17 de abril de 2020

POR QUE SOU ATEIA?


O fato é que ouvir o que as pessoas falam sobre deus sempre me incomodou, sempre teve na minha visão, ou intuição, sei lá, uma certa aparência de mentira que no começo eu não sabia definir bem, mas não perguntava nada porque minha mãe dizia que não se podia falar contra deus. Era pecado.

A primeira vez que li a bíblia fiquei horrorizada, aquela quantidade enorme de morte e violência em nome de deus, ordenadas, apoiadas e até praticadas pelo próprio deus me fizeram assumir totalmente que aquele deus bíblico estava mais para demônio do que para deus. E a maneira que Jesus trata a própria mãe me fez perder muito do respeito por ele que minha mãe procurou despertar em mim desde sempre, principalmente explicando que ele está no meu nome porque é o meu padrinho.

Quase a vida toda, eu pouco falava sobre minhas aversões religiosas, não queria magoar ou ofender as pessoas. Então inventei um deus que não tinha nada a ver com o deus bíblico e que tinha muito a ver com um amigo imaginário que tive na infância e que me visitava só nos sonhos; deus passou a ser aquele amigo, que mudou de nome e não me visitava mais, mas com quem eu podia até conversar e a quem deveria agradecer por tudo que me acontecesse de bom e nunca culpar por nada do que acontecesse de ruim, fosse a mim, fosse a qualquer outra pessoa. E dessa forma me privei de pensar no assunto.

Mas quando veio a internet e comecei a publicar em blog e a ler e conversar on line com outras pessoas tirei a máscara totalmente. Ouvi e li todo tipo de argumento defendendo a existência, a onipotência, a bondade e o amor de deus, procurei por esses argumentos tanto nas pessoas comuns quanto nos pensadores e filósofos e em nenhum momento qualquer um deles conseguiu me convencer ou sequer acreditar em uma mínima possibilidade de existência de deus; nenhum deles. Depois de alguns anos, fiquei ainda mais insistente nos meus textos ateístas porque comecei a perceber os religiosos muito mais insistentes e a insistência deles me incomodou.

          Vejo os horrores presentes na natureza, na história da humanidade e na história do próprio planeta em que vivo desde sempre, desde antes de os seres humanos existirem. Vejo os horrores praticados no mundo e aqui no Brasil, em nome dessa coisa chamada religião, em nome dessa ideia chamada deus: o preconceito que impede pessoas de serem felizes porque amam de um jeito que “deus não gosta”, a interferência das “leis” da idade do bronze em questões de saúde pública; as agressões ao estado laico; os líderes religiosos tirando dinheiro dos pobres, estuprando meninas e abusando de crianças.

          Tudo isso me fez e me mantém ateia. E não consigo entender como pessoas decentes conseguem continuar religiosas, não consigo entender mesmo.

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