16 de setembro de 2020

O ÓDIO QUE ELEGEU O FASCISMO

O ódio ao PT é uma maravilhosa criação
Dos bilionários mais poderosos
Donos de empresas mídias e mentes
Não fosse o ódio insano ao PT
O bozobosta teria sido escorraçado
Pela homenagem a um torturador
Não fosse esse ódio insano ao PT
Dilma teria terminado seu mandato
E nas eleições seguintes
Não teria lugar para o fascismo
Ver as pessoas esquecerem tudo isso
E se tornarem cegas de ódio
É algo difícil de compreender
Os “defensores da moral na política”
Que “lutam por um país sem corrupção”
Deviam pelo menos ser coerentes
E odiar outros partidos também!
O PSDB o PMDB o Centrão o DEM...
O PT não merece a “babação de ovo”
Dos seus partidários mais inflamados
Mas o Brasil não merecia
Que em nome desse ódio insano
As pessoas se tornassem cegas
A ponto de eleger um fascista

3 comentários:

Pedro Mundim disse...

Faltou explicar que bilionários tão numerosos são esses que ganharam a eleição que levou Bolsonaro ao poder. Dizer que eles manipularam os meios de comunicação para convencer o povão a votar em seu candidato é chamar o povo de retardado, além do que povão não lê editorial de jornal.

É preciso admitir que se a maioria dos eleitores votou em Bolsonaro, é porque tinham um motivo pertinente para apoiar sua plataforma. E para mim, o motivo foi esse: segurança. Bolsonaro foi o único que prometeu algum endurecimento contra a bandidagem. Quem duvida disso devia conhecer as periferias, onde a população, acossada pelo crime e pela imoralidade, corre aos pastores evangélicos que abrem uma igrejola a cada esquina. O PT ficou estigmatizado como "o partido que apoia bandido", e de fato a plataforma petista propunha substituição de penalidades por serviços à comunidade (desnecessário dizer que seriam os criminosos ricos os que mais se aproveitariam de mais esse abrandamento de nossa legislação penal).

A esquerda está pagando pela opção que vem fazendo, desde o fracasso da luta armada, de substituir os trabalhadores pelos marginais como seu novo público, já que os trabalhadores aderiram ao capitalismo e não quiseram fazer revolução. Desde então seus produtores culturais vem lançando uma aura de vitimismo e heroísmo sobre marginais e inconformistas, ao mesmo tempo em que demoniza a classe média e a polícia. Assim o PT queimou seu filme junto ao povão. E por falar em filme, o sucesso inesperado e embaraçoso de Tropa de Elite foi um sinal bastante claro do que o povão estava querendo, mas fecharam os olhos.

Divina disse...

Acho que nem conhecemos todos os bilionários, então fica difícil nomeá-los. Mas parte deles está na grande mídia, não como notícia mas como quem determina o que é notícia e como ela será vinculada. Eles não manipularam os meios de comunicação, eles são donos dos meios de comunicação, e dos meios de produção que geram tanto dinheiro que podem manipular tudo o mais. Incluindo a política responsável pelo desmonte da educação, e com a ajuda da religião e da classe média que se acha rica, podem manipular tudo, ou quase tudo. O povão não lê jornal, vê a Globo, frequenta escolas de baixíssima qualidade e por pouco tempo; e precisa trabalhar tanto e tão cedo que não tem tempo para estudar e ter consciência política e consciência de classe.

Pois é, muita gente votou no Bozobosta porque foi convencida de que matar gente nas favelas é cuidar da segurança. Bozobosta prometeu armar e matar, nada muito além disso, e está cumprindo a promessa. Eu conheci as periferias, morei em algumas e dei aulas em outras, sei que matar a população das favelas não é solução, mas é "vendido" como se fosse, até as pessoas que são mortas "engolem" esses argumentos toscos. O PT só ficou estigmatizado como "o partido que apoia bandido", porque a mídia e a escola não ensinaram o que é Direitos Humanos.

O fracasso da luta armada vem de longe. A tal "guerra às drogas" é uma guerra perdida que não diminui nem a violência nem o tráfico. Só o que faz é aumentar o número de vítimas e termos o triste recorde de sermos o país com a polícia que mais mata e a que mais morre. Acho que essa de que o PT substituiu os trabalhadores pelos marginais como seu novo público, carece muito de fundamento. Eu precisaria de dados. Até onde sei o bozobosta é que tem mais apoio de bandidos. Aliás, muitos são parte do seu governo.

Pedro Mundim disse...

Os bilionários são donos dos meios de comunicação, mas quem consome o que produzem é a população. Se eles não dão o que o consumidor quer consumir, não lucram. Por isso eles sabem que só podem mentir até certo ponto, do contrário perderão clientes para os concorrentes. É assim que o livre mercado e a livre concorrência obrigam os ricos donos dos meios de produção a servir aos pobres que consomem seus produtos, e é por este motivo que o capitalismo funciona, embora não seja guiado por propósitos de justiça social.

Quem mais favorece a política de bandido bom é bandido morto é o povo das periferias, porque essa é a única realidade que conhecem. Os ricos e a classe média são muito menos propensos a esses radicalismos, mesmo porque são mais educados e conhecem direitos humanos. Foi nas periferias que os pastores evangélicos e a bancada da bala se criaram.

Precisa de dados para fundamentar que o PT substituiu os trabalhadores pelos marginais como seu novo público? Os dados são a produção cultural que vem desde os anos 60, com a profusão de filmes, livros, artigos e discursos glamurizando bandidos e ridicularizando a polícia. Começa com Glauber Rocha reciclando o cangaceiro como um herói justiceiro do povão, passa por Lúcio Flávio o Passageiro da Agonia e dúzia de outros, até chegar à época atual com Cidade De Deus. Zuenir Ventura em Cidade Partida fez uma longuíssima entrevista com o chefão do tráfico, apontando-o como uma espécie de protetor de sua comunidade imbuído de espírito de justiça. Hilário quando ele cita uma frase do entrevistado, "Não assalto ônibus porque só tem trabalhador", apresentando-a como prova de que o bandido tinha consciência social. Não lhe ocorreu que o bandido quis dizer que não assalta trabalhador porque trabalhador não tem vintém que justifique um assalto. Chama-se a isso "wishful thinking".

Em 400 Conta Um, é citada uma frase emblemática de um chefão do tráfico da época: "Conseguimos o que a guerrilha não conseguiu, o apoio do povo das periferias". É aí que reside todo o desejo da esquerda de substituir os trabalhadores pelos marginais. Eles conhecem o poder de fogo das quadrilhas, e sonham que a bandidagem vai fazer a revolução que irá alçá-los ao poder. Esquecem que bandido é capitalista, e como tal, são afeitos aos burgueses, e não aos trabalhadores. De fato, através da História, os burgueses sempre compraram os marginais por poucos tostões, inclusive para jogá-los contra os trabalhadores.

Quanto à guerra às drogas, o que você propõe? Descriminalizar as drogas? Se isso adiantasse, a máfia norte-americana de Al Capone teria desaparecido no dia seguinte ao que foi revogada a Lei Seca, em 1933. Como se sabe, os mafiosos enveredaram para outros negócios. O mesmo aconteceria aqui, se liberassem as drogas. Enfim, o que há não é uma Guerra às Drogas, mas uma Guerra ao Crime, e as drogas são apenas o negócio mais rendoso do momento. Nas últimas décadas, o crime adquiriu uma feição de organização e agressividade que superou a dos antigos movimentos revolucionários. É por isso que os métodos antigos são inúteis, e é preciso combatê-lo como em uma guerra.