13 de maio de 2021

EMPREENDEDORISMO



Compartilharam (de Lucas Mendes) em um grupo do Face a postagem de um texto que diz:

“Por favor, não romantizem a miséria. Uma mãe que vende bolo de pote de porta em porta não é uma “empreendedora” ou uma “guerreira”, ela é uma pessoa desesperada que pode estar passando fome em casa. Pode apostar que ela preferiria um emprego estável e com garantias.”

Eu curti o texto porque li “bolo de pote” e “uma mãe” como exemplos, entre muitos outros que poderiam ter sido colocados no texto, de pessoas e atividades que estamos acostumadas a ver na internet e na grande mídia sendo tratados como empreendedorismo quando na verdade não passam das opções (desesperadas sim!) que restaram a muitas pessoas, para sobreviver nessa crise de desemprego e perda de direitos que estamos vivendo.
Mas, em seguida, li nos comentários muita gente discordando e criticando o texto com o argumento de que nem toda mulher que vende bolo de pote está desesperada e tem algumas que estão mais satisfeitas assim do que no trabalho regular que tinham antes. Outras pessoas defendem que as mulheres que vendem bolo de pote são empreendedoras sim porque não se deixaram abater e foram à luta.
Enquanto lia os comentários, lembrei de ter visto mais de uma vez, na internet e em jornais e programas de televisão, casos de mulheres que começaram a vender coisas que fabricavam em casa (bolo de pote, outros tipos de doces, refeições, artesanato, etc.) e acabaram se tornando empresárias de sucesso e até gerando empregos.
Mas sou obrigada a concordar com os argumentos porque me dei conta de que li o que não estava escrito, apenas subentendido, pelo menos para mim.
Então sim! É verdade que nem todas as mães que vendem bolo de pote estão desesperadas ou passando fome!
Acontece que se existissem empregos, condições de trabalho melhores, salários decentes, direitos e justiça trabalhistas adequados, apenas as pessoas (não só mulheres) que escolhessem e quisessem venderiam bolo de pote.
Ninguém faria “empreendedorismo” por necessidade, e consequentemente, a concorrência para as pessoas empreendedoras de verdade seria bem menor.
Então, a meu ver, o errado NÃO é ter mães vendendo bolo de pote, o errado é ter advogadas que têm verdadeira vocação pelo direito (é só um exemplo entre muitos) que vendem bolo de pote porque não conseguem sobreviver na profissão que amam.

2 comentários:

Pedro Mundim disse...

Mas para haver empregos estáveis e com garantias, é preciso que haja empreendedores que criem esses empregos.

Divina disse...

Sim! Não estou falando contra as pessoas empreendedoras e o direito de empreender. Estou falando contra a "moda" que tenho visto nos últimos tempos, que é chamar qualquer atividade de empreendedorismo quando, em muitos casos, é um subemprego, às vezes em regime de quase escravidão, de uma pessoa que não tem outra opção porque não consegue emprego e precisa colocar comida no prato. O fato de o empreendedorismo existir, não é justificativa para chamar qualquer coisa de empreendedorismo.