19 de dezembro de 2020

OLHANDO O MAR

Sentada em um banco olho o mar
Diante da beleza inebriante
Ouvindo o som que tanto me agrada
Me deixo ficar por muito tempo
Olhar o mar mexe com a gente
E sem nenhuma interferência
Como a me despir de toda formalidade
Como uma pia senhora
Diante do seu confessor
Dolorosamente incapaz de mentir
Ou de falsear a verdade
Eu pergunto de mim pra mim
- Olhar essa imensidão de beleza
Não torna possível acreditar em deus?
E me respondo devagar e pungentemente
- Sim!
Se não existisse nenhuma criança sofrendo
Se não existisse dor doença exploraç...
Nesse momento na crista das ondas
Duas lindas gaivotas brancas
Chegam ao meu campo de visão
Aprecio seu voo sereno
Elas voejam próximas da água
Percebo que estavam pescando
Acordo da beleza que me afogava
E continuo a dar minha resposta
- ... Se não existissem gaivotas pescando
Talvez eu pudesse acreditar em deus
Afinal acordada de todo deslumbramento
Me levanto do banco de pedra
Dou as costas para o mar
E retomo minha caminhada
Afirmando de mim pra mim
Com toda convicção de que sou capaz
- Um deus como o deus que dizem existir
Não criaria um ser com garras e bicos
Para estraçalhar e matar outro ser
Pensar a gaivota rasgando o peixe
Que vivo se debate e agoniza
É prova mais do que concreta
Da impossibilidade da existência de deus
Volto para casa sem nenhuma alegria

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