29 de novembro de 2020

CAMA DE PAPEL

Visitando Guilherme de Almeida

Quando o dia terminava e um cobertor fino
cobria minha pele trêmula e arrepiada,
eu tentava dormir pela calçada,
nos meus tristes tempos de menino.
Fazia, de jornal uma cama gelada;
e, estendendo meu corpo pequenino,
eu soltava gemidos sem destino
ao longo das sarjetas, na enxurrada...
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
que não tenho direito a ter ideais:
meus dias são tão tristes como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais..
e os meus sonhos, o que dizer deles!
Nunca vieram e não voltarão mais!

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