Queria ser sapo
Pousar na lagoa
Viajar pra dentro de um coração
E poder me apaixonar
Queria ser uma estrela
Fazer voltas derramar luz
Nascer-viver pra sempre
E se morta ainda (a) brilhar
Queria ser uma minhoca
No fundo da terra sem saber o que é luz
O que é sol
Solitária e úmida
Embrenhar só em mim mesma
Queria ser rua e não ver uma só coisa
Ser longa
Percorrer muitos lugares
Levar gente levar bicho
Sentir segredos
Saber das pedras e repousar
Queria ser o azul
Ser amado e nem tanto
Em coisas da natureza
Ser parte da criação
Religião e paganismo
Estar nos homens e nas suas mãos
Queria ser uma gota
Escorrendo suave na vidraça
Ver dois mundos nos dois lados
De mim mesma
Queria ser uma lápide
Carregada de significado
Povoada de solidão
Ser o último repouso
E a última homenagem
Dos homens que viveram
E que só eu sei
Que não foi em vão
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