14 de dezembro de 2023

FILOSOFIA EM PRIMEIRA PESSOA



Escolhi viver como não quero porque quero viver para quem quero.

Não tenho nenhum desejo de escapar da morte e vivo o presente, não porque sou sábia e aprendi a viver superando o medo sem me refugiar no passado ou no futuro, mas porque existe alguém com quem escolhi estar e, para isso, vivo o presente enquanto desejo a morte, não com a pressa agônica de uma suicida mas com a esperança calma de uma pessoa que anseia por chegar em casa ao mesmo tempo em que aprecia a paisagem que se descortina pela janela do ônibus, do carro ou do avião em que está voltando de uma longa viagem que teve momentos agradáveis e momentos ruins em proporções variadas.

18 de novembro de 2023

PARA TEÍSTAS INSISTENTES



Como você consegue não perceber que se existisse um deus que criou o ser humano, a "rebeldia" praticada por esses seres humanos seria parte das características (ou defeitos) da criação?
Como você consegue não perceber que o fato de muitas pessoas não admitirem "seguir as regras e leis” estabelecidas pelo seu deus também seriam características (ou defeitos) da criação desse deus, caso ele existisse?
Como você consegue não perceber que cada pessoa maldosa, egoísta, gananciosa, assassina ou simplesmente má que existiu, existe ou existirá nesse mundo seria criação defeituosa (ou o reflexo da maldade) do seu deus criador, caso esse deus existisse?
Não! O ser humano NÃO é especial, ele apenas se acha especial, se acha tão especial que está destruindo o próprio hábitat sem se importar com o futuro porque para ele só ele importa. E isso seria comprovação de mais um defeito da criação, se criação fosse.
O fato é que a maioria das pessoas do planeta acredita na existência de um “Ser Superior”, criador, supervisor e misericordioso, mas esse ser não existe, ou não mantém "a maioria das pessoas que creem nele com vida e vida em abundância", por mais que você diga e se obrigue a acreditar nisso.
Como você consegue dizer que "A respeito das crianças são os pais que têm a obrigação de dar cuidados adequados" quando em uma quantidade imensa de lugares, países e sociedades as mães e os pais fazem tudo por seus filhos e mesmo assim os veem sofrer e morrer por fatores que não têm poder para impedir, como as guerras ou a ganância dos poderosos, ou que sequer têm a ver com o ser humano, como doenças e acidentes naturais?
Como você consegue não perceber que não existe nenhuma "herança divina" quando milhões de pessoas mal conseguem se alimentar e ter um teto decente sobre suas cabeças?
Se para você tudo deu certo, por que isso te impede de perceber que não "dá certo" para muitas pessoas e que, em MUITOS casos não é por falta de esforço, de trabalho, nem de fé?
Olhar para esses fatos foi o que me fez ateia, e não vou pensar na possibilidade de existir um deus bondoso quando em tantos lugares do mundo crianças são torturadas e mortas, enquanto suas mães e seus pais choram em desespero.
Se você consegue, parabéns, eu não sou capaz.
Espero que essa minha fala (totalmente sincera e verdadeira) consiga fazer com que você veja que não tem chance NENHUMA de me convencer da bondade do seu deus assassino de crianças.

3 de outubro de 2023

PERSONALIDADE



Todo tipo de teste de múltipla escolha
Que serve para você saber
Se é uma pessoa assim ou assado,
Sejam os das revistas femininas
Que tendem a ofender
A inteligência das mulheres,
Sejam os que se afirmam
Elaborados por especialistas,
Para a maioria das perguntas
Não tem nenhuma alternativa
Que me serve, me define
Ou com a qual eu concorde.
E quando tem,
Aquela não é a única.
Por isso nunca defini
A minha personalidade.

1 de outubro de 2023

SAUDADE DA INFÂNCIA



Fui criança em tempos bastante antigos e, como mãe e professora, vi infâncias em vários “antigamentes”. Por isso chamo postagens saudosistas da infância de seletivas, desonestas e mentirosas.
Uma delas fala na delícia da infância que tomava água de torneira, esquecendo da infância que não tinha saneamento básico, que era maioria “antigamente” e é realidade para muitas infâncias ainda hoje.
Fico pasma quando vejo postagem de gente que louva as “chineladas” como “educativas”, não entendo como conseguem brincar com algo tão sério. Espancamento nunca foi educação!
Dizem que as crianças colocavam apelidos umas nas outras e ninguém se importava. Quem diz isso está mentindo ou foi uma criança que colocava apelido nas outras e não ligava para o que elas sentiam. Nunca foi divertido, para nenhuma criança, ser chamada de burra, de cabeção, de banana pintada, de “viadinho”, de preta fedorenta. Vi muitas crianças depreciando a si mesmas ou reclamando do próprio nome por causa dos apelidos e da “zoação”.
Crianças e adolescentes paravam de estudar porque acabavam acreditando nas pessoas que as chamavam de burras, ou porque cansaram de ser saco de pancada de todo mundo sem que as pessoas adultas enxergassem.
Sei que ainda acontece isso, mas acontece menos porque graças às campanhas de inclusão tem menos gente conivente e porque, felizmente, homofobia é crime.
Alguém já reparou que os elogios à infância de antigamente em geral selecionam brincadeiras masculinas? Na “infância de antigamente”, os meninos brincavam na rua e as meninas no quintal de casa, e se uma menina se atrevesse a brincar com os meninos ficava logo "mal falada". Como criança levei surra de cinta por conversar com um menino, e como professora mais de uma vez tive que chamar atenção da sala porque estavam “zoando” com uma menina por jogar futebol.
Ninguém em sã consciência e com um senso razoável deveria dizer, sobre nenhum aspecto, que "antigamente era melhor". Para que essa afirmação faça qualquer sentido é preciso especificar muito bem o "melhor" e, principalmente, onde e para quem.

2 de setembro de 2023

LEMBRANÇAS DE MINHAS AVÓS



Perguntaram de minhas avós
Comecei a lembrar delas
E como acontece sempre
Lamentei não saber mais

Minha avó paterna se chamava
Maria Esperança Morato
Uma espanhola de expressão séria
Que sempre parecia brava
Mas eu sentia
Que tinha alguma coisa
De muito doce nela
Nunca conheci ninguém
Que roncasse tão alto
Ela não se casou por amor
E no dia do casamento
A caminho da igreja
Numa espécie de procissão
Em que ia o casal
Familiares e convidados
Passavam pelo cemitério
E ela disse ao quase marido
“Eu preferia estar indo para lá
Dentro de um caixão”
Não sei se nesse momento
Pela surpresa da declaração
Ou em outro trecho do caminho
Meu futuro avô espirrou
E ela disse: “Mariarosetaogue”
(Era assim que eu, criança, ouvia)
Minha mãe traduzia como
“Maria José te afogue”
Eu ainda era criança
Quando meu avô morreu
Depois de sofrer muito tempo
Com um câncer terrível
Ela cuidou dele até o fim
Sem ajuda e sem reclamar
Eu sempre ouvia alguém dizer
Que minha avó viveria muito tempo
Porque “A Esperança
É a última que morre”

Minha avó materna
Se chamava Lourença Caldeira
Fazia o melhor curau do mundo
E todo legume que ela cozinhava
(chuchu, abobrinha, berinjela, etc.)
Tinha ovo mexido no meio
Que ela quebrava e misturava
Quando estava quase cozido
Ficava muito bom!
Como tinha irmãs mais novas
Ela não ficava em casa lavando
Limpando e cozinhando
Como era comum às mulheres
Desde muito nova
Ia à roça com o pai e os irmãos
Onde trabalhava “de sol a sol”
Plantando capinando colhendo
Quando já estava moça
Se apaixonou por um rapaz
Que a pediu em casamento
Mas o pai dela disse
Que ela não podia se casar
Antes da irmã mais velha
Então o rapaz de quem ela gostava
Casou-se com a irmã dela
Não sei quanto tempo depois
Apareceu o meu avô
E ela se casou com ele
Meu avô parece que também
Não era um rapaz comum
Daquela época
Porque quando se casou
Minha avó não sabia
“nem ferver água” como se dizia
E meu avô sabia até costurar
E ensinou tudo a ela
Não sei se minha avó e meu avô
Se amavam quando se casaram
O que sei é que quando ela morreu
Ele se recusou a continuar vivendo
Deixou-se definhar
E poucos meses depois
Morreu também

Essas são minhas lembranças
Que nem sei se estão certas
Provavelmente não

19 de agosto de 2023

O VAZIO DA MÁQUINA



(título roubado do livro de André Cancian, livro que não tem muito a ver com esse texto, mas que li e recomendo muito)

Acho que, por ter lido livros como Anna Karenina, Guerra e Paz e Em busca do tempo perdido e visto séries como The Bridgerton, mais de uma vez me peguei pensando no vazio das pessoas, no exibicionismo absurdo dos títulos de nobreza, na falsidade e futilidade das relações sociais que vi e li nessas obras e comparando com a realidade que a história nos mostra a respeito daquelas e de outras épocas antigas, ou nem tão antigas assim.
Épocas antigas são tantas vezes romantizadas em livros, filmes, séries, textos e comentários! Talvez com algumas dessas obras mais superficiais e menos críticas em mente do que com um mínimo de conhecimento histórico, muitas pessoas usam uma espécie de “saudosismo do imaginário” para tecer críticas a aspectos relacionados aos “dias de hoje”, e à “sociedade atual”.
Principalmente nas redes sociais, é visível que as pessoas que fazem tais críticas, e muitas que as leem, julgam válido o uso desse tipo de saudosismo falsificado como justificativa e comprovação da “verdade” e “profundidade” de suas críticas, que se tornariam muito pertinentes, corretas e graves.
Tais críticas em geral destacam que houve um crescimento terrivelmente anormal e danoso – e até o surgimento - de “relações danosas e erradas”, “juventude perdida” e outras “falhas” que chegaram até nós com o tempo, os avanços tecnológicos e, segundo muitas pessoas, os “retrocessos morais” que temos agora.
Pensando no que li (e em certa medida no que vi e vivi) a respeito “daqueles tempos saudosos”, acho muito difícil concordar com a imensa maioria das análises, levantamentos, críticas e repúdios aos “dias de hoje” que encontro por aí.
O que sempre vejo é uma mistura de memória seletiva que nem mesmo parece ser involuntária com o apagamento nada honesto de aspectos negativos, e até mesmo terríveis, dessa “saudosa” época ideal invocada.
O mais grave, para mim, é o cuidado com que tantas pessoas que viveram ou estudaram os “tempos antigos” que estão romantizando ignoram aspectos negativos e diferenças de todo tipo, fazendo uma seleção e um recorte para listar “maravilhas” inexistentes ou presentes apenas em alguma medida e em uma parte muito pequena de um grupo bastante restrito.
Um exemplo é a “infância livre e feliz” das crianças brancas do sexo masculino das famílias bem estruturadas das classes médias altas nas cidades dos países mais ricos ou “em desenvolvimento”; outro exemplo são as “possibilidades de ascensão social” existentes para os homens brancos das famílias bem estruturadas das classes médias altas com acesso à educação de qualidade nas cidades dos países mais ricos ou “em desenvolvimento”.
Chego a me sentir muito triste ao ver tanta gente propagando, e tanta gente acreditando e reproduzindo, essa mentira tão óbvia de que realmente existiu um tempo em que as pessoas eram felizes porque não havia celular, computador, televisão, feminismo, greve, luta por direitos, paradas LGBTQIA+, ECA... entre outros “vilões” da nossa “pobre” modernidade.

PROVA DE INEXISTÊNCIA



Eu acho que se pode provar a inexistência de deus.
Apenas, a meu ver, antes disso, temos que definir a inexistência de qual deus ou de que tipo de deus estamos provando, e qual é o real "peso" da prova que estamos apresentando.
Porque PROVAR mesmo, com total certeza e sem deixar nenhuma margem para dúvida, não podemos.
Não podemos provar nem mesmo nossa própria existência ou a existência de qualquer coisa que percebemos, ou da nossa própria percepção.
E quanto a "deus", essa palavra é plurissignificativa demais para que apenas o uso dela, sem especificar a que nos referimos quando a usamos. Isso deixaria "fora" do nosso discurso e análise, quase certamente, alguma outra (ou outras) definição existente ou possível da palavra "deus".

7 de agosto de 2023

ESCRITO BASEADO EM UM TEXTO CRÍTICO À JUVENTUDE ATUAL



AS TRISTES GERAÇÕES QUE SE ESTRESSAVAM E SE FRUSTRAVAM MAS NÃO SABIAM DISSO

Homens não lavavam suas cuecas, se casavam cedo para a mulher lavar enquanto se consumia sem direito a desejar nada além de ser "do lar". 
As pessoas não buscavam conhecimento porque ele geralmente estava além de suas posses. Também não buscavam espiritualidade, só a religião, porque era tudo que tinham.
Se encantavam com decorações natalinas, quando tinham acesso a isso, e com um ipê florido no meio da avenida ou na roça onde trabalhavam, se houvesse tempo para apreciar. 
A maioria das pessoas não reivindicavam direitos de expressão porque nem sabiam que podiam ter direitos. 
A maioria dos homens não tomavam nenhuma atitude a não ser, em muitos casos, descarregar suas frustrações e problemas espancando esposa e filhos.
Muitos consideravam obrigação seguir os passos dos pais, mesmo quando eles eram péssimos. Julgavam apenas os inferiores e não se atreviam a levantar os olhos para qualquer pessoa que estivesse um pouco acima na escala social.
Eram juízes duros e impiedosos para com os filhos, e principalmente as filhas! Condenavam as mulheres e as crianças a escolhas limitadas e obediência irrestrita. Repetiam muito a máxima de que "Criança não tem querer".
Não choravam pelo cachorro maltratado porque "homem não chora" e mulher "tem mais o que fazer", no tanque ou no fogão. 
Desejavam que o homem considerado inferior fosse esquartejado, escravizado ou morto em uma guerra insana "em nome da pátria".
As pessoas tinham uma compaixão duvidosa, porque ela excluía muita gente e sempre tinha em quem mandar.
Amorosidade dos homens era mínima, porque "mulher é inferior e criança mimada vira maricas, bandido ou puta".
Preciso disso! Tem que ser aquilo!” era coisa que criança que dissesse apanhava de cinta ou correia até quem batia cansar o braço. E haja insatisfação! Infelicidade. Descontentamento. Adoecimento. Depressão... tudo "engolido" e extravasado na violência. 
Algumas vezes, se a violência não bastava, restava o suicídio… de que não se falava porque "é pecado mortal", sem direito a enterro e com a certeza do inferno eterno.
Gerações estragadas. Conformadas. Presas em suas culpas e desculpas. Acomodadas em suas gaiolas de mentiras e tabus. 
Não postavam nada nas redes sociais porque não tinha computador, o único consolo era a confissão para o padre, que acreditavam ter o poder de banhá-los no mar curador; mas não tinha! 
Os jovens não limpavam o lixo na praia com os amigos porque tinham que trabalhar, mas arrumavam a própria cama, quando a tinham, porque se não fizessem apanhavam. 
Em casa, as crianças estampavam medo travestido de respeito, os meninos escondiam sofrimento porque não tinham o direito de chorar diante da dor… a dor de ter que crescer sem poder escolher outro caminho que não o traçado pelos pais… 
E ainda tinham que agradecer e "merecer"!”
Parem de idealizar um passado que nunca existiu!

24 de julho de 2023

COLOCAR-SE EM PRIMEIRO LUGAR



Há tempos ando “comprando briga” na internet por conta de uma louvação ao “Amor próprio” que sempre me pareceu bastante problemática. Tais frases continuam circulando, cheias de compartilhamentos e coraçõezinhos. Sendo essa velhinha chata que sou, às vezes não resisto à tentação de “dar o meu pitaco” correndo o risco de ofender pessoas de quem gosto e com quem tenho muitas coisas em comum. É complicado ter opiniões que contrariam um grande número de pessoas...Recentemente caí na tentação e comentei uma dessas frases. Uma pessoa, discordando do meu comentário, acabou informando que recebeu essa orientação de sua terapeuta. Fiquei realmente preocupada. Essa é a razão desse texto.
Não vejo nada de errado nas pessoas que cuidam da própria saúde e do próprio bem-estar, muito pelo contrário! Acho que cuidar da saúde é uma boa atitude e até uma obrigação. Acho maravilhosas as pessoas que desmontam preconceitos com sua existência, que se envolvem em verdadeiras batalhas contra as opressões de que elas e o grupo ao qual pertencem são vítimas. Gosto de pessoas que se defendem de ataques com inteligência ou com o dedo do meio levantado para as “opiniões” que cagam regras. Acho muito bom que as pessoas procurem atividades que fazem com que elas se sintam bem.
Enfim, não tenho absolutamente nada contra as pessoas que decidem cuidar delas mesmas, isso é o que eu vivo pedindo e desejando que as pessoas que eu amo façam. O problema é que uma frase “motivadora” pode ser apenas uma frase egoísta, e a impressão que tenho é que todos os grandes males da sociedade têm sua raiz no egoísmo.
Afinal, o que é a intolerância religiosa se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque escolhi a religião certa e você escolheu a errada ou nem foi capaz de escolher uma? O que é o racismo se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque a quantidade menor de melanina da minha pele me torna "mais bonita e mais inteligente" do que você? O que é a xenofobia se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque nasci no melhor país (estado, cidade, bairro, vila) do mundo e você nasceu em um "lugar ruim" onde “todas as pessoas são inferiores a mim”?
O que é a miséria se não resultado do descaso de pessoas que esbanjam amor próprio e se colocam em primeiro lugar? De pessoas que têm a certeza de que são ricas, cultas e poderosas porque são superiores às mais pobres? Se acham mais inteligentes, mais "aplicadas" e mais capazes. Para elas, pobres são apenas pessoas "inferiores e fracassadas", em algum nível nem pessoas são. Lembra do “porque eu mereci!”?
Essas pessoas se acham tão superiores que nem cogitam a possibilidade de que tenham recebido uma porção de benefícios a que outras pessoas, que elas consideram inferiores, não tiveram acesso. São exemplos perfeitos de pessoas cheias de amor próprio. Pensando nisso eu pergunto: O que são as frases do tipo “coloque-se em primeiro lugar” se não um incentivo ao mais puro egoísmo?
Prefiro colocar em primeiro lugar o amor, a amizade, o respeito e a empatia. Em primeiro lugar mesmo! Antes de mim. E juro que isso pode ter um efeito de autocuidado em muitos casos maior do que o "Você precisa amar a si mesma antes de amar alguém" ou o “Coloque-se em primeiro lugar” das frases de autoajuda. Deixa eu tentar me exemplificar um pouco melhor.
Quando fico doente, cuido da minha saúde porque amo meu marido e não quero dar trabalho e preocupação a ele. Se tiver um problema muito grande, ou mesmo a impressão de que tenho um problema muito grande, não vou cometer su1cíd1o porque amo minha mãe e não quero fazer com que ela sofra a perda de outra filha. Se estou triste posso encontrar uma pessoa amiga e conversar, falar e ouvir porque essa pessoa também pode ter razões de tristeza e podemos dividir nossas preocupações. Mas nem preciso falar da minha tristeza e das razões dela, posso conversar sobre o dia, lembrar momentos que passamos juntas, contar piadas, ver algumas obras de arte, caminhar por uma rua, comer e beber alguma coisa... Sempre saio melhor desse tipo de encontro, por mais triste que esteja.
Acho que todo mundo já viu exemplos de gente que tinha razões para se sentir mal e que conseguiu superar isso fazendo algo para ajudar outras pessoas. Em sala de aula acontece muito algo parecido. Quantas pessoas já ouvi contando que quando entram na sala de aula deixam os problemas do lado de fora da porta e cuidam de fazer o melhor pelas crianças ou adolescentes que estão diante delas? Quantas vezes eu fiz isso, chegando ao ponto de sair da sala feliz, pronta para encarar a razão da minha tristeza sob outro ponto de vista?
Enfim, nenhuma pessoa precisa ser egoísta para cuidar bem de si mesma e da própria vida, nenhuma pessoa precisa louvar o egoísmo para sentir que cuidar de si mesma é uma coisa boa de se fazer. No dia a dia, basta lembrar que um sorriso, um elogio, um olhar amoroso, uma frase de interesse faz bem às pessoas, principalmente às pessoas que amamos, e que para poder dar esse amor com verdade a gente precisa estar bem.
Esse é meu conselho de “autoajuda”: Cuide-se por amor às pessoas que você ama e que amam você, por respeito às pessoas com quem você convive e por empatia às pessoas que sofrem e que você nem sabe que sofrem nem o tamanho dessa dor. Não se coloque em primeiro lugar! Estar ao lado é bem melhor do que estar na frente.

22 de julho de 2023

TOLERÂNCIA DE RELIGIOSA



Minha mãe é uma senhora semianalfabeta de 84 anos. Ela me contou algumas coisas que aconteceram com ela nos últimos tempos que passamos sem conversar longamente, porque eu moro longe e não a vejo com muita frequência. Dois episódios narrados por ela me comoveram especialmente, vou tentar contar da forma mais fiel possível, destacando as palavras que ela usou para descrever o que aconteceu mais “do jeito dela”.
O primeiro foi em um ônibus. Ela estava sentada ao lado de uma mulher “bem arrumada” quando entrou “um rapazinho com uma mochila nas costas” e ficou parado, em pé, próximo ao banco onde minha mãe estava. Não demorou muito para que a mulher começasse a rir alto e “tirar sarro” do rapazinho só porque ele era “um pouco diferente”. Ela ria alto e “tirava sarro”, “ofendendo muito” o rapazinho, que ficou lá, quieto, sem dizer nada.
A mulher chamou a atenção do motorista e ele também começou a “tirar sarro” do rapazinho, que continuou quieto, só ouvindo as ofensas e as risadas da mulher e do motorista.
Minha mãe se mexeu incomodada, a mulher olhou para ela e, ainda rindo, disse: “A gente precisa se divertir um pouco já que a vida tá tão difícil, não é?”. Minha mãe fez questão de responder bem alto para o motorista e as outras pessoas que estavam ali vendo e ouvindo aquilo sem dizer nada escutarem: “Se fosse um filho ou um neto da senhora, a senhora também sentiria vontade de se divertir tirando sarro dele?”.
A mulher e o motorista não riram mais nem falaram mais nada.

O segundo episódio aconteceu no caminho da igreja. Uma “irmã” com quem ela não tem muito contato “empareou” com ela e começou a falar bem do Bolsonaro. Minha mãe foi andando quieta e deixou a mulher falar durante um bom tempo, até as duas quase chegarem à porta da igreja. Então a mulher disse: “A senhora não acha, irmã?” e minha mãe respondeu: “Não acho não. O Bolsonaro é um homem muito ruim, um homem que só faz maldade. E eu votei no Lula!”.
Eu perguntei: “E ela não brigou com a senhora?”. Minha mãe respondeu: “Não porque a gente já tinha chegado na igreja e eu entrei e fui sentar bem longe dela”.
Minha mãe é uma evangélica das mais fervorosas. Ela vai à igreja todo “santo” dia, e eu tenho muito respeito e sinto uma admiração enorme pela minha mãezinha porque ela consegue conviver com essa mentalidade preconceituosa, intolerante e absurda que tem causado tanto mal ao mundo, principalmente nos últimos anos, sem se deixar atingir.

Por isso, quando pessoas ateias generalizam as pessoas evangélicas como se todas elas fossem burras e intolerantes, penso logo na minha mãezinha, que está muito longe de merecer esse tipo de hostilidade. E tenho certeza de que ela não é a única.

17 de julho de 2023

O ATEÍSMO E A DOR



Como a maioria das pessoas ateias, perdi a conta de quantas vezes me disseram que sou ateia porque sou infeliz e frustrada; que odeio deus porque minha vida é vazia e eu culpo deus por isso; que devo ter feito algum pedido que deus não atendeu e por isso me tornei sua inimiga; que não serei feliz nem um único dia da minha vida se não aceitar deus como verdadeiro... e por aí vai.
Primeiro acho engraçado, respondo que nada disso é verdade e que não odeio deus, apenas não acredito na existência dele. Mas acabo me ofendendo porque a pessoa invariavelmente não acredita em mim e insiste que sou uma infeliz frustrada ou me chama de satanista e sai “voando” como o pombo jogando xadrez. Não adianta nada dizer que o tal satã também é um deus e eu não acredito em deuses.
Para frustração das pessoas que pensam assim, há décadas descobri que eu sou uma tremenda de uma rabuda! Tive mais sorte do que muita gente cheia da grana porque tive e tenho tesouros que valem muito mais do que as maiores fortunas. Eu poderia usar páginas e páginas para relacionar minhas riquezas, mas vou resumi-las em três palavras, com a ressalva de que sobre cada uma delas também poderia escrever páginas e páginas relacionando nomes, fatos, lembranças. Coloco as três palavras em ordem alfabética porque não sou capaz de colocá-las em ordem de importância: Amizade, amor e família.
Dentre essa fortuna, pertencendo ao mesmo tempo às três palavras, tive a incrível sorte de encontrar uma das pessoas mais maravilhosas que já cruzou o meu caminho e de ser amada por ela. Essa pessoa maravilhosa foi minha amiga, minha cunhada e minha irmã muito amada, irmã que não nasceu da mesma mãe nem do mesmo pai mas que não é menos irmã por isso. E essa pessoa que tanto significa para mim, foi embora na última sexta-feira.
Sei que não preciso descrever o que sinto para quem já perdeu uma pessoa amada e que quem já passou por isso sabe que não há como descrever essa dor. Estou escrevendo esse texto para falar do ponto de vista de alguém que não tem o poder de encontrar conforto e consolo em deus ou na fé, como a maioria das pessoas fazem.
Eu choro. Chorei muito e estou chorando agora e sei que isso quem crê também faz quando perde alguém que ama. 
Eu penso nela. Lembro os momentos de amor e de alegria que dividimos, as tantas conversas, os tantos abraços, os tantos sorrisos e até as lágrimas que algumas vezes derramamos juntas e sei que isso quem crê em deus também faz quando perde alguém que ama. Essas são as duas reações à dor da perda, reações comuns à maioria das pessoas, sejam religiosas ou não.
Para consolo eu lembro que não fiquei devendo demonstrações nem palavras de amor e afeto. Faz bem ter a certeza de que ela sabia que eu a amo, que eu a amo muito! Acho que, mesmo entre as pessoas mais religiosas, não são tantas as que têm esse consolo, por isso me atrevo a dar conselho: não tenha receio nem vergonha de demonstrar amor, é um consolo muito grande saber que a pessoa que se foi sabia o quanto era amada. E a minha piquininha sabia!
Agora o consolo que eu tenho e as pessoas religiosas não têm é que eu sei que ela não sente nada; nenhuma dor, nenhuma saudade, nenhum medo, nenhuma dúvida, nenhuma ansiedade. Ela não vai sofrer nem mesmo se e quando alguém que ela amou sofrer. Ela amou muitas pessoas e se estivesse em algum lugar em que pudesse saber o que acontece com as pessoas que amava, ela sofreria por essas pessoas, ela sofreria se acontecesse alguma coisa ruim comigo. É bom saber que aconteça o que acontecer comigo daqui pra frente, ela não vai sofrer por mim.
E o outro grande consolo é saber que ela não será torturada por um julgamento e não corre nenhum risco de ser mandada para um inferno de dor nem para um “paraíso” de tédio. Eu estaria me sentindo muitíssimo pior se, mesmo que por um momento, acreditasse que existe um deus capaz de permitir que pessoas boas sofram e que, ao mesmo tempo, se sente no direito de julgar a minha piquininha.
Eu não digo “Descanse em paz” para ela porque sei que ela já descansou. E é bom saber disso!

29 de junho de 2023

A ÁFRICA NA MINHA PELE



Se sou uma pessoa negra
Tenho a África na minha cor
Tenho a África no meu sangue
Tenho a África na minha dor

Se sou uma pessoa negra
Mesmo sem dela lembrar
Mesmo se nela não penso
Aquela raiz do que sou
Aquela que nem eu vejo
Na África está fundada

Nem é preciso
Que eu sinta orgulho
Não careço disso falar
É mais no fundo
Do que minha alma
Que a África vai estar

Se sou uma pessoa branca
Nem mesmo branca eu sou
Meu orgulho me deu esse nome
Mas a África está no vermelho
Do crime e da vergonha
Que cobre a minha pele
E que não sei disfarçar

O vermelho abrasa meu rosto
Quando olho o povo irmão
Que tem a África na pele
Que foi torturada por mim
Durante séculos e séculos
Sem que eu pedisse perdão

A África está na minha pele
Em forma de consciência
Quando acordo das mentiras
Que eu mesma me contei

Sou uma raça de muitos povos
De muitas cores e muitas lutas
Em uma humanidade só

A minha raça tem que saber
Que a pele de toda cor
É da África que ela vem
Por isso não pode se dizer
Superior a ninguém.

TÔ SÓ PERGUNTANDO



Eu ando muito.
Quase todos os dias saio de casa e ando pelas ruas.
Quase todos os dias passo por muita gente e muita gente passa por mim.
Quase todos os dias vejo muitas dessas pessoas caminhando com o celular na mão, em muitos casos totalmente distraídas, a ponto de bater com a cara em um poste ou cair em um bueiro aberto.
Quase todos os dias me espanto com essas pessoas e quase todos os dias me pergunto por que não acontecem ainda mais roubos de celulares.
Parece tão fácil para uma pessoa que queira, pegar o aparelho e se enfiar entre outras pessoas que caminham distraídas com o celular na mão.
E hoje me ocorreu uma pergunta:
Quantas dessas pessoas que vejo caminhando assim distraídas como em um convite ao roubo postam em seus celulares expostos e convidativos frases, piadas, memes e textos afirmando que mulheres são assediadas e estupradas porque "vivem dando sopa", "usam roupas provocantes", "expõem o corpo como um convite"?
Quantas dessas pessoas postam em seus celulares expostos e convidativos frases, memes e textos pedindo a morte de moleques que roubam celulares enquanto chamam denúncias de assédio e luta contra o feminicídio de mimimi?

28 de junho de 2023

RECUSA



Eu me recuso a aceitar
Que qualquer pessoa ou lei
Por mais "em nome de deus" que seja
Tenha o direito de proibir
Duas pessoas de se amarem!

Eu me recuso a aceitar
Que estupro possa ser justificável
Por qualquer tipo de comportamento
Vestimenta ou brecha na lei!

Eu me recuso a aceitar
Que os animais existem
Apenas para uso e abuso
Dos animais humanos!

Eu me recuso a aceitar
Que sofrimento estupro
Tortura e morte de crianças
Possam ser justificados
Por qualquer tipo de justiça
Por mais “divina” que seja!

Eu me recuso a aceitar
Que uma pessoa
Espancando outra pessoa
Seja em que situação for
Possa ser aceitável
Como definição de esporte!

25 de junho de 2023

MULTIVERSOS



Costumo pensar "viajando" muito... 
E uma das minhas "viagens" é um "espaço" tão infinito quanto os números. Daí haveria um infinito de universos dentro de infinitos universos, dentro de infinitos universos, infinitamente. Ou seja, o nosso universo seria um dos infinitos universos dentro de um dos infinitos elétrons de um universo (mais ou menos como no final do filme Homens de preto, lembra?) e, ao mesmo tempo, haveria um número infinito de elétrons com um número infinito de universos dentro de cada elétron no nosso universo. Consequentemente, haveria um número infinito de universos dentro de mim (de cada corpo animado ou não). Esse seria o multiverso: Infinitos infinitos dentro uns dos outros. 
Louco, né?

14 de junho de 2023

CONTATO



Acho difícil que em outro planeta
Seja onde for dentro desse universo
A vida se desenvolva
De forma muito diferente
Em alguns quesitos

Como a luta pela sobrevivência
Que gera e sofistica a competição

Se os animais humanos
Evoluirmos a ponto
De chegarmos a outro planeta
Onde tenha vida
Eu quase apostaria
Que agiríamos como agimos aqui
Ou como em Avatar

E se nós faríamos assim
Não vejo por que outros povos
De outros planetas
Não fariam igual

Penso que se a forma de vida
Tiver uma aparência diferente
Não humanóide
A chance de tal forma nos ver
Como indignas de qualquer respeito
Ou de nós olharmos assim para ela
Se tornaria bem maior

Imagino uma forma de vida
Que tenha pelos abundantes
Sedosos, resistentes e valiosos
Acho que não pensaríamos duas vezes
Antes de aprisioná-los e tosquiá-los
De matá-los também, claro
Para ver se a carne é boa

Isso tudo antes de tentar descobrir
Se os "balidos" que por ventura emitam
Seria uma linguagem sofisticada

E invertendo o caso
Eles provavelmente nos veriam
Como cupins produtores de venenos
Pensariam que o planeta descoberto
Ficaria melhor sem essa praga
E tratariam de nos eliminar

E seria muito difícil
Racionalmente
Dizer que estariam errados...

12 de junho de 2023

O VERBO NAMORAR



Quer namorar comigo?
A gente se encontra em um passeio
Para namorar livros
Algumas obras de arte
Uma paisagem
Talvez um passarinho atrevido.

Quer me namorar?
Você me olha e me vê
Você me escuta e me ouve
Você caminha ao meu lado
E em troca
Eu também namoro você!

Daí, talvez um dia
Depois de semanas ou meses
Talvez anos ou décadas
A gente se ame pra sempre.

23 de maio de 2023

APOSENTEI O CELULAR



Eu usava bastante o celular
Ia pra escola a pé ouvindo MPB e Rock
Fazia pesquisas nas janelas entre as aulas
Me divertia nas redes sociais
Depois que parei de trabalhar
O uso do aparelhinho diminuiu muito
O telefone ficava tocando toda hora
A cada 50 vezes, 49 ou mais era telemarketing
Ou sei a merda que a gente atende e fica mudo
Isso me irritava muito!
Estava cuidando da minha vidinha
E tinha que ficar parando toda hora
Pra atender telefonema inútil
Ouvia aquele barulhinho de mensagem
E na maioria das vezes era a operadora
Me oferecendo alguma coisa que não quero
Ou o banco oferecendo empréstimo
Que não posso pagar
Calei o telefone pra sempre!
Deixo no mute ao lado da televisão
E dou uma olhada no Zap
Uma vez por dia ou menos 
É TÃO bom viver sem barulhos irritantes!

16 de maio de 2023

ATEÍSMO ATIVO



Não se salva ninguém com o ateísmo, pelo menos não no sentido religioso de "salvação", mas como professora que sou, acho que vale sempre a pena tentar "salvar" alguém da ignorância, de preferência mostrando o outro, ou os outros lados da questão para que a pessoa tenha condições de escolher, conscientemente o lado, o conceito, a postura que quer tomar.
Sem mais de uma opção não há escolha.
Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.
Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.
Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.
E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.
A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.
Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.
E não se joga fora essa casca assim tão fácil.
A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.
E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!
A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.
Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!
Mas pessoas ateias não são descrentes completas.
Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.
Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.
Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.
O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.
Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.
E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.
Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.
Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.
Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.
Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.
Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".
Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.
Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.
O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.
E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.
Em muitos casos são torturadas e mortas.
Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.
E até de povos inteiros.
Espero estar certa.

 

10 de maio de 2023

É POSSÍVEL UMA PESSOA SER EX-ATEIA?



Existem muitas pessoas que se declaram ex-ateias e que não sentem que estão mentindo ou inventando quando dizem isso.
Eu acredito totalmente na sinceridade da crença delas de que um dia foram ateias, mas não acredito que realmente tenham sido. Talvez seja apenas uma questão de definição da palavra ateísmo, mas acho que não é só isso.
Na minha opinião, a pessoa se acreditou ateia e apressou-se a se definir como tal quando ainda tinha dúvidas, quando ainda estava aberta a algum tipo de crença mística, quando talvez até sentisse necessidade disso.
Digo sempre que não acredito em ex-ateísmo, mas não quero dizer que a pessoa mente quando se define assim, quero dizer que ela não se deu conta de que nunca foi ateia.
Acho que da mesma forma que uma pessoa pode deixar de crer em Jesus e passar a crer em Buda ou em Alá, outra pessoa pode deixar de crer que é cristã e passar a crer que é ateia. Isso até encontrar outro deus ou outra crença que pareça mais satisfatória, ou voltar à crença anterior com ainda mais entusiasmo.
Para mim, o ateísmo mesmo não admite volta, não há como perder uma crença por falta de evidências e depois aceitar outra crença igualmente sem evidências.
A única maneira de eu deixar de ser ateia, seria deus aparecer aqui, visível e palpável, se mostrando às claras e sem subterfúgios, sem metáforas ou intermediários. E teria que aparecer ao mesmo tempo e da mesma forma para mim e para todo mundo; nunca me bastaria um sonho, um discurso ou delírio que só eu vi e senti; nunca me bastaria um “milagre” ou uma “aparição” por mais que tais eventos pareçam fantásticos e reais; nunca me bastaria ler um ou muitos livros contendo “provas” elaboradas por pessoas que acreditam no que dizem.
Eu só deixaria de ser ateia se tivesse conhecimento claro, prático, empírico da existência de um deus, fosse ele qual fosse. Não existe nenhuma possibilidade de que eu me defina como ex-ateia sem que aconteça exatamente isso que estou descrevendo.
É claro que falo de mim mesma e da maneira como vejo o ateísmo, mas não consigo perceber como sendo realmente ateia uma pessoa que tem dúvidas ou que claramente se definiu ateia porque está com raiva de um determinado deus que não atendeu sua prece.
Uma pessoa que se diz ateia porque tem raiva de deus; uma pessoa que não crê em um ou em uns poucos deuses específicos e em um tipo ou alguns tipos de mitologia e de crendices transcendentes talvez até seja agnóstica, mas não me parece ateia.
Penso em pessoas budistas;
Em pessoas que acreditam em horóscopo;
Pessoas que acreditam em tarô, ou em "energias positivas" que trazem felicidade se você acreditar nelas;
Pessoas que acreditam que "o universo conspira";
Que acreditam em "cura quântica” e outras coisas místicas do tipo;
Pessoas que estão abertas a crenças sem comprovação.
Essas pessoas dificilmente serão ateias.
Acho que a maioria das pessoas desse tipo se dirão ex-ateias assim que encontrarem uma visão de deus que as satisfaça.
E a meu ver, por mais que elas se digam ex-ateias, o fato é que nunca souberam o que é o ateísmo.
Tais pessoas talvez possam ser definida como “ateias passionais”. Algumas delas podem até estar em uma fase do caminho até o ateísmo, mas ainda não são ateias.
Na verdade, acho que muitas pessoas que realmente se tornaram ateias passaram por uma fase intermediária parecida com esse “ateísmo passional”. Eu passei! E nessa época me definia como “Eu não sou ‘de’ nada”.
Para mim, ateísmo é não crer em nenhum tipo de deus ou de transcendência sem provas lógicas e evidentes; é duvidar dos discursos ou histórias contadas por quem claramente se guia pela fé; é questionar sempre os argumentos que chamam de provas mas que não resistem a uma pergunta cética; é saber que o cérebro humano é uma maravilhosa máquina de criar fantasias e fazer com que elas pareçam reais.
E pelo que vejo são um tanto raras as pessoas assim.

9 de maio de 2023

REALEZA



Na pressa da internet a tal coroação já é notícia velha
Mas vou falar assim mesmo
Acho essa coisa de realeza uma tremenda palhaçada
Pra dizer o mínimo
Acho absurdas e ridículas todas as roupas
Os chapéus espalhafatosos
As "cerimônias" com seus gestos forçados e falas ensaiadas
Penso isso não apenas das "realezas"
Mas também das religiões e dos exércitos
Difícil segurar o riso diante da fantasia ridícula
Do papa, dos padres, freiras e bispos
Das fardas, medalhas e "cordinhas" dos exércitos
Difícil não rir dos lençóis dos monges
E daquelas rezas compenetradas
Em que um fica "cheirando" a bunda do outro
Bem levantada!
Quanto mais alta é a patente, o posto, o "cargo"
Mais palhaço parece o "monarca"
O general, o líder, o orador, o "fiel"...
Sempre me espanta e surpreende
o fato de que muitas pessoas
Conseguem se prestar a essas palhaçadas
Sem se sentirem vergonhadas,
Tanto do lado que exibe a fantasia ridícula
Quanto do lado que aplaude o palhaço
Não entendo como conseguem!

8 de abril de 2023

HOJE OU ONTEM



Muitas vezes te olho e me pergunto
Se eu amo quem estou vendo
Ou a lembrança da pessoa que conheci
No primeiro dia que te olhei e te vi

Talvez eu ame aquela alegria
Por quem me descobri apaixonada
Depois de um feriado na praia...

Passo muito tempo visitando lembranças
Perguntando se é você que eu amo
Ou aquele do gesto, da frase, do sorriso
Do toque, da palavra, do movimento...
Da presença ou da ausência lembrada

Faço essa viagem pela nossa vida
De onde saio cheia de saudades
Mas ainda sem resposta

Eu amo esse você que é e está aqui
Sorrindo ou sério, pensativo ou distraído
Ou eu amo um você da minha memória?
Memória que sei imprecisa
Que sei falha e manipulável...

Então de repente me pergunto
Se você não tem essas mesmas dúvidas
Se você também acorda lembranças
De uma eu que não existe mais
Que talvez nunca tenha existido

Penso que nós não somos hoje
As mesmas pessoas que fomos
Não somos nem mesmo
As pessoas que vemos agora...

E provavelmente nunca fomos
As pessoas que nossa memória traz
Quando evocamos o nosso passado

Talvez a gente nunca tenha se amado
Porque talvez a gente nunca tenha se conhecido...
Somos um conjunto de presente e passado
A que não temos acesso confiável

Mas mesmo pensando tudo isso
E muito mais!
Mesmo cobrindo de dúvidas a sua imagem
E a saudade do que nem sei se existiu
Eu olho para você agora
E sem acreditar na verdade que sinto
Sem saber se o que sinto é real
Eu sinto que te amo desde muito antes
Dentro da lembrança e da realidade
No passado e no presente
Só não sei por que nem como

Sei que te amo porque sinto que te amo
Não porque acredito te amar.

30 de março de 2023

APOIO, MAS CRITICO



Nunca apoiei o golpe contra a presidenta eleita.
Nunca “engoli” a conversa do marreco
Quando se fez de isento e armou pro Lula.
Fui contra a prisão porque achei suspeita.
Percebi logo que tudo que aconteceu
Foi pura armação e ódio seletivo
Criado por uma mídia e uma quadrilha articulada.
Considerava o bozobosta um ser asqueroso
Desde antes de o fdp ser candidato.
Em 2018 votei contra ele nos dois turnos.
E votei no Lula contra o genocida em 2022,
Nos dois turnos de novo!
Não me arrependo e votaria novamente,
Mas não dá pra negar o que é fato:
Lula e o PT passam pano para ditaduras
Quando elas se dizem de esquerda.
Vejo isso como falha dele e de seu partido.
Porque pra mim ditadura é ditadura,
Não tem essa de direita ou esquerda.
Ditador é ditador e merece repúdio.
Sempre!

20 de março de 2023

EU E EU




Nunca fui muito com a minha cara
Essa coisa de amor próprio
Nunca funcionou pra mim
Não gosto do que vejo no espelho
Autoconhecimento pra quê?
Não gosto de me conhecer!
Mas sou obrigada a viver comigo
É a única maneira de viver
Por falta de alternativa
Estabeleci algumas regras
Tem dado mais ou menos certo
Pelo menos até aqui
Evito olhar pra mim no espelho
E quando sou obrigada
(Ou tentada)
Me arrependo ou me recrimino
E tento esquecer do que vi
Pra não passar o dia chateada
Ando comigo pra cima e pra baixo
Sonhando outras vidas
Pra não prestar atenção em mim
Às vezes quase caio

19 de março de 2023

A TODES



O triste é ver gente frequentemente oprimida oprimindo
Gente frequentemente excluída excluindo
Gente frequentemente repudiada repudiando
Gente frequentemente ignorada ignorando...
Ver gente destilando ódio em discursos
Muitas vezes com erros gramaticais, gírias e estrangeirismos
Defendendo a "pureza" e a "sobrevivência" da língua
Como se fossem especialistas renomadas
Como se a única língua aceitável e verdadeira
Estivesse nos mais estudados livros de gramática
Que muitas dessas pessoas nunca abriram
E o mais triste de tudo que posso ver
É que algumas dessas pessoas
Sequer conseguem perceber
Que estão sendo preconceituosas. 🙁

12 de março de 2023

FEMINISMOS



Acho triste ver resistência ao feminismo partindo de mulheres e de pessoas inteligentes e razoáveis.
Com frequência essas pessoas não têm a mesma resistência, por exemplo, a torcidas de futebol ou a religiões.
Nos três casos (e em muitos outros) há grupos de pessoas adeptas a uma ideia mais ampla que, por conta de muitas outras diferenças, formam subgrupos distintos.
Alguns deles extremamente nocivos até mesmo à ideia mais ampla que, em princípio, deveriam defender.
Mas em geral é só (ou com mais intensidade) o feminismo que causa repulsa por ter grupos menos tolerantes (ou intolerantes) com essa nomenclatura.
No meu caso, é um pouco por isso que, embora seja terminantemente contra a postura de algumas feministas, sempre me sinto e me defino como feminista.
E acrescento que sou MUITO feminista.

10 de março de 2023

RADICALISMOS

 


Infelizmente tem uma corrente do feminismo que vem confundindo a luta pela igualdade de direitos com o ódio indiscriminado a todos os homens e, de forma ainda mais injusta e danosa, com a opressão e o preconceito acirrado contra as mulheres trans.
Essa corrente acaba, a meu ver, mostrando uma certa semelhança com a corrente fundamentalista cristã que defende todo repúdio "aos hereges" enquanto toma qualquer crítica que recebe como "cristofobia".
Eu sou feminista, mas essa corrente do feminismo decididamente NÃO me representa!

8 de março de 2023

MENTIRAS OPORTUNAS



Fico encasquetada com certos termos
Que apareceram há não muito tempo
Um deles é "regime análogo à escravidão"
Outro é "injúria racial"

Eu chamo o primeiro de ESCRAVIDÃO
Eu chamo o segundo de RACISMO
Mas parece que não pode
Por quê?
"Questão legal" diriam algumas pessoas
"É que para caracterizar como... precisa..."
Explicariam outras pessoas
Didaticamente apontando
A minha ignorância

Pessoas com diploma de direito
Pessoas com medo de serem processadas
Concordem ou não
Usam os termos "bonitinhos"

Eu diria que o uso dos tais termos "legais"
Eufemismos?
Se deve ao fato de que assim
O crime soa menor
Parece menos grave
(Não sei na opinião de quem)
E "salva a pele" de pessoas escrotas
Que têm dinheiro e poder
Pra pagar por uma defesa "justa"

Dessa forma e nesses "termos"
A pena
Se houver
Será diminuída sensível e consideravelmente

E eu quase apostaria
Que o termo "análogo a escravidão" só existe
Porque quem "dá" emprego dessa forma
É sempre pessoa rica e poderosa
Ou que se acha

Eu quase apostaria
Que o termo "injúria racial" apareceu
Com frequência e insistência
Nos noticiários e manchetes
Depois que o racismo se tornou
Crime inafiançável

Será que não?

6 de março de 2023

PORTUGUÊS "ERRADO"



Acho necessário aceitar que existem "outras línguas" além da gramática normativa, que essas línguas são tão ricas quanto a "norma padrão" e que o adjetivo "errado" não é adequado para elas.
Ao mesmo tempo, entendo que levantar a questão da educação com suas falhas e deficiências é mais do que necessário, que glorificar os falares de pessoas que não tiveram acesso à educação formal sem apontar esses problemas é algo que deve ser criticado e repudiado, da mesma forma que se deve criticar e repudiar a glorificação do trabalho precarizado que a hipocrisia capitalista vem chamando de "empreendedorismo".
Enfim, lembro sempre do que aprendi na faculdade e depois tentei ensinar nas minhas aulas:
A norma padrão deve ser ensinada e aprendida como se ensina e aprende outra língua, nesse caso a língua da classe dominante, a escrita "correta", que tem muito poder social.
Ou seja, ensinar a norma padrão é dar às pessoas uma ferramenta de ascensão econômica e social e aprender essa norma padrão é apossar-se dessa ferramenta e com ela ser capaz de "abrir portas" para um futuro mais promissor.
A pessoa que vem à escola já sabe português, o que ela vem aprender é o "outro português", aquele de que fala Drummond.

7 de fevereiro de 2023

DIZEM QUE ATEÍSMO É ARROGÂNCIA, EU DISCORDO!



Disse Nietzsche (se não me falha a memória), que chamar a Natureza de Deus não passa de um desperdício de palavra.
O Universo já tem um nome, chamá-lo por outro nome não muda em nada o que ele é e tudo que ignoro a seu respeito.
Sei que não é possível descartar totalmente nenhuma possibilidade porque nenhum ser humano tem conhecimento suficiente, por isso estou sempre pronta a mudar de ideia (sobre qualquer coisa!) assim que me apresentarem provas.
Deuses são meras criações humanas, daí que, ao nomear qualquer coisa como "deus", o animal humano está dando a si mesmo a ilusão de que é mais e sabe mais do que a sua insignificância permite.
Para mim, é narcisismo e arrogância acreditar que uma criação da limitada mente humana tem chance de existir e criar um absurdo de imensidão que essa mente sequer consegue imaginar.
Por isso, até prova em contrário, não existem deuses e não existe deus.
Na minha opinião, ateísmo é, acima de tudo, humildade.

27 de janeiro de 2023

COMO MEU ATEÍSMO VÊ A MORTE



Lembro que já fiquei tocada vendo o consolo que a religião dá às pessoas que perdem um ente querido, lembro que cheguei a lamentar não ter esse consolo. Tem coisas que a crença proporciona à pessoa que crê mas estão vedadas às pessoas ateia, e não há nada que possamos fazer porque ateísmo não é escolha, ao contrário do que a maioria das pessoas não ateias pensam.
Para mim, e com relação à perda de alguém e à minha própria morte, o consolo veio quando fui fazer uma endoscopia. 
A médica estava falando comigo e, no que para mim foi o meio de uma frase, ela disse que eu podia me levantar porque o procedimento já tinha terminado.
Foi uma descoberta incrível, quase não consegui pensar sem dizer o que estava pensando e sorrir abraçando a médica: "Então morrer é isso!".
Me dei conta de que durante o tempo que durou a endoscopia eu estive morta, eu não existi, não tive consciência, dor, anseio, dúvidas, tristeza... NADA, absolutamente nada! E soube que se algo assim durar para sempre será maravilhoso! Mil vezes melhor do que qualquer promessa ou ameaça de qualquer religião!
A partir desse dia sinto sim a perda, mas sinto que tenho um consolo maior do que o de qualquer pessoa religiosa.
Tenho o consolo de saber que aquela pessoa querida não vai sofrer nunca mais.
Pensar dessa forma pode não funcionar para todo mundo, mas para mim funcionou bem demais!

3 de janeiro de 2023

DEPOIS DA FESTA



Acho que depois da festa
Vitória na eleição e posse
É hora de começar a questionar
E raciocinar
E olhar
E sentir
E concluir
E principalmente
Retomar a luta
Porque depois de analisar
A única conclusão possível
É que o paraíso propagado durante a festa
Não chegou não
Nem vai chegar
Se pararmos na comemoração
Depois da festa
A luta precisa continuar
Até quando?
Não faço a menor ideia.

2 de janeiro de 2023

COISAS QUE NÃO FAZEM SENTIDO EM DARK



(Isso não é um discurso de hate!)

Eu adoro histórias de ficção, principalmente quando envolvem viagem no tempo. Vi as três temporadas de Dark duas vezes e gostei muito. Mesmo!
Mas não posso deixar de apontar que algumas coisas que são recorrentes na série, para mim, chegam a ser irritantes.
Na verdade a maioria dessas coisas são até comuns em filmes, séries e livros cuja temática envolva algum nível de suspense, mas não deixo de me perguntar se não haveria maneiras menos artificiais de fazer isso.
Ou talvez elas não sejam tão inverossímeis quanto eu penso que são... será?
Porque o comportamento de muitas personagens me parece estranho e artificial demais, em muitos momentos, daí eu digo a mim mesma: “Quem se comportaria dessa forma nessa situação?” e a minha tendência é achar que ninguém agiria da forma que aquela personagem agiu. Será que estou enganada?
Vou tentar ser um pouco mais específica:
Quem tem o hábito de parar, imóvel feito uma estátua “abobada”, em lugar de responder ou exigir resposta em momentos de tensão ou de muito estranhamento? Isso acontece diversas vezes ao longo das três temporadas, e parece que tal comportamento vai se tornando mais inverossímil quanto mais a série avança.
Para citar um dentre muitos exemplos, todas as Martas e todos os Jonas se comportam assim, tanto com seu EU de outra época quanto ela com ele e ele com ela. Ficam um tempão olhando para a cara da outra pessoa (ela mesma ou não) e depois, mais de uma vez, simplesmente fazem o que a pessoa pediu sem ter explicado por quê.
Como eu disse, é só um exemplo. Porque esse comportamento estranho não se limita às personagens Jonas e Marta; acontece com praticamente todas as personagens, acontece até mesmo com grupos de personagens!
E eu pergunto: Quem obedece a uma pessoa só porque ela diz algo do tipo “Vem comigo!” ou “Você não tem escolha”?
Para piorar, quando a personagem recebe uma explicação, na imensa maioria das vezes (se não em todas), essa explicação é insuficiente, duvidosa, inconclusa, ilógica e muitas vezes leva a atitudes perigosas ou assassinas.
Daí, a pessoa simplesmente OBEDECE! Por quê?
Duvido muito que eu tivesse um comportamento sequer parecido com esse. Você teria?