30 de outubro de 2020

FEMINISMO

Eu me defino como muitas coisas sem que esteja de acordo com todas as pessoas que se definem com as mesmas palavras. Sei que em todos os grupos existem várias vertentes, níveis de adesão, concordâncias e discordâncias com pontos específicos. Tenho consciência de que pertencer a uma das designações que uso para me definir não é quesito suficiente para que eu seja uma pessoa seja boa ou má, não é quesito suficiente para que alguém se pareça “demais” comigo e não é quesito suficiente para que alguma pessoa queira ser minha amiga, e vice versa.

Sou mulher mas não gosto de todas as mulheres, sou velha mas não gosto de todos os velhos, sou professora mas não gosto de ninguém apenas por ter essa mesma profissão, sou ateia mas não gosto de todos os ateus... E essa lista pode ficar enorme, mesmo considerando que eu gosto de MUITA gente!

Até aqui parece que estou falando o óbvio porque certamente o que falei de mim vale pra todo mundo e praticamente todos os grupos. Acontece que existe um grupo ao qual pertenço que tem sido julgado e odiado como se fosse uma unidade sem variantes. E tem sido visto assim até por pessoas que se identificam com tudo que eu disse até agora: o feminismo

Sou feminista, tenho o feminismo como uma de minhas bandeiras mais significativas e definidoras. Me revolta demais ver pessoas negando o feminismo por causa de uma ou outra coisa que não concorda e que viram em uma notícia, texto ou vídeo que expõem alguma manifestação ou trecho de manifestação feminista ou que ouviu como opinião e fala de alguma feminista ou de algum “analista” do movimento feminista.

Destaques dados a coisas que boa parte da sociedade considera negativas e que em algum momento surgem ligados de alguma forma ao feminismo costumam aparecer em publicações cuidadosamente selecionadas para “sustentar” os “argumentos” de pessoas e grupos que combatem o feminismo.

Esses grupos e essas pessoas nos “rebatizaram” de “feminazis”, não suportam ver mulheres ocupando espaços porque acham que aquilo “não é para mulher”, ficam muito revoltados quando veem feministas lutando contra atitudes machistas que essas pessoas e grupos consideram normais, lamentam a existência do feminismo porque as feministas denunciam e expõem pessoas ou grupos que agridem as mulheres ou apenas uma mulher.

Esses grupos e pessoas adoram diminuir todas as reclamações, denúncias e depoimentos de mulheres ou grupos feministas sobre atitudes, comportamentos e discursos machistas chamando tudo que dizemos de “mimimi”.

E esses grupos e essas pessoas se aplicam tanto, se esforçam tanto e investem tanto no combate ao feminismo que levam mulheres como eu, que sentem e pensam como eu, a acreditarem em seus discursos viciados a ponto de negarem o feminismo e dizerem “não sou feminista, sou feminina”, como se uma coisa excluísse a outra. 

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