10 de outubro de 2024

CONDENADA À LIBERDADE?

Não é sobre Sartre. Não é sequer sobre o que Sartre escreveu ou disse, porque pouco li e nada ouvi do próprio Sartre. É sobre a ideia de que "O homem está condenado à liberdade". Eu sempre me senti incomodada com essa frase, desde a primeira vez e sempre que a ouvia ou lia em algum lugar. Não porque quero "desmontar" Sartre. Não é isso! É que sempre pensei no singular, em mim, na pessoa "condenada à liberdade" e alguma coisa não "encaixava". Mas eu nunca conseguia explicar o porquê desse incômodo. Pelo menos não de forma "filosófica". Mas agora, finalmente, resolvi recusar a angústia e dizer não. Dizer que não sou condenada à liberdade e não sou responsável por toda a humanidade. Eu recuso a angústia porque não sou livre para decidir minha própria vida e não sou livre para tomar decisões pela humildade como um todo. Cheguei a pensar que estar condenada à liberdade pode ser uma ideia válida quando se pensa que quem está condenada não sou eu e sim a humanidade, que nesse caso, tomaria decisões sobre si mesma. Mas nem isso é verdade! São tão poucas as pessoas que têm poder para tomar decisões que afetam muita gente e, mesmo assim, são tantas as variáveis, os imprevistos, os desconhecimentos, as intencionalidades e os acasos que, a meu ver, não dá para jogar tão pesada carga de responsabilidade sobre ninguém. Seja no singular ou no plural. Se os pensamentos e argumentos de Sartre estavam certos, sem ler e entender Sartre fica difícil afirmar, mas que sou livre e angustiada eu posso negar sim.

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