20 de março de 2022

SEM AVISO



De repente
Numa tarde em São Paulo
Numa madrugada em Tokio
Num dia em que a Terra toda seguia sua rota e sua dança
Com pessoas e bichos e pedras e plantas
Com suas vidas e não-vidas espalhadas por todos os lados
Num dia comum
Em que amores e guerras começavam e terminavam
Nos sentidos mais reais e mais subjetivos
Dos substantivos e dos verbos
Num dia em que pessoas e animais e aviões e navios e carros e ônibus e caminhões e trens...
Circulavam pelas estradas
Pelas trilhas
Pelas vias e rodovias
Pelo céu e pelas águas de todos os países
Pobres e ricos
Dos continentes e das ilhas
Num dia em que plantas e animais
Estranhos e não tão estranhos
Viviam suas vidas de caça e caçadores
De pesca e pescadores
De colheitas e coletores
Sobre as terras e sob as águas
Num dia assim tão comum e tão único
Como todos os dias costumam ser
De repente
Sem aviso e sem previsões
De gente
De búzios
De orixás
De santos
De bolas de cristal ou das cartas
De baralho ou tarô
De repente
Sem uma única premonição
Uma única sensação estranha
Divinatória ou sexto sentido
De gente ou de bicho
Sem que nenhum Jesus voltasse à Terra
Sem que nenhuma corneta anunciasse o Armagedom
A Terra simplesmente
Explodiu

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