28 de novembro de 2020

ENGRENAGEM

Escrito em 97 ou 98, enquanto assistia a uma palestra com a então secretária da educação do Estado de São Paulo. Ela estava vestindo uma blusa meio militar e seu discurso-furado defendia a “progressão continuada”, traduzindo: aprovação automática .

Pelamor de Deus chega de buzinar minha orelha!
Haja merda pra empurrar
Preciso dar descarga
Sair ao sol
Me dar a mim mesma sem me tomar
Da vida
Um mundo artificial e fabricado
Por babacas inúteis
Que esquecem de viver
O soldado-palhaça não é gente
Não tem sorriso humano
Mas manda
Que eu me afunde na merda e sorria
Feliz
Porque estou sendo transformada
Em um dos martelinhos marchantes desenhados na tevê
— E eu sabia que poderia
Martelar
Meu próprio pé!

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