Há tempos ando “comprando briga” na internet por conta de uma louvação ao “Amor próprio” que sempre me pareceu bastante problemática. Tais frases continuam circulando, cheias de compartilhamentos e coraçõezinhos. Sendo essa velhinha chata que sou, às vezes não resisto à tentação de “dar o meu pitaco” correndo o risco de ofender pessoas de quem gosto e com quem tenho muitas coisas em comum. É complicado ter opiniões que contrariam um grande número de pessoas...Recentemente caí na tentação e comentei uma dessas frases. Uma pessoa, discordando do meu comentário, acabou informando que recebeu essa orientação de sua terapeuta. Fiquei realmente preocupada. Essa é a razão desse texto.
Não vejo nada de errado nas pessoas que cuidam da própria saúde e do próprio bem-estar, muito pelo contrário! Acho que cuidar da saúde é uma boa atitude e até uma obrigação. Acho maravilhosas as pessoas que desmontam preconceitos com sua existência, que se envolvem em verdadeiras batalhas contra as opressões de que elas e o grupo ao qual pertencem são vítimas. Gosto de pessoas que se defendem de ataques com inteligência ou com o dedo do meio levantado para as “opiniões” que cagam regras. Acho muito bom que as pessoas procurem atividades que fazem com que elas se sintam bem.
Enfim, não tenho absolutamente nada contra as pessoas que decidem cuidar delas mesmas, isso é o que eu vivo pedindo e desejando que as pessoas que eu amo façam. O problema é que uma frase “motivadora” pode ser apenas uma frase egoísta, e a impressão que tenho é que todos os grandes males da sociedade têm sua raiz no egoísmo.
Afinal, o que é a intolerância religiosa se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque escolhi a religião certa e você escolheu a errada ou nem foi capaz de escolher uma? O que é o racismo se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque a quantidade menor de melanina da minha pele me torna "mais bonita e mais inteligente" do que você? O que é a xenofobia se não a “certeza” de que eu sou superior a você porque nasci no melhor país (estado, cidade, bairro, vila) do mundo e você nasceu em um "lugar ruim" onde “todas as pessoas são inferiores a mim”?
O que é a miséria se não resultado do descaso de pessoas que esbanjam amor próprio e se colocam em primeiro lugar? De pessoas que têm a certeza de que são ricas, cultas e poderosas porque são superiores às mais pobres? Se acham mais inteligentes, mais "aplicadas" e mais capazes. Para elas, pobres são apenas pessoas "inferiores e fracassadas", em algum nível nem pessoas são. Lembra do “porque eu mereci!”?
Essas pessoas se acham tão superiores que nem cogitam a possibilidade de que tenham recebido uma porção de benefícios a que outras pessoas, que elas consideram inferiores, não tiveram acesso. São exemplos perfeitos de pessoas cheias de amor próprio. Pensando nisso eu pergunto: O que são as frases do tipo “coloque-se em primeiro lugar” se não um incentivo ao mais puro egoísmo?
Prefiro colocar em primeiro lugar o amor, a amizade, o respeito e a empatia. Em primeiro lugar mesmo! Antes de mim. E juro que isso pode ter um efeito de autocuidado em muitos casos maior do que o "Você precisa amar a si mesma antes de amar alguém" ou o “Coloque-se em primeiro lugar” das frases de autoajuda. Deixa eu tentar me exemplificar um pouco melhor.
Quando fico doente, cuido da minha saúde porque amo meu marido e não quero dar trabalho e preocupação a ele. Se tiver um problema muito grande, ou mesmo a impressão de que tenho um problema muito grande, não vou cometer su1cíd1o porque amo minha mãe e não quero fazer com que ela sofra a perda de outra filha. Se estou triste posso encontrar uma pessoa amiga e conversar, falar e ouvir porque essa pessoa também pode ter razões de tristeza e podemos dividir nossas preocupações. Mas nem preciso falar da minha tristeza e das razões dela, posso conversar sobre o dia, lembrar momentos que passamos juntas, contar piadas, ver algumas obras de arte, caminhar por uma rua, comer e beber alguma coisa... Sempre saio melhor desse tipo de encontro, por mais triste que esteja.
Acho que todo mundo já viu exemplos de gente que tinha razões para se sentir mal e que conseguiu superar isso fazendo algo para ajudar outras pessoas. Em sala de aula acontece muito algo parecido. Quantas pessoas já ouvi contando que quando entram na sala de aula deixam os problemas do lado de fora da porta e cuidam de fazer o melhor pelas crianças ou adolescentes que estão diante delas? Quantas vezes eu fiz isso, chegando ao ponto de sair da sala feliz, pronta para encarar a razão da minha tristeza sob outro ponto de vista?
Enfim, nenhuma pessoa precisa ser egoísta para cuidar bem de si mesma e da própria vida, nenhuma pessoa precisa louvar o egoísmo para sentir que cuidar de si mesma é uma coisa boa de se fazer. No dia a dia, basta lembrar que um sorriso, um elogio, um olhar amoroso, uma frase de interesse faz bem às pessoas, principalmente às pessoas que amamos, e que para poder dar esse amor com verdade a gente precisa estar bem.
Esse é meu conselho de “autoajuda”: Cuide-se por amor às pessoas que você ama e que amam você, por respeito às pessoas com quem você convive e por empatia às pessoas que sofrem e que você nem sabe que sofrem nem o tamanho dessa dor. Não se coloque em primeiro lugar! Estar ao lado é bem melhor do que estar na frente.
Era adolescente, por vezes gritava com um agudo sorriso: Cadelo meu chinelo? Cadela minha blusa vermelha? Cadela minha caneta nova?... O tempo passou, os cabelos são de neve e a pele de pergaminho. Às vezes grita sem som e sem saudades: Cadela minha vida?
24 de julho de 2023
22 de julho de 2023
TOLERÂNCIA DE RELIGIOSA
Minha mãe é uma senhora semianalfabeta de 84 anos. Ela me contou algumas coisas que aconteceram com ela nos últimos tempos que passamos sem conversar longamente, porque eu moro longe e não a vejo com muita frequência. Dois episódios narrados por ela me comoveram especialmente, vou tentar contar da forma mais fiel possível, destacando as palavras que ela usou para descrever o que aconteceu mais “do jeito dela”.
O primeiro foi em um ônibus. Ela estava sentada ao lado de uma mulher “bem arrumada” quando entrou “um rapazinho com uma mochila nas costas” e ficou parado, em pé, próximo ao banco onde minha mãe estava. Não demorou muito para que a mulher começasse a rir alto e “tirar sarro” do rapazinho só porque ele era “um pouco diferente”. Ela ria alto e “tirava sarro”, “ofendendo muito” o rapazinho, que ficou lá, quieto, sem dizer nada.
A mulher chamou a atenção do motorista e ele também começou a “tirar sarro” do rapazinho, que continuou quieto, só ouvindo as ofensas e as risadas da mulher e do motorista.
Minha mãe se mexeu incomodada, a mulher olhou para ela e, ainda rindo, disse: “A gente precisa se divertir um pouco já que a vida tá tão difícil, não é?”. Minha mãe fez questão de responder bem alto para o motorista e as outras pessoas que estavam ali vendo e ouvindo aquilo sem dizer nada escutarem: “Se fosse um filho ou um neto da senhora, a senhora também sentiria vontade de se divertir tirando sarro dele?”.
A mulher e o motorista não riram mais nem falaram mais nada.
O segundo episódio aconteceu no caminho da igreja. Uma “irmã” com quem ela não tem muito contato “empareou” com ela e começou a falar bem do Bolsonaro. Minha mãe foi andando quieta e deixou a mulher falar durante um bom tempo, até as duas quase chegarem à porta da igreja. Então a mulher disse: “A senhora não acha, irmã?” e minha mãe respondeu: “Não acho não. O Bolsonaro é um homem muito ruim, um homem que só faz maldade. E eu votei no Lula!”.
Eu perguntei: “E ela não brigou com a senhora?”. Minha mãe respondeu: “Não porque a gente já tinha chegado na igreja e eu entrei e fui sentar bem longe dela”.
Minha mãe é uma evangélica das mais fervorosas. Ela vai à igreja todo “santo” dia, e eu tenho muito respeito e sinto uma admiração enorme pela minha mãezinha porque ela consegue conviver com essa mentalidade preconceituosa, intolerante e absurda que tem causado tanto mal ao mundo, principalmente nos últimos anos, sem se deixar atingir.
O primeiro foi em um ônibus. Ela estava sentada ao lado de uma mulher “bem arrumada” quando entrou “um rapazinho com uma mochila nas costas” e ficou parado, em pé, próximo ao banco onde minha mãe estava. Não demorou muito para que a mulher começasse a rir alto e “tirar sarro” do rapazinho só porque ele era “um pouco diferente”. Ela ria alto e “tirava sarro”, “ofendendo muito” o rapazinho, que ficou lá, quieto, sem dizer nada.
A mulher chamou a atenção do motorista e ele também começou a “tirar sarro” do rapazinho, que continuou quieto, só ouvindo as ofensas e as risadas da mulher e do motorista.
Minha mãe se mexeu incomodada, a mulher olhou para ela e, ainda rindo, disse: “A gente precisa se divertir um pouco já que a vida tá tão difícil, não é?”. Minha mãe fez questão de responder bem alto para o motorista e as outras pessoas que estavam ali vendo e ouvindo aquilo sem dizer nada escutarem: “Se fosse um filho ou um neto da senhora, a senhora também sentiria vontade de se divertir tirando sarro dele?”.
A mulher e o motorista não riram mais nem falaram mais nada.
O segundo episódio aconteceu no caminho da igreja. Uma “irmã” com quem ela não tem muito contato “empareou” com ela e começou a falar bem do Bolsonaro. Minha mãe foi andando quieta e deixou a mulher falar durante um bom tempo, até as duas quase chegarem à porta da igreja. Então a mulher disse: “A senhora não acha, irmã?” e minha mãe respondeu: “Não acho não. O Bolsonaro é um homem muito ruim, um homem que só faz maldade. E eu votei no Lula!”.
Eu perguntei: “E ela não brigou com a senhora?”. Minha mãe respondeu: “Não porque a gente já tinha chegado na igreja e eu entrei e fui sentar bem longe dela”.
Minha mãe é uma evangélica das mais fervorosas. Ela vai à igreja todo “santo” dia, e eu tenho muito respeito e sinto uma admiração enorme pela minha mãezinha porque ela consegue conviver com essa mentalidade preconceituosa, intolerante e absurda que tem causado tanto mal ao mundo, principalmente nos últimos anos, sem se deixar atingir.
Por isso, quando pessoas ateias generalizam as pessoas evangélicas como se todas elas fossem burras e intolerantes, penso logo na minha mãezinha, que está muito longe de merecer esse tipo de hostilidade. E tenho certeza de que ela não é a única.
17 de julho de 2023
O ATEÍSMO E A DOR
Como a maioria das pessoas ateias, perdi a conta de quantas vezes me disseram que sou ateia porque sou infeliz e frustrada; que odeio deus porque minha vida é vazia e eu culpo deus por isso; que devo ter feito algum pedido que deus não atendeu e por isso me tornei sua inimiga; que não serei feliz nem um único dia da minha vida se não aceitar deus como verdadeiro... e por aí vai.
Primeiro acho engraçado, respondo que nada disso é verdade e que não odeio deus, apenas não acredito na existência dele. Mas acabo me ofendendo porque a pessoa invariavelmente não acredita em mim e insiste que sou uma infeliz frustrada ou me chama de satanista e sai “voando” como o pombo jogando xadrez. Não adianta nada dizer que o tal satã também é um deus e eu não acredito em deuses.
Para frustração das pessoas que pensam assim, há décadas descobri que eu sou uma tremenda de uma rabuda! Tive mais sorte do que muita gente cheia da grana porque tive e tenho tesouros que valem muito mais do que as maiores fortunas. Eu poderia usar páginas e páginas para relacionar minhas riquezas, mas vou resumi-las em três palavras, com a ressalva de que sobre cada uma delas também poderia escrever páginas e páginas relacionando nomes, fatos, lembranças. Coloco as três palavras em ordem alfabética porque não sou capaz de colocá-las em ordem de importância: Amizade, amor e família.
Dentre essa fortuna, pertencendo ao mesmo tempo às três palavras, tive a incrível sorte de encontrar uma das pessoas mais maravilhosas que já cruzou o meu caminho e de ser amada por ela. Essa pessoa maravilhosa foi minha amiga, minha cunhada e minha irmã muito amada, irmã que não nasceu da mesma mãe nem do mesmo pai mas que não é menos irmã por isso. E essa pessoa que tanto significa para mim, foi embora na última sexta-feira.
Sei que não preciso descrever o que sinto para quem já perdeu uma pessoa amada e que quem já passou por isso sabe que não há como descrever essa dor. Estou escrevendo esse texto para falar do ponto de vista de alguém que não tem o poder de encontrar conforto e consolo em deus ou na fé, como a maioria das pessoas fazem.
Eu choro. Chorei muito e estou chorando agora e sei que isso quem crê também faz quando perde alguém que ama.
Primeiro acho engraçado, respondo que nada disso é verdade e que não odeio deus, apenas não acredito na existência dele. Mas acabo me ofendendo porque a pessoa invariavelmente não acredita em mim e insiste que sou uma infeliz frustrada ou me chama de satanista e sai “voando” como o pombo jogando xadrez. Não adianta nada dizer que o tal satã também é um deus e eu não acredito em deuses.
Para frustração das pessoas que pensam assim, há décadas descobri que eu sou uma tremenda de uma rabuda! Tive mais sorte do que muita gente cheia da grana porque tive e tenho tesouros que valem muito mais do que as maiores fortunas. Eu poderia usar páginas e páginas para relacionar minhas riquezas, mas vou resumi-las em três palavras, com a ressalva de que sobre cada uma delas também poderia escrever páginas e páginas relacionando nomes, fatos, lembranças. Coloco as três palavras em ordem alfabética porque não sou capaz de colocá-las em ordem de importância: Amizade, amor e família.
Dentre essa fortuna, pertencendo ao mesmo tempo às três palavras, tive a incrível sorte de encontrar uma das pessoas mais maravilhosas que já cruzou o meu caminho e de ser amada por ela. Essa pessoa maravilhosa foi minha amiga, minha cunhada e minha irmã muito amada, irmã que não nasceu da mesma mãe nem do mesmo pai mas que não é menos irmã por isso. E essa pessoa que tanto significa para mim, foi embora na última sexta-feira.
Sei que não preciso descrever o que sinto para quem já perdeu uma pessoa amada e que quem já passou por isso sabe que não há como descrever essa dor. Estou escrevendo esse texto para falar do ponto de vista de alguém que não tem o poder de encontrar conforto e consolo em deus ou na fé, como a maioria das pessoas fazem.
Eu choro. Chorei muito e estou chorando agora e sei que isso quem crê também faz quando perde alguém que ama.
Eu penso nela. Lembro os momentos de amor e de alegria que dividimos, as tantas conversas, os tantos abraços, os tantos sorrisos e até as lágrimas que algumas vezes derramamos juntas e sei que isso quem crê em deus também faz quando perde alguém que ama. Essas são as duas reações à dor da perda, reações comuns à maioria das pessoas, sejam religiosas ou não.
Para consolo eu lembro que não fiquei devendo demonstrações nem palavras de amor e afeto. Faz bem ter a certeza de que ela sabia que eu a amo, que eu a amo muito! Acho que, mesmo entre as pessoas mais religiosas, não são tantas as que têm esse consolo, por isso me atrevo a dar conselho: não tenha receio nem vergonha de demonstrar amor, é um consolo muito grande saber que a pessoa que se foi sabia o quanto era amada. E a minha piquininha sabia!
Agora o consolo que eu tenho e as pessoas religiosas não têm é que eu sei que ela não sente nada; nenhuma dor, nenhuma saudade, nenhum medo, nenhuma dúvida, nenhuma ansiedade. Ela não vai sofrer nem mesmo se e quando alguém que ela amou sofrer. Ela amou muitas pessoas e se estivesse em algum lugar em que pudesse saber o que acontece com as pessoas que amava, ela sofreria por essas pessoas, ela sofreria se acontecesse alguma coisa ruim comigo. É bom saber que aconteça o que acontecer comigo daqui pra frente, ela não vai sofrer por mim.
E o outro grande consolo é saber que ela não será torturada por um julgamento e não corre nenhum risco de ser mandada para um inferno de dor nem para um “paraíso” de tédio. Eu estaria me sentindo muitíssimo pior se, mesmo que por um momento, acreditasse que existe um deus capaz de permitir que pessoas boas sofram e que, ao mesmo tempo, se sente no direito de julgar a minha piquininha.
Eu não digo “Descanse em paz” para ela porque sei que ela já descansou. E é bom saber disso!
Para consolo eu lembro que não fiquei devendo demonstrações nem palavras de amor e afeto. Faz bem ter a certeza de que ela sabia que eu a amo, que eu a amo muito! Acho que, mesmo entre as pessoas mais religiosas, não são tantas as que têm esse consolo, por isso me atrevo a dar conselho: não tenha receio nem vergonha de demonstrar amor, é um consolo muito grande saber que a pessoa que se foi sabia o quanto era amada. E a minha piquininha sabia!
Agora o consolo que eu tenho e as pessoas religiosas não têm é que eu sei que ela não sente nada; nenhuma dor, nenhuma saudade, nenhum medo, nenhuma dúvida, nenhuma ansiedade. Ela não vai sofrer nem mesmo se e quando alguém que ela amou sofrer. Ela amou muitas pessoas e se estivesse em algum lugar em que pudesse saber o que acontece com as pessoas que amava, ela sofreria por essas pessoas, ela sofreria se acontecesse alguma coisa ruim comigo. É bom saber que aconteça o que acontecer comigo daqui pra frente, ela não vai sofrer por mim.
E o outro grande consolo é saber que ela não será torturada por um julgamento e não corre nenhum risco de ser mandada para um inferno de dor nem para um “paraíso” de tédio. Eu estaria me sentindo muitíssimo pior se, mesmo que por um momento, acreditasse que existe um deus capaz de permitir que pessoas boas sofram e que, ao mesmo tempo, se sente no direito de julgar a minha piquininha.
Eu não digo “Descanse em paz” para ela porque sei que ela já descansou. E é bom saber disso!
29 de junho de 2023
A ÁFRICA NA MINHA PELE
Se sou uma pessoa negra
Tenho a África na minha cor
Tenho a África no meu sangue
Tenho a África na minha dor
Se sou uma pessoa negra
Mesmo sem dela lembrar
Mesmo se nela não penso
Aquela raiz do que sou
Aquela que nem eu vejo
Na África está fundada
Nem é preciso
Que eu sinta orgulho
Não careço disso falar
É mais no fundo
Do que minha alma
Que a África vai estar
Se sou uma pessoa branca
Nem mesmo branca eu sou
Meu orgulho me deu esse nome
Mas a África está no vermelho
Do crime e da vergonha
Que cobre a minha pele
E que não sei disfarçar
O vermelho abrasa meu rosto
Quando olho o povo irmão
Que tem a África na pele
Que foi torturada por mim
Durante séculos e séculos
Sem que eu pedisse perdão
A África está na minha pele
Em forma de consciência
Quando acordo das mentiras
Que eu mesma me contei
Sou uma raça de muitos povos
De muitas cores e muitas lutas
Em uma humanidade só
A minha raça tem que saber
Que a pele de toda cor
É da África que ela vem
Por isso não pode se dizer
Superior a ninguém.
Tenho a África na minha cor
Tenho a África no meu sangue
Tenho a África na minha dor
Se sou uma pessoa negra
Mesmo sem dela lembrar
Mesmo se nela não penso
Aquela raiz do que sou
Aquela que nem eu vejo
Na África está fundada
Nem é preciso
Que eu sinta orgulho
Não careço disso falar
É mais no fundo
Do que minha alma
Que a África vai estar
Se sou uma pessoa branca
Nem mesmo branca eu sou
Meu orgulho me deu esse nome
Mas a África está no vermelho
Do crime e da vergonha
Que cobre a minha pele
E que não sei disfarçar
O vermelho abrasa meu rosto
Quando olho o povo irmão
Que tem a África na pele
Que foi torturada por mim
Durante séculos e séculos
Sem que eu pedisse perdão
A África está na minha pele
Em forma de consciência
Quando acordo das mentiras
Que eu mesma me contei
Sou uma raça de muitos povos
De muitas cores e muitas lutas
Em uma humanidade só
A minha raça tem que saber
Que a pele de toda cor
É da África que ela vem
Por isso não pode se dizer
Superior a ninguém.
TÔ SÓ PERGUNTANDO
Eu ando muito.
Quase todos os dias saio de casa e ando pelas ruas.
Quase todos os dias passo por muita gente e muita gente passa por mim.
Quase todos os dias vejo muitas dessas pessoas caminhando com o celular na mão, em muitos casos totalmente distraídas, a ponto de bater com a cara em um poste ou cair em um bueiro aberto.
Quase todos os dias me espanto com essas pessoas e quase todos os dias me pergunto por que não acontecem ainda mais roubos de celulares.
Parece tão fácil para uma pessoa que queira, pegar o aparelho e se enfiar entre outras pessoas que caminham distraídas com o celular na mão.
E hoje me ocorreu uma pergunta:
Quantas dessas pessoas que vejo caminhando assim distraídas como em um convite ao roubo postam em seus celulares expostos e convidativos frases, piadas, memes e textos afirmando que mulheres são assediadas e estupradas porque "vivem dando sopa", "usam roupas provocantes", "expõem o corpo como um convite"?
Quantas dessas pessoas postam em seus celulares expostos e convidativos frases, memes e textos pedindo a morte de moleques que roubam celulares enquanto chamam denúncias de assédio e luta contra o feminicídio de mimimi?
Quase todos os dias saio de casa e ando pelas ruas.
Quase todos os dias passo por muita gente e muita gente passa por mim.
Quase todos os dias vejo muitas dessas pessoas caminhando com o celular na mão, em muitos casos totalmente distraídas, a ponto de bater com a cara em um poste ou cair em um bueiro aberto.
Quase todos os dias me espanto com essas pessoas e quase todos os dias me pergunto por que não acontecem ainda mais roubos de celulares.
Parece tão fácil para uma pessoa que queira, pegar o aparelho e se enfiar entre outras pessoas que caminham distraídas com o celular na mão.
E hoje me ocorreu uma pergunta:
Quantas dessas pessoas que vejo caminhando assim distraídas como em um convite ao roubo postam em seus celulares expostos e convidativos frases, piadas, memes e textos afirmando que mulheres são assediadas e estupradas porque "vivem dando sopa", "usam roupas provocantes", "expõem o corpo como um convite"?
Quantas dessas pessoas postam em seus celulares expostos e convidativos frases, memes e textos pedindo a morte de moleques que roubam celulares enquanto chamam denúncias de assédio e luta contra o feminicídio de mimimi?
28 de junho de 2023
RECUSA
Eu me recuso a aceitar
Que qualquer pessoa ou lei
Por mais "em nome de deus" que seja
Tenha o direito de proibir
Duas pessoas de se amarem!
Eu me recuso a aceitar
Que estupro possa ser justificável
Por qualquer tipo de comportamento
Vestimenta ou brecha na lei!
Eu me recuso a aceitar
Que os animais existem
Apenas para uso e abuso
Dos animais humanos!
Eu me recuso a aceitar
Que sofrimento estupro
Tortura e morte de crianças
Possam ser justificados
Por qualquer tipo de justiça
Por mais “divina” que seja!
Eu me recuso a aceitar
Que uma pessoa
Espancando outra pessoa
Seja em que situação for
Possa ser aceitável
Como definição de esporte!
Que qualquer pessoa ou lei
Por mais "em nome de deus" que seja
Tenha o direito de proibir
Duas pessoas de se amarem!
Eu me recuso a aceitar
Que estupro possa ser justificável
Por qualquer tipo de comportamento
Vestimenta ou brecha na lei!
Eu me recuso a aceitar
Que os animais existem
Apenas para uso e abuso
Dos animais humanos!
Eu me recuso a aceitar
Que sofrimento estupro
Tortura e morte de crianças
Possam ser justificados
Por qualquer tipo de justiça
Por mais “divina” que seja!
Eu me recuso a aceitar
Que uma pessoa
Espancando outra pessoa
Seja em que situação for
Possa ser aceitável
Como definição de esporte!
25 de junho de 2023
MULTIVERSOS
Costumo pensar "viajando" muito...
E uma das minhas "viagens" é um "espaço" tão infinito quanto os números. Daí haveria um infinito de universos dentro de infinitos universos, dentro de infinitos universos, infinitamente. Ou seja, o nosso universo seria um dos infinitos universos dentro de um dos infinitos elétrons de um universo (mais ou menos como no final do filme Homens de preto, lembra?) e, ao mesmo tempo, haveria um número infinito de elétrons com um número infinito de universos dentro de cada elétron no nosso universo. Consequentemente, haveria um número infinito de universos dentro de mim (de cada corpo animado ou não). Esse seria o multiverso: Infinitos infinitos dentro uns dos outros.
Louco, né?
14 de junho de 2023
CONTATO
Acho difícil que em outro planeta
Seja onde for dentro desse universo
A vida se desenvolva
De forma muito diferente
Em alguns quesitos
Como a luta pela sobrevivência
Que gera e sofistica a competição
Se os animais humanos
Evoluirmos a ponto
De chegarmos a outro planeta
Onde tenha vida
Eu quase apostaria
Que agiríamos como agimos aqui
Ou como em Avatar
E se nós faríamos assim
Não vejo por que outros povos
De outros planetas
Não fariam igual
Penso que se a forma de vida
Tiver uma aparência diferente
Não humanóide
A chance de tal forma nos ver
Como indignas de qualquer respeito
Ou de nós olharmos assim para ela
Se tornaria bem maior
Imagino uma forma de vida
Que tenha pelos abundantes
Sedosos, resistentes e valiosos
Acho que não pensaríamos duas vezes
Antes de aprisioná-los e tosquiá-los
De matá-los também, claro
Para ver se a carne é boa
Isso tudo antes de tentar descobrir
Se os "balidos" que por ventura emitam
Seria uma linguagem sofisticada
E invertendo o caso
Eles provavelmente nos veriam
Como cupins produtores de venenos
Pensariam que o planeta descoberto
Ficaria melhor sem essa praga
E tratariam de nos eliminar
E seria muito difícil
Racionalmente
Dizer que estariam errados...
Seja onde for dentro desse universo
A vida se desenvolva
De forma muito diferente
Em alguns quesitos
Como a luta pela sobrevivência
Que gera e sofistica a competição
Se os animais humanos
Evoluirmos a ponto
De chegarmos a outro planeta
Onde tenha vida
Eu quase apostaria
Que agiríamos como agimos aqui
Ou como em Avatar
E se nós faríamos assim
Não vejo por que outros povos
De outros planetas
Não fariam igual
Penso que se a forma de vida
Tiver uma aparência diferente
Não humanóide
A chance de tal forma nos ver
Como indignas de qualquer respeito
Ou de nós olharmos assim para ela
Se tornaria bem maior
Imagino uma forma de vida
Que tenha pelos abundantes
Sedosos, resistentes e valiosos
Acho que não pensaríamos duas vezes
Antes de aprisioná-los e tosquiá-los
De matá-los também, claro
Para ver se a carne é boa
Isso tudo antes de tentar descobrir
Se os "balidos" que por ventura emitam
Seria uma linguagem sofisticada
E invertendo o caso
Eles provavelmente nos veriam
Como cupins produtores de venenos
Pensariam que o planeta descoberto
Ficaria melhor sem essa praga
E tratariam de nos eliminar
E seria muito difícil
Racionalmente
Dizer que estariam errados...
12 de junho de 2023
O VERBO NAMORAR
Quer namorar comigo?
A gente se encontra em um passeio
Para namorar livros
Algumas obras de arte
Uma paisagem
Talvez um passarinho atrevido.
Quer me namorar?
Você me olha e me vê
Você me escuta e me ouve
Você caminha ao meu lado
E em troca
Eu também namoro você!
Daí, talvez um dia
Depois de semanas ou meses
Talvez anos ou décadas
A gente se ame pra sempre.
Para namorar livros
Algumas obras de arte
Uma paisagem
Talvez um passarinho atrevido.
Quer me namorar?
Você me olha e me vê
Você me escuta e me ouve
Você caminha ao meu lado
E em troca
Eu também namoro você!
Daí, talvez um dia
Depois de semanas ou meses
Talvez anos ou décadas
A gente se ame pra sempre.
23 de maio de 2023
APOSENTEI O CELULAR
Eu usava bastante o celular
Ia pra escola a pé ouvindo MPB e Rock
Fazia pesquisas nas janelas entre as aulas
Me divertia nas redes sociais
Depois que parei de trabalhar
O uso do aparelhinho diminuiu muito
O telefone ficava tocando toda hora
A cada 50 vezes, 49 ou mais era telemarketing
Ou sei a merda que a gente atende e fica mudo
Isso me irritava muito!
Estava cuidando da minha vidinha
E tinha que ficar parando toda hora
Pra atender telefonema inútil
Ouvia aquele barulhinho de mensagem
E na maioria das vezes era a operadora
Me oferecendo alguma coisa que não quero
Ou o banco oferecendo empréstimo
Que não posso pagar
Calei o telefone pra sempre!
Deixo no mute ao lado da televisão
E dou uma olhada no Zap
Uma vez por dia ou menos
Ia pra escola a pé ouvindo MPB e Rock
Fazia pesquisas nas janelas entre as aulas
Me divertia nas redes sociais
Depois que parei de trabalhar
O uso do aparelhinho diminuiu muito
O telefone ficava tocando toda hora
A cada 50 vezes, 49 ou mais era telemarketing
Ou sei a merda que a gente atende e fica mudo
Isso me irritava muito!
Estava cuidando da minha vidinha
E tinha que ficar parando toda hora
Pra atender telefonema inútil
Ouvia aquele barulhinho de mensagem
E na maioria das vezes era a operadora
Me oferecendo alguma coisa que não quero
Ou o banco oferecendo empréstimo
Que não posso pagar
Calei o telefone pra sempre!
Deixo no mute ao lado da televisão
E dou uma olhada no Zap
Uma vez por dia ou menos
É TÃO bom viver sem barulhos irritantes!
16 de maio de 2023
ATEÍSMO ATIVO
Não se salva ninguém com o ateísmo, pelo menos não no sentido religioso de "salvação", mas como professora que sou, acho que vale sempre a pena tentar "salvar" alguém da ignorância, de preferência mostrando o outro, ou os outros lados da questão para que a pessoa tenha condições de escolher, conscientemente o lado, o conceito, a postura que quer tomar.
Sem mais de uma opção não há escolha.
Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.
Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.
Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.
E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.
A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.
Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.
E não se joga fora essa casca assim tão fácil.
A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.
E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!
A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.
Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!
Mas pessoas ateias não são descrentes completas.
Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.
Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.
Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.
O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.
Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.
E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.
Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.
Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.
Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.
Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.
Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".
Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.
Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.
O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.
E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.
Em muitos casos são torturadas e mortas.
Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.
E até de povos inteiros.
Espero estar certa.
Sem mais de uma opção não há escolha.
Acho que mostrar mais possibilidades de escolha é uma função relevante do ateísmo, embora nenhuma pessoa tenha obrigação de se declarar ateia.
Porque o ateísmo não dá retorno, nem pode dar.
Não há leis nem ética ou moral no ateísmo, e eu acho que essa é uma bela lista de motivos que tornam o ateísmo mais interessante, mais libertador.
E dá mais sentido à decisão de me assumir como ateia.
A pessoa ateia não está automaticamente livre da influência das religiões quanto à formação de seus conceitos morais e éticos.
Não poderia ser diferente uma vez que a maioria das pessoas é fruto das religiões, social e historicamente falando.
E não se joga fora essa casca assim tão fácil.
A vantagem, e eu me ufano disso! é que algumas pessoas ateias são "revoltadinhas" natas.
E isso faz de nós um bando de gente "selecionadora" muito porreta!
A gente pega o que quer e joga o resto fora, com direito a mudar de ideia em seguida e quantas vezes der vontade.
Somos maleáveis, não temos prisões sem chaves. E eu AMO isso!
Mas pessoas ateias não são descrentes completas.
Eu, por exemplo, creio em bondade, já vi muitos exemplos então posso crer de forma racional e empírica.
Da mesma forma creio em ética e tento ser ética.
Mesmo sabendo que a ética que cultivo e admiro não bate muito com a moral tacanha e megalomaníaca que as religiões em geral pregam.
O ateísmo é a minha liberdade para dizer isso sem temer, mesmo que seja só por enquanto.
Porque não descarto a possibilidade de um terrivelmente danoso retrocesso na história me obrigar a fingir que creio nessa amontoada de insanidade religiosa para me manter viva.
E principalmente para evitar me sangrar sem anestesia na "mesa" de um novo inquisidor.
Mas não sei se posso me adequar a qualquer cultura e a qualquer realidade só pelo fato de isso ser favorável a mim.
Como sou totalmente a favor do suicídio, acho que se a coisa ficasse realmente muito feia, eu consideraria seriamente a possibilidade de “cair fora”.
Porém, se e sempre que tiver oportunidade, eu farei sim alguma coisa para defender o ateísmo.
Talvez não pelo ateísmo em si, mas pelo direito de as pessoas não acreditarem.
Acho que existe um motivo racional para isso, e o motivo é "engrossar a oposição".
Porque na minha opinião, a oposição é necessária e saudável, e eu sou quase sempre oposição.
Gosto de estar na "ala” da minoria ou da maioria minorizada.
O ateísmo verdadeiro não se ofende facilmente, mas a religião se ofende por “dá cá aquela palha”.
E quando ela se ofende, via de regra pessoas sofrem.
Em muitos casos são torturadas e mortas.
Gosto de pensar que o ateísmo ativo ajuda a evitar essa espécie de "cartel" que dá mais e mais poder à religião para se achar e se impor como "dona da verdade" em prejuízo intelectual, moral e físico de muita gente.
E até de povos inteiros.
Espero estar certa.
10 de maio de 2023
É POSSÍVEL UMA PESSOA SER EX-ATEIA?
Existem muitas pessoas que se declaram ex-ateias e que não sentem que estão mentindo ou inventando quando dizem isso.
Eu acredito totalmente na sinceridade da crença delas de que um dia foram ateias, mas não acredito que realmente tenham sido. Talvez seja apenas uma questão de definição da palavra ateísmo, mas acho que não é só isso.
Na minha opinião, a pessoa se acreditou ateia e apressou-se a se definir como tal quando ainda tinha dúvidas, quando ainda estava aberta a algum tipo de crença mística, quando talvez até sentisse necessidade disso.
Digo sempre que não acredito em ex-ateísmo, mas não quero dizer que a pessoa mente quando se define assim, quero dizer que ela não se deu conta de que nunca foi ateia.
Acho que da mesma forma que uma pessoa pode deixar de crer em Jesus e passar a crer em Buda ou em Alá, outra pessoa pode deixar de crer que é cristã e passar a crer que é ateia. Isso até encontrar outro deus ou outra crença que pareça mais satisfatória, ou voltar à crença anterior com ainda mais entusiasmo.
Para mim, o ateísmo mesmo não admite volta, não há como perder uma crença por falta de evidências e depois aceitar outra crença igualmente sem evidências.
A única maneira de eu deixar de ser ateia, seria deus aparecer aqui, visível e palpável, se mostrando às claras e sem subterfúgios, sem metáforas ou intermediários. E teria que aparecer ao mesmo tempo e da mesma forma para mim e para todo mundo; nunca me bastaria um sonho, um discurso ou delírio que só eu vi e senti; nunca me bastaria um “milagre” ou uma “aparição” por mais que tais eventos pareçam fantásticos e reais; nunca me bastaria ler um ou muitos livros contendo “provas” elaboradas por pessoas que acreditam no que dizem.
Eu só deixaria de ser ateia se tivesse conhecimento claro, prático, empírico da existência de um deus, fosse ele qual fosse. Não existe nenhuma possibilidade de que eu me defina como ex-ateia sem que aconteça exatamente isso que estou descrevendo.
É claro que falo de mim mesma e da maneira como vejo o ateísmo, mas não consigo perceber como sendo realmente ateia uma pessoa que tem dúvidas ou que claramente se definiu ateia porque está com raiva de um determinado deus que não atendeu sua prece.
Uma pessoa que se diz ateia porque tem raiva de deus; uma pessoa que não crê em um ou em uns poucos deuses específicos e em um tipo ou alguns tipos de mitologia e de crendices transcendentes talvez até seja agnóstica, mas não me parece ateia.
Penso em pessoas budistas;
Em pessoas que acreditam em horóscopo;
Pessoas que acreditam em tarô, ou em "energias positivas" que trazem felicidade se você acreditar nelas;
Pessoas que acreditam que "o universo conspira";
Que acreditam em "cura quântica” e outras coisas místicas do tipo;
Pessoas que estão abertas a crenças sem comprovação.
Essas pessoas dificilmente serão ateias.
Acho que a maioria das pessoas desse tipo se dirão ex-ateias assim que encontrarem uma visão de deus que as satisfaça.
E a meu ver, por mais que elas se digam ex-ateias, o fato é que nunca souberam o que é o ateísmo.
Tais pessoas talvez possam ser definida como “ateias passionais”. Algumas delas podem até estar em uma fase do caminho até o ateísmo, mas ainda não são ateias.
Na verdade, acho que muitas pessoas que realmente se tornaram ateias passaram por uma fase intermediária parecida com esse “ateísmo passional”. Eu passei! E nessa época me definia como “Eu não sou ‘de’ nada”.
Para mim, ateísmo é não crer em nenhum tipo de deus ou de transcendência sem provas lógicas e evidentes; é duvidar dos discursos ou histórias contadas por quem claramente se guia pela fé; é questionar sempre os argumentos que chamam de provas mas que não resistem a uma pergunta cética; é saber que o cérebro humano é uma maravilhosa máquina de criar fantasias e fazer com que elas pareçam reais.
E pelo que vejo são um tanto raras as pessoas assim.
Eu acredito totalmente na sinceridade da crença delas de que um dia foram ateias, mas não acredito que realmente tenham sido. Talvez seja apenas uma questão de definição da palavra ateísmo, mas acho que não é só isso.
Na minha opinião, a pessoa se acreditou ateia e apressou-se a se definir como tal quando ainda tinha dúvidas, quando ainda estava aberta a algum tipo de crença mística, quando talvez até sentisse necessidade disso.
Digo sempre que não acredito em ex-ateísmo, mas não quero dizer que a pessoa mente quando se define assim, quero dizer que ela não se deu conta de que nunca foi ateia.
Acho que da mesma forma que uma pessoa pode deixar de crer em Jesus e passar a crer em Buda ou em Alá, outra pessoa pode deixar de crer que é cristã e passar a crer que é ateia. Isso até encontrar outro deus ou outra crença que pareça mais satisfatória, ou voltar à crença anterior com ainda mais entusiasmo.
Para mim, o ateísmo mesmo não admite volta, não há como perder uma crença por falta de evidências e depois aceitar outra crença igualmente sem evidências.
A única maneira de eu deixar de ser ateia, seria deus aparecer aqui, visível e palpável, se mostrando às claras e sem subterfúgios, sem metáforas ou intermediários. E teria que aparecer ao mesmo tempo e da mesma forma para mim e para todo mundo; nunca me bastaria um sonho, um discurso ou delírio que só eu vi e senti; nunca me bastaria um “milagre” ou uma “aparição” por mais que tais eventos pareçam fantásticos e reais; nunca me bastaria ler um ou muitos livros contendo “provas” elaboradas por pessoas que acreditam no que dizem.
Eu só deixaria de ser ateia se tivesse conhecimento claro, prático, empírico da existência de um deus, fosse ele qual fosse. Não existe nenhuma possibilidade de que eu me defina como ex-ateia sem que aconteça exatamente isso que estou descrevendo.
É claro que falo de mim mesma e da maneira como vejo o ateísmo, mas não consigo perceber como sendo realmente ateia uma pessoa que tem dúvidas ou que claramente se definiu ateia porque está com raiva de um determinado deus que não atendeu sua prece.
Uma pessoa que se diz ateia porque tem raiva de deus; uma pessoa que não crê em um ou em uns poucos deuses específicos e em um tipo ou alguns tipos de mitologia e de crendices transcendentes talvez até seja agnóstica, mas não me parece ateia.
Penso em pessoas budistas;
Em pessoas que acreditam em horóscopo;
Pessoas que acreditam em tarô, ou em "energias positivas" que trazem felicidade se você acreditar nelas;
Pessoas que acreditam que "o universo conspira";
Que acreditam em "cura quântica” e outras coisas místicas do tipo;
Pessoas que estão abertas a crenças sem comprovação.
Essas pessoas dificilmente serão ateias.
Acho que a maioria das pessoas desse tipo se dirão ex-ateias assim que encontrarem uma visão de deus que as satisfaça.
E a meu ver, por mais que elas se digam ex-ateias, o fato é que nunca souberam o que é o ateísmo.
Tais pessoas talvez possam ser definida como “ateias passionais”. Algumas delas podem até estar em uma fase do caminho até o ateísmo, mas ainda não são ateias.
Na verdade, acho que muitas pessoas que realmente se tornaram ateias passaram por uma fase intermediária parecida com esse “ateísmo passional”. Eu passei! E nessa época me definia como “Eu não sou ‘de’ nada”.
Para mim, ateísmo é não crer em nenhum tipo de deus ou de transcendência sem provas lógicas e evidentes; é duvidar dos discursos ou histórias contadas por quem claramente se guia pela fé; é questionar sempre os argumentos que chamam de provas mas que não resistem a uma pergunta cética; é saber que o cérebro humano é uma maravilhosa máquina de criar fantasias e fazer com que elas pareçam reais.
E pelo que vejo são um tanto raras as pessoas assim.
9 de maio de 2023
REALEZA
Na pressa da internet a tal coroação já é notícia velha
Mas vou falar assim mesmo
Acho essa coisa de realeza uma tremenda palhaçada
Pra dizer o mínimo
Acho absurdas e ridículas todas as roupas
Os chapéus espalhafatosos
As "cerimônias" com seus gestos forçados e falas ensaiadas
Penso isso não apenas das "realezas"
Mas também das religiões e dos exércitos
Difícil segurar o riso diante da fantasia ridícula
Do papa, dos padres, freiras e bispos
Das fardas, medalhas e "cordinhas" dos exércitos
Difícil não rir dos lençóis dos monges
E daquelas rezas compenetradas
Em que um fica "cheirando" a bunda do outro
Bem levantada!
Quanto mais alta é a patente, o posto, o "cargo"
Mais palhaço parece o "monarca"
O general, o líder, o orador, o "fiel"...
Sempre me espanta e surpreende
o fato de que muitas pessoas
Conseguem se prestar a essas palhaçadas
Sem se sentirem vergonhadas,
Tanto do lado que exibe a fantasia ridícula
Quanto do lado que aplaude o palhaço
Não entendo como conseguem!
Acho essa coisa de realeza uma tremenda palhaçada
Pra dizer o mínimo
Acho absurdas e ridículas todas as roupas
Os chapéus espalhafatosos
As "cerimônias" com seus gestos forçados e falas ensaiadas
Penso isso não apenas das "realezas"
Mas também das religiões e dos exércitos
Difícil segurar o riso diante da fantasia ridícula
Do papa, dos padres, freiras e bispos
Das fardas, medalhas e "cordinhas" dos exércitos
Difícil não rir dos lençóis dos monges
E daquelas rezas compenetradas
Em que um fica "cheirando" a bunda do outro
Bem levantada!
Quanto mais alta é a patente, o posto, o "cargo"
Mais palhaço parece o "monarca"
O general, o líder, o orador, o "fiel"...
Sempre me espanta e surpreende
o fato de que muitas pessoas
Conseguem se prestar a essas palhaçadas
Sem se sentirem vergonhadas,
Tanto do lado que exibe a fantasia ridícula
Quanto do lado que aplaude o palhaço
Não entendo como conseguem!
8 de abril de 2023
HOJE OU ONTEM
Muitas vezes te olho e me pergunto
Se eu amo quem estou vendo
Ou a lembrança da pessoa que conheci
No primeiro dia que te olhei e te vi
Talvez eu ame aquela alegria
Por quem me descobri apaixonada
Depois de um feriado na praia...
Passo muito tempo visitando lembranças
Perguntando se é você que eu amo
Ou aquele do gesto, da frase, do sorriso
Do toque, da palavra, do movimento...
Da presença ou da ausência lembrada
Faço essa viagem pela nossa vida
De onde saio cheia de saudades
Mas ainda sem resposta
Eu amo esse você que é e está aqui
Sorrindo ou sério, pensativo ou distraído
Ou eu amo um você da minha memória?
Memória que sei imprecisa
Que sei falha e manipulável...
Então de repente me pergunto
Se você não tem essas mesmas dúvidas
Se você também acorda lembranças
De uma eu que não existe mais
Que talvez nunca tenha existido
Penso que nós não somos hoje
As mesmas pessoas que fomos
Não somos nem mesmo
As pessoas que vemos agora...
E provavelmente nunca fomos
As pessoas que nossa memória traz
Quando evocamos o nosso passado
Talvez a gente nunca tenha se amado
Porque talvez a gente nunca tenha se conhecido...
Somos um conjunto de presente e passado
A que não temos acesso confiável
Mas mesmo pensando tudo isso
E muito mais!
Mesmo cobrindo de dúvidas a sua imagem
E a saudade do que nem sei se existiu
Eu olho para você agora
E sem acreditar na verdade que sinto
Sem saber se o que sinto é real
Eu sinto que te amo desde muito antes
Dentro da lembrança e da realidade
No passado e no presente
Só não sei por que nem como
Sei que te amo porque sinto que te amo
Não porque acredito te amar.
Se eu amo quem estou vendo
Ou a lembrança da pessoa que conheci
No primeiro dia que te olhei e te vi
Talvez eu ame aquela alegria
Por quem me descobri apaixonada
Depois de um feriado na praia...
Passo muito tempo visitando lembranças
Perguntando se é você que eu amo
Ou aquele do gesto, da frase, do sorriso
Do toque, da palavra, do movimento...
Da presença ou da ausência lembrada
Faço essa viagem pela nossa vida
De onde saio cheia de saudades
Mas ainda sem resposta
Eu amo esse você que é e está aqui
Sorrindo ou sério, pensativo ou distraído
Ou eu amo um você da minha memória?
Memória que sei imprecisa
Que sei falha e manipulável...
Então de repente me pergunto
Se você não tem essas mesmas dúvidas
Se você também acorda lembranças
De uma eu que não existe mais
Que talvez nunca tenha existido
Penso que nós não somos hoje
As mesmas pessoas que fomos
Não somos nem mesmo
As pessoas que vemos agora...
E provavelmente nunca fomos
As pessoas que nossa memória traz
Quando evocamos o nosso passado
Talvez a gente nunca tenha se amado
Porque talvez a gente nunca tenha se conhecido...
Somos um conjunto de presente e passado
A que não temos acesso confiável
Mas mesmo pensando tudo isso
E muito mais!
Mesmo cobrindo de dúvidas a sua imagem
E a saudade do que nem sei se existiu
Eu olho para você agora
E sem acreditar na verdade que sinto
Sem saber se o que sinto é real
Eu sinto que te amo desde muito antes
Dentro da lembrança e da realidade
No passado e no presente
Só não sei por que nem como
Sei que te amo porque sinto que te amo
Não porque acredito te amar.
30 de março de 2023
APOIO, MAS CRITICO
Nunca apoiei o golpe contra a presidenta eleita.
Nunca “engoli” a conversa do marreco
Quando se fez de isento e armou pro Lula.
Fui contra a prisão porque achei suspeita.
Percebi logo que tudo que aconteceu
Foi pura armação e ódio seletivo
Criado por uma mídia e uma quadrilha articulada.
Considerava o bozobosta um ser asqueroso
Desde antes de o fdp ser candidato.
Em 2018 votei contra ele nos dois turnos.
E votei no Lula contra o genocida em 2022,
Nos dois turnos de novo!
Não me arrependo e votaria novamente,
Mas não dá pra negar o que é fato:
Lula e o PT passam pano para ditaduras
Quando elas se dizem de esquerda.
Vejo isso como falha dele e de seu partido.
Porque pra mim ditadura é ditadura,
Não tem essa de direita ou esquerda.
Ditador é ditador e merece repúdio.
Sempre!
Nunca “engoli” a conversa do marreco
Quando se fez de isento e armou pro Lula.
Fui contra a prisão porque achei suspeita.
Percebi logo que tudo que aconteceu
Foi pura armação e ódio seletivo
Criado por uma mídia e uma quadrilha articulada.
Considerava o bozobosta um ser asqueroso
Desde antes de o fdp ser candidato.
Em 2018 votei contra ele nos dois turnos.
E votei no Lula contra o genocida em 2022,
Nos dois turnos de novo!
Não me arrependo e votaria novamente,
Mas não dá pra negar o que é fato:
Lula e o PT passam pano para ditaduras
Quando elas se dizem de esquerda.
Vejo isso como falha dele e de seu partido.
Porque pra mim ditadura é ditadura,
Não tem essa de direita ou esquerda.
Ditador é ditador e merece repúdio.
Sempre!
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