11 de outubro de 2020

TERNURA PURA

Garanto que posso te olhar nos olhos
No rosto
No cheiro
Na voz
No movimento
E ver você de um jeito
Que você não pode

Garanto que sei de coisas
Sem nenhuma importância
Que se eu te contasse
Você iria rir por dentro
Pra não dizer
Que boba eu sou

Garanto que nunca consegui
Fazer um milhão de coisas
Que você faz tão bem
Coisas que às vezes são grandiosas
Às vezes nem são ação
Mas que são lindas
Porque são só suas

Garanto que se o tempo não fosse tão mau
Se o corpo ainda pudesse
Eu te convidaria
Pra virar cambalhota na grama
E rir até chorar

Garanto que se a gente saísse
De mãos dadas
Correndo na chuva
Não era só chão que a gente ia pisar
Não era só de água
Que a gente ia se molhar

Garanto que não derreto
Feito sorvete que meleca e coça
Mas me dissolvo
Como uma sombra que lá estava
E não está mais

Garanto que sempre

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