4 de julho de 2020

CRIME DA VEZ

Sempre tem o "crime da vez"
Em torno desse crime se arma
o “circo da vez
Com direito a campanhas
Em prol de armamento
De desarmamento
Da pena de morte
Da maioridade penal
De leis mais severas para...
Com palavras e frases de efeito
Com poemas e ironias
Com fotos e charges
Montagens de fotoshop
E apresentação de Powerpoint
Fala-se
Por e-mail e no face book
No Twitter e no Insta
No YouTube e nos podcasts
E nos blogs e nos jornais
Fala-se, fala-se, fala-se...
Todo mundo fica bonzinho
Naquele assunto
E manifesta disposição para
 – Piamente é claro –
Linchar o “criminoso da vez
E adotar a “vítima da vez
Se ela estiver viva
Durante esse período
Em que o "crime da vez" está no auge
Acontecem centenas de outros crimes
– Alguns até mais graves –
Que passam totalmente despercebidos
Para os "bonzinhos da vez"
Depois cansa que ninguém é de ferro
Aí dá um tempo
– Muito curto que não se vive sem notícias –
E surge outro "crime da vez"
Com outro "criminoso da vez"
E outra "vítima da vez"
E os "bonzinhos da vez"
Esquecem o anterior
E armam
Para o novo
Sua santa e justa
Indignação
E tudo começa e acaba outra vez
A cada "estação de caça da vez"
É assim que a banda toca.

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