Li vários filósofos e
pensadores e conversei com muitas pessoas que achavam que os princípios
religiosos baseados no cristianismo já estavam, ou em breve estariam,
ultrapassados. Não sei se agora, depois desse retrocesso político e religioso
que lamentavelmente se tornou visível no Brasil e em vários pontos do mundo, ainda
tem muita gente que diga ou pense dessa forma, sei que, embora concordasse com
todos eles quando apontavam as incongruências do cristianismo, nunca concordei com
suas previsões da decadência do cristianismo e da religião no geral. Mas, com e
apesar de minha descrença pessimista, não deixei de pensar que seria muito bom
se eles tivessem razão. É muito comum eu ter uma opinião a respeito de algo e
torcer demais para estar errada.
A razão do meu
pessimismo era e continua sendo que, pelo que tenho visto ao longo dos anos, as
pessoas que se apegam à fé religiosa não buscam coerência, não buscam lógica,
não buscam e não querem raciocinar. Pelo contrário, acho que elas criam
barreiras mentais contra qualquer tipo de racionalização lógica e contra
qualquer tipo de coerência que se possa apresentar quando o assunto é a sua fé.
Eu pensava e ainda penso que são esses princípios cristãos não racionalizados que
norteiam o pensamento e o comportamento da grande maioria da população
ocidental, e que continuaria sendo assim por muito tempo ainda, com mais
tendência para aumento do que para diminuição de adeptos. Infelizmente parece
que eu estava certa.
Diante de toda notícia ruim
que vejo, essa recusa à racionalidade em nome da fé me parece simplesmente
revoltante e, nesse sentido, há muitos anos venho agindo como D. Quixote ao
escrever e publicar meus textos e livros que explicam e comentam meu ateísmo. Mas
estou sendo D. Quixote apenas no sentido de lutar uma batalha perdida, embora não
me sinta lutando e embora tenha consciência dos meus moinhos de vento e não os
esteja confundindo com monstros terríveis, ao contrário de D. Quixote.
Sei, tenho plena
consciência de que não vou conseguir nenhuma sombra de vitória, se é que existe
qualquer coisa que se possa chamar de vitória nessa história toda de, como diz
meu marido, “xingar deus”; sei que não vou conseguir convencer ninguém
e, mais que isso, cada vez mais e mais estou sentindo que não vou sequer fazer
com que as pessoas entendam exatamente o que estou tentando dizer; mas sou
teimosa e tenho em mim algo que não sei o que seja – e, por favor, que ninguém
diga que é deus! - mas que me impulsiona a continuar me expondo. Como disse o
poeta: “Faz escuro mas eu canto.”
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