17 de outubro de 2020

O OPOSTO DO AGRESSOR

          No meio da noite acordei com um soco bem dado, era ele se debatendo em um pesadelo.

          Chacoalhei-o até acordar e quando ele percebeu o que tinha acontecido ficou terrivelmente chocado, pedindo mil perdões e se recriminando de forma tão dura que fiquei até penalizada.

Afinal ele tinha acabado de sair de um pesadelo e já tive pesadelos vezes suficientes para saber o quanto eles podem ser ruins e o quanto a gente não tem controle sobre o que faz nessas circunstâncias.

          Disse isso a ele, mas não adiantou muito porque ele não parava de repetir “Não, isso não pode acontecer, eu não tenho direito de fazer uma coisa horrível dessas!”.

          Ele já teve sonhos bem agitados, mais de uma vez chegou a cair da cama, mas nunca mais chegou ao ponto de transformar seus debateres do sonho em agressão involuntária.

Acho que de alguma forma a mente dele sabe onde estou mesmo dentro do pesadelo mais intenso.

Nenhum comentário: