Eu me defino como
muitas coisas sem que esteja de acordo com todas as pessoas que se definem com
as mesmas palavras. Sei que em todos os grupos existem várias vertentes, níveis
de adesão, concordâncias e discordâncias com pontos específicos. Tenho consciência
de que pertencer a uma das designações que uso para me definir não é quesito
suficiente para que eu seja uma pessoa seja boa ou má, não é quesito suficiente
para que alguém se pareça “demais” comigo e não é quesito suficiente
para que alguma pessoa queira ser minha amiga, e vice versa.
Sou mulher mas não
gosto de todas as mulheres, sou velha mas não gosto de todos os velhos, sou
professora mas não gosto de ninguém apenas por ter essa mesma profissão, sou
ateia mas não gosto de todos os ateus... E essa lista pode ficar enorme, mesmo
considerando que eu gosto de MUITA gente!
Até aqui parece que
estou falando o óbvio porque certamente o que falei de mim vale pra todo mundo
e praticamente todos os grupos. Acontece que existe um grupo ao qual pertenço que
tem sido julgado e odiado como se fosse uma unidade sem variantes. E tem sido
visto assim até por pessoas que se identificam com tudo que eu disse até agora:
o feminismo
Sou feminista, tenho
o feminismo como uma de minhas bandeiras mais significativas e definidoras. Me
revolta demais ver pessoas negando o feminismo por causa de uma ou outra coisa
que não concorda e que viram em uma notícia, texto ou vídeo que expõem alguma
manifestação ou trecho de manifestação feminista ou que ouviu como opinião e
fala de alguma feminista ou de algum “analista” do movimento feminista.
Destaques dados a coisas
que boa parte da sociedade considera negativas e que em algum momento surgem ligados
de alguma forma ao feminismo costumam aparecer em publicações cuidadosamente
selecionadas para “sustentar” os “argumentos” de pessoas e grupos
que combatem o feminismo.
Esses grupos e
essas pessoas nos “rebatizaram” de “feminazis”, não suportam ver mulheres
ocupando espaços porque acham que aquilo “não é para mulher”, ficam
muito revoltados quando veem feministas lutando contra atitudes machistas que
essas pessoas e grupos consideram normais, lamentam a existência do feminismo porque
as feministas denunciam e expõem pessoas ou grupos que agridem as mulheres ou apenas
uma mulher.
Esses grupos e
pessoas adoram diminuir todas as reclamações, denúncias e depoimentos de mulheres
ou grupos feministas sobre atitudes, comportamentos e discursos machistas chamando
tudo que dizemos de “mimimi”.
E esses grupos e essas pessoas se aplicam tanto, se esforçam tanto e investem tanto no combate ao feminismo que levam mulheres como eu, que sentem e pensam como eu, a acreditarem em seus discursos viciados a ponto de negarem o feminismo e dizerem “não sou feminista, sou feminina”, como se uma coisa excluísse a outra.
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