19 de outubro de 2020

RECURSOS ARGUMENTATIVOS TEÍSTAS

 

Nenhuma "prova da existência de deus" que qualquer teísta apresenta prova a existência de deus porque todas as tentativas clássicas foram largamente refutadas inclusive por pensadores teístas de peso como Immanuel Kant.

Quando conversamos com alguém que se propõe a defender a existência de deus, a conversa pode se estender ou ser rapidamente interrompida, mas tende a seguir um ou uma mistura de dois ou mais dos exemplos que apresento abaixo.

Cada um dos “argumentos” e posturas relacionados aconteceram muitas vezes comigo em conversa com pessoas de idade, religião, gênero, nível sociocultural e localização geográfica diferentes.

Para facilitar a unidade do texto, colocarei todos os exemplos como se partissem de religiosas indefinidas, mas muito convictas, que oscilam entre tolerante e “damares”.

 

- Apresento as muitas incoerências do que dizem sobre deus e mostro que tais incoerências serviriam mais para provar a inexistência desse deus do que para louvar suas qualidades.

Ela dá verdadeiros nós no cérebro para dizer que "o que é, na verdade não é!", como por exemplo “Deus é onipotente, bom e justo, mas não pode evitar que uma criança seja estuprada e assassinada porque estaria interferindo no livre arbítrio do agressor”.

Não diz exatamente isso, com essas palavras, mas dá voltas e voltas para, no final das contas, dizer exatamente isso.

 

- Tenta me consolar dizendo que sou apenas uma pessoa infeliz, magoada e frustrada, que estou brigada com deus mas posso voltar a ser feliz e bem aventurada se aceitar Jesus e entregar meus problemas nas mãos de deus porque ele é bom e nunca desampara quem busca por ele.

Depois, por pura falta de resposta, muda totalmente de assunto e parte para outros argumentos quando respondo que não sou infeliz, não estou frustrada e não odeio deus porque não é possível odiar um ser que não existe.

 

- Cria ou retira sabe-se lá de onde um tipo de ateu que não existe ou que não representa nem mesmo uma porcentagem relevante dos ateus reais, coloca a si mesma em um fictício patamar de “humanidade e inteligência” superior, como se estivesse diante de uma “turba” de inadequados e desprezíveis opositores, e usa esse espantalho criado para, dessa forma desonesta, ironizar e desmerecer o ateísmo como um todo e cada um dos ateus.

 

- Ela diz que não adianta apresentar provas porque os ateus não vão entender a sofisticação das provas que só ela tem, mas nunca apresenta as tais provas mesmo que passe meses debatendo comigo.

 

- Diz que vou para o inferno se não me arrepender. E se for mais “damares” chega a falar sobre o prazer que sentirá ao me ver implorando perdão em meio ao fogo eterno enquanto ela desfruta as delícias do paraíso “à mão direita de deus pai todo poderoso”.

 

- Ela diz que sou incapaz de entender porque não tenho fé e não tenho fé porque nasci aleijada como alguém que nasceu sem pernas ou sem braços.

Mas nunca aceita continuar a conversa quando pergunto que raio de deus perfeito e todo-bondade é esse que permite que alguém vá para o inferno por toda a eternidade por não usar algo que não tem porque nasceu sem aquilo.

 

- Me ofende com palavras e termos nada piedosos e ameaça apressar com as próprias mãos a minha ida ao inferno explicando claramente o quanto me odeia e como seria feliz se pudesse livrar o mundo de minha presença nefasta... em nome de seu deus de amor.

 

- Começa a “argumentar” com falas que revezam pregações bíblicas com repetição e paráfrases dos argumentos mais batidos e exaustivamente refutados por muitos pensadores, como a aposta de Pascal, o “melhor dos mundos” de Leibniz ou o relógio de Paley, sem esquecer o grande e absurdo recurso de comparar um deus onipotente com uma mãe amorosa mas impotente, como se essa comparação fizesse algum sentido.

 

- Daí ela fica se repetindo e dizendo as mesmas coisas de novo e de novo convencida de que está argumentando logicamente até que se cansa de ser contrariada com argumentos que demonstram claramente que não vou me deixar convencer pelas falácias dela e para de falar comigo.

Mas não sem antes enviar uma mensagem “lacradora” na qual se diz cansada de confrontar sua inteligência e lógica louváveis com minha incapacidade de “sequer entender o que significa a palavra lógica”.

Sim ela diz isso!

Nenhum comentário: