Era adolescente, por vezes gritava com um agudo sorriso: Cadelo meu chinelo? Cadela minha blusa vermelha? Cadela minha caneta nova?... O tempo passou, os cabelos são de neve e a pele de pergaminho. Às vezes grita sem som e sem saudades: Cadela minha vida?
24 de dezembro de 2020
COVARDIA
Ninguém pode imaginar
O quão covarde eu sou
Os átomos que compõem o universo se agitam
Os meus tremem acovardados
A covardia é minha força vital
Dizem que os covardes
“Se escondem no medo
E se sentem acomodados
No ato de não se mover”
Mas o tremor é um movimento
E o tremor dos covardes
Provoca os piores terremotos
Os tremores que me agitam
Destroem mundos
“A covardia não empurra ninguém pra frente”
Por isso só vou pra frente quando caio
Mas quando a gente vai pra frente
Impulsionada por uma queda
A gente não escolhe pra onde vai
E quando caio me machuco
Quebro algo em mim
No corpo ou no espírito
Dói!
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