25 de dezembro de 2020

ANTIGAMENTE



No lugar onde passei a infância tinha preconceito aos montes
Tinha xenofobia com "baianos" ou "cearás"
Generalizações para todas as pessoas nordestinas
Que também eram definidas como "cabeça chata"
Tinha o preconceito religioso com "crentes"
Que eram pessoas "esquisitas"
De quem "é bom manter distância"
Tinha o racismo, claro, mais forte do que nunca
Com as piadas "sem maldade"
Os apelidos típicos e o isolamento mal disfarçado
Tinha a homofobia naturalizada
Tão naturalizada com a ajuda de expressões e piadas
Que ninguém que tachava um garoto de "viadinho"
Ou uma menina de "mulé macho sim sinhô"
Pensava na hipótese de que aquilo fosse errado
E tinha o machismo fortíssimo
Com as mulheres separadas sendo colocadas
Em pé de igualdade com as putas
E as moças sendo chamadas de "vagabunda"
Por qualquer comportamento que se assemelhasse
Com o comportamento natural dos rapazes.

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