17 de outubro de 2020

SUICÍDIO

Li que segundo pesquisas todo mundo já pensou em suicídio pelo menos uma vez na vida.

Não sei se essas pesquisas estão certas, mas sei que se estiverem eu poderia ser uma confirmação disso.

Pensei em suicídio uma vez, na adolescência, porque tinha feito uma brincadeira e depois de um fato trágico, achei que tinha que cumprir a fala da brincadeira.

E a fala era eu estar morta.

A vida é uma sequência de acasos sem nenhum sentido ou razão e enquanto alguns encontram forças e superam de forma fantástica os mais terríveis obstáculos outros desistem e “escrevem” o bilhete de Torquato Neto:

“Tô de saco cheio”.

E entre os dois extremos há uma ampla gama de nuances, um rio largo no qual estou inserida.

Como não dá para dar reset e reiniciar a vida, só o que podemos é escolher se continuamos nos carregando nas costas ou não.

Não amo o meu eu e não sinto nenhuma necessidade desse tão propagado e tão valorizado “amor próprio”, apenas tento não fazer nada que me torne um ser escroto e asqueroso, isso é suficiente para que eu não precise de “amor próprio” nenhum.

Autoconhecimento é algo impossível de ser alcançado, a gente tem memória, história, habitat, consciência, e com isso fazemos o que fazemos, sempre meio às cegas e meio “tatibitate”.

Não faço ideia de quem sou eu!

Tem um monte de definições, biológicas, etárias, sociais, convencionais, linguísticas que podem tentar me definir, mas nunca definem.

Sou proprietária dessa coisa chamada “minha vida” e se acontecer de um "belo" dia eu acordar e resolver pôr fim a ela, poderei fazê-lo, mas é muito difícil que isso aconteça porque a consciência de que vou morrer de qualquer jeito me levou a concluir que não faz muito sentido ter pressa.

Sou meio dupla e inconstante, tento ser “gente boa”, mas sou muito boa em fracassar.

Não sei o que quero da vida, acho que tudo que eu quero é não sentir dor.

Acontece que muitas coisas doem e existem muitos tipos de dor.

Tudo é muito complicado e eu não aprendi a não viver.

Nenhum comentário: