28 de novembro de 2020

DOMINGO

Pela abertura da janela entrou
Um raio de luz que se deitou confortavelmente
No tapete da sala
Acomodou-se quieto
Instalou uma paz silenciosa e alegre a seu lado
E adormeceu
Todos andam pela casa silenciosos
Calmos e guardando no fundo da alma
Uma alegria tão discreta
Que a confundem com uma profundíssima melancolia

O raio de luz adormecido sobre o tapete sonha com fadas
Gnomos duendes
E seres vindos do mundo das fantasias
Seres que andam pela casa e a pesquisam
E olham curiosos para as pessoas
Que suspiram profundamente sem poder vê-los

Não sabem que esse suspiro é de puro lamento
Sua alma secreta chora uma lágrima doce
Por não serem capazes de ver figuras tão belas

O raio de luz emite um suave ressonar de descanso e beleza
A beleza mágica de não saber que é belo
E pequenas
Minúsculas e quase invisíveis fadinhas coloridas e brilhantes
Aproveitam esse ressonar
Para bailar alegres pelo raio de luz adormecido

Passam lentas todas as horas do dia
E carregam com força
Com maldade e para sempre
O sol

Então o sol é levado
Sob protestos e gritos imensos de agonia
Tão agudos
Tão altos que perturbam levemente o sono do raio de luz
Que muda de lugar no tapete

Enquanto o sol é arrastado
A alma das pessoas é tomada
Sem que elas saibam por que
De uma verdadeira melancolia
Prima ou irmã da morte

E o sol é arrastado para a prisão do esquecimento eterno
No momento em que o raio de luz acorda
Abandona correndo a sala
A casa a vida das pessoas
Levando nos sonhos as imagens fantásticas
E deixando mortas e tristes
As microscópicas fadazinhas

As pessoas esquecem que tanta coisa aconteceu
Porque não viram nada
Só o tapete da sala conserva
Com respeito e adoração
Um tênue calor deixado pelo raio de luz
E um invisível desbotado em sua cor
Pela tristeza de perder aquele anjo mágico
Que sobre ele adormeceu

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