por quem claramente se guia pela fé; é questionar sempre os argumentos que chamam de provas mas que não resistem a uma pergunta cética; é saber que o cérebro humano é uma maravilhosa máquina de criar fantasias e fazer com que elas pareçam reais.
E pelo que vejo são um tanto raras as pessoas assim.

9 de maio de 2023

REALEZA



Na pressa da internet a tal coroação já é notícia velha
Mas vou falar assim mesmo
Acho essa coisa de realeza uma tremenda palhaçada
Pra dizer o mínimo
Acho absurdas e ridículas todas as roupas
Os chapéus espalhafatosos
As "cerimônias" com seus gestos forçados e falas ensaiadas
Penso isso não apenas das "realezas"
Mas também das religiões e dos exércitos
Difícil segurar o riso diante da fantasia ridícula
Do papa, dos padres, freiras e bispos
Das fardas, medalhas e "cordinhas" dos exércitos
Difícil não rir dos lençóis dos monges
E daquelas rezas compenetradas
Em que um fica "cheirando" a bunda do outro
Bem levantada!
Quanto mais alta é a patente, o posto, o "cargo"
Mais palhaço parece o "monarca"
O general, o líder, o orador, o "fiel"...
Sempre me espanta e surpreende
o fato de que muitas pessoas
Conseguem se prestar a essas palhaçadas
Sem se sentirem vergonhadas,
Tanto do lado que exibe a fantasia ridícula
Quanto do lado que aplaude o palhaço
Não entendo como conseguem!