O fato é que ouvir o
que as pessoas falam sobre deus sempre me incomodou, sempre teve na minha
visão, ou intuição, sei lá, uma certa aparência de mentira que no começo eu não
sabia definir bem, mas não perguntava nada porque minha mãe dizia que não se
podia falar contra deus. Era pecado.
A primeira vez que li a
bíblia fiquei horrorizada, aquela quantidade enorme de morte e violência em
nome de deus, ordenadas, apoiadas e até praticadas pelo próprio deus me fizeram
assumir totalmente que aquele deus bíblico estava mais para demônio do que para
deus. E a maneira que Jesus trata a própria mãe me fez perder muito do respeito
por ele que minha mãe procurou despertar em mim desde sempre, principalmente
explicando que ele está no meu nome porque é o meu padrinho.
Quase a vida toda, eu
pouco falava sobre minhas aversões religiosas, não queria magoar ou ofender as
pessoas. Então inventei um deus que não tinha nada a ver com o deus bíblico e
que tinha muito a ver com um amigo imaginário que tive na infância e que me
visitava só nos sonhos; deus passou a ser aquele amigo, que mudou de nome e não
me visitava mais, mas com quem eu podia até conversar e a quem deveria agradecer
por tudo que me acontecesse de bom e nunca culpar por nada do que acontecesse
de ruim, fosse a mim, fosse a qualquer outra pessoa. E dessa forma me privei de
pensar no assunto.
Mas quando veio a
internet e comecei a publicar em blog e a ler e conversar on line com outras pessoas tirei a máscara totalmente. Ouvi e li
todo tipo de argumento defendendo a existência, a onipotência, a bondade e o amor
de deus, procurei por esses argumentos tanto nas pessoas comuns quanto nos
pensadores e filósofos e em nenhum momento qualquer um deles conseguiu me
convencer ou sequer acreditar em uma mínima possibilidade de existência de deus;
nenhum deles. Depois de alguns anos, fiquei ainda mais insistente nos meus
textos ateístas porque comecei a perceber os religiosos muito mais insistentes
e a insistência deles me incomodou.
Vejo
os horrores presentes na natureza, na história da humanidade e na história do
próprio planeta em que vivo desde sempre, desde antes de os seres humanos
existirem. Vejo os horrores praticados no mundo e aqui no Brasil, em nome dessa
coisa chamada religião, em nome dessa ideia chamada deus: o preconceito que
impede pessoas de serem felizes porque amam de um jeito que “deus não gosta”, a
interferência das “leis” da idade do bronze em questões de saúde pública; as
agressões ao estado laico; os líderes religiosos tirando dinheiro dos pobres,
estuprando meninas e abusando de crianças.
Tudo
isso me fez e me mantém ateia. E não consigo entender como pessoas decentes
conseguem continuar religiosas, não consigo entender mesmo.
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