3 de novembro de 2020

A MORTE DESSA ATEIA DIVINA

(Mexendo em um texto da Glorinha Silva)

Quando eu morrer tente não sofrer por mim
Eu não estarei mais sentindo nada
E isso é muito bom!
Não faça discursos de louvor
Me transformando no que não fui
Não fui nada de especial
Não fui mais incrível do que você!
Fui apenas alguém que tentou
E que muitas vezes fracassou
Tentei aprender a ver, ouvir, ousar
Tentei aprender a me conter
Errei muito, acertei algumas vezes
Segui o caminho que me coube
Encontrei pedras, mas também havia flores
Não ore por mim, por favor!
Sou ateia, e não quero nada com deus
Mesmo que eu esteja errada e ele exista
Cante uma canção, declame um poema
Aproveite os bons momentos
Curta a vida, os amigos, a família
Não faça velório pra mim!
Não visite minha casca
Aquilo não é mais eu!
Estarei talvez nos meus textos
Nas pessoas que amo e amei
E quando todos eles se forem
Nada mais haverá de mim
Não tenho medo da morte
A morte é só não existir
Eu já não existi antes
E não tive nenhum problema
Não há o que lamentar

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