Li um texto no qual deus está “dizendo” como
realmente devemos agir. A pessoa que o compartilhou colocou, antes, o aviso de
que ”Um deus assim eu achava bacana”. Eu, Divina, como digo no título,
não concordo. Minhas razões após cada item das pseudo “orientações” de
deus:
Deus: Para de ficar rezando e batendo no
peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo, desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz
para ti.
Divina: Você fez “para mim” inclusive as
dores, os acidentes, as catástrofes naturais, os predadores, os parasitas, as
doenças, os estupradores, os pedófilos, os exploradores, os ladrões, os
assassinos, os serial killers? Desculpe, não sei “desfrutar” disso.
Deus: Para de ir a estes templos lúgubres,
obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu
vivo e expresso o meu amor por ti.
Divina: Expressa seu amor por mim permitindo
que esses lugares sejam povoados por crianças abandonadas, por crianças que
sofrem, por animais que vivem de dilacerar outros animais? Desculpe, eu não
saberia apreciar esses lugares se acreditasse que pudessem ser a “sua
verdadeira casa”.
Deus: Para de me culpar pela tua vida miserável;
eu nunca te disse que eras um pecador.
Divina: Nunca te culparia pela MINHA vida
miserável, te culparia (se você existisse) pela vida miserável das crianças que
você permite que nasçam para sofrer com doenças, má formação, pais negligentes,
pessoas capazes de abusar delas e de torturá-las. Te culpo pela vida das outras
pessoas que vivem miseravelmente sofrendo efeitos de doenças, guerras, secas,
inundações, terremotos e outros horrores que você criou.
Deus: Para de ficar lendo supostas escrituras
sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa
paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos de teu filhinho… não me
encontrarás em nenhum livro…
Divina: Se você existisse eu te leria no olhar
triste das crianças famintas, te leria nas lágrimas da mãe que vê seu filho
morrendo e não pode fazer nada. Na terra tremendo e derrubando casas sobre
pessoas indefesas. Eu te leria nos corredores dos hospitais cheios de doentes
sem esperanças, nos discursos dos exploradores da fé aos quais você permite
vida próspera à custa da miséria que eles exploram. Eu te leria em cada dor
vista e conhecida por mim, e te odiaria por isso.
Deus: Para de tanto ter medo de mim. Eu não
te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem me incomodo, nem te castigo. Eu
sou puro amor.
Divina: Não tenho medo de você porque você não
existe, mas se você existisse eu teria medo sim, e muito. Teria medo e teria
também um profundo ódio e um nojo enorme, porque eu saberia que você é tudo (de
ruim), menos amor.
Deus: Para de me pedir perdão. Não há nada a
perdoar.
Divina: Eu não te peço perdão, realmente não há
nada a perdoar. Comparada com você, caso você existisse e fosse como os
religiosos o definem, eu e todos os seres humanos somos anjos de pureza e
nossos erros, ou pecados, são apenas resultado da sua maldade, uma vez que
poderia nos ter criado perfeitos e não o fez. Você é que teria que pedir perdão
e, em nome de cada criança que já sofreu, eu não o perdoaria nunca.
Deus: Se Eu te fiz… Eu te enchi de paixões,
de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências,
de livre-arbítrio. Como posso te castigar por seres como és, se fui Eu quem te
fez?
Divina: Pois é! Se você existisse VOCÊ é que
deveria pedir perdão por ter me feito, por ter criado todos os males, todos os
seres maus, todos os sofrimentos, todas as dores. Por permitir que essa
fantasia de “livre arbítrio” tenha sido criada e usada como uma desculpa
esfarrapada e sem sentido para criar discursos capazes de enganar pessoas
crédulas a ponto de fazer com que inocentes se sintam culpados e você, o maior
de todos os culpados, seja visto como se fosse inocente e bom. Você teria que
pedir perdão e, como disse aí em cima, eu não te perdoaria.
Deus: Esquece qualquer tipo de mandamento,
são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Divina: Se você existe e sabe de tudo isso, por
que cargas d’água permite, e permitiu desde sempre, que manipuladores usem seu
nome para manipular, subjugar, explorar, torturar e matar pessoas usando para
isso a desculpa dos seus “mandamentos”? Em existindo, você só pode ser
um sádico!
Deus: Respeita o teu próximo e não faças aos
outros o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes
atenção à tua vida; que teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és
absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Divina: De novo essa fantasia do livre
arbítrio! Respeitar o meu próximo não apaga o sofrimento que não tenho o poder
de evitar e que você, caso existisse, poderia nem ter criado. Se você existe e
o sofrimento do meu próximo existe, então você criou e permite esse sofrimento,
portanto, não conte nunca com meu respeito. Não quero seu presente de grego,
abro mão desse livre arbítrio mentiroso para que nunca uma criança sofra ou
tenha sofrido!
Deus: Para de crer em mim . . . crer é supor,
imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando
beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro,
quando tomas banho de mar.
Divina: Não quero sentir você! Sentir a
presença de um ser onipotente e sádico a ponto de ter criado e permitido que se
perpetuasse tanto horror quanto o que existe e existiu desde sempre no mundo
seria tortura, seria sofrimento, causaria sentimentos de impotência e de raiva
em níveis altos demais para manter minha razão e minha serenidade. Sua
existência seria algo terrível demais para que eu pudesse sentir qualquer tipo
de prazer.
Deus: Para de louvar-me! Que tipo de Deus
ególatra tu acreditas que Eu seja?
Divina: Graças à minha rebeldia que me tornou
capaz de libertar minha racionalidade para que ela pudesse olhar e questionar
também o que me diziam sobre você, eu não te louvo e não acredito que você
seja. E isso me faz muito bem!
Deus: Tu te sentes grato?
Divina: A você seguramente não!
Deus: Demonstra-o cuidando de ti, da tua
saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me
louvar.
Divina: Tento sempre fazer tudo isso, mas não e
nunca com o objetivo de te louvar. Afinal, se você existisse e fosse
minimamente digno de algum tipo de louvor, certamente nem eu nem ninguém
precisaria cuidar da saúde porque você nunca teria criado as doenças.
Deus: Para de complicar as coisas e de
repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. Não me procures fora! Não
me acharás.
Divina: Felizmente não preciso tagarelar nada
do que me ensinaram sobre você, a não ser para dizer que eram mentiras,
mentiras que sequer conseguem ser confortadoras quando a gente se dá o direito
de perder o medo das ameaças de seus “representantes” e raciocinar sobre
eles, e perceber o quanto esses ensinamentos são absurdos e irracionais.
Deus:
Procura-me dentro… Aí é que estou, dentro de ti.
Divina: Mas não mesmo! Você não existe e não
está em nenhum lugar a não ser a mente de pessoas crédulas que têm medo demais
para te negar, que são carentes demais para abrir mão do privilégio ilusório de
ser amado por um ser tão poderoso (mesmo que mau) ou que usam a mentira da sua
existência para explorar o outro e se sentir no poder.
O autor do texto disse tê-lo baseado no “deus de
Spinoza”
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