16 de maio de 2023

ATEÍSMO ATIVO



Não se salva ninguém com o ateísmo, pelo menos não no sentido religioso de "salvação", mas como professora que sou, acho que vale sempre a pena tentar "salvar" alguém da ignorância, de preferência mostrando o outro, ou os outros lados da questão para que a pessoa tenha condições de escolher, conscientemente o lado, o conceito, a postura que quer tomar.
Sem mais de uma opção não há escolha.
Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.
Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.
Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.
E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.
A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.
Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.
E não se joga fora essa casca assim tão fácil.
A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.
E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!
A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.
Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!
Mas pessoas ateias não são descrentes completas.
Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.
Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.
Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.
O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.
Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.
E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.
Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.
Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.
Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.
Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.
Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".
Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.
Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.
O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.
E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.
Em muitos casos são torturadas e mortas.
Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.
E até de povos inteiros.
Espero estar certa.

 

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