19 de junho de 2020

O SENTIDO DA VIDA


Eu compreendo, até certo ponto, o que leva as pessoas a se tornarem religiosas... ou acreditarem em horóscopo, ou em ETs que visitam a terra e um dia vai levá-los a outro planeta melhor. Muitas pessoas têm necessidade de acreditar que têm alguma importância no conjunto do universo e que a vida delas tem algum propósito e alguma razão muito além, muito depois e muito "acima" delas. Muitas pessoas simplesmente não são capazes de aceitar o próprio fim. Eu quase entendo isso.

Ou seja, como disse, entendo até certo ponto. Sou mãe, sou esposa, sou uma pessoa que conhece pessoas, que se relaciona com pessoas, que ama pessoas, como no geral todos somos, cada um nos seus papéis. Para mim, minha vida tem muito sentido nesses papéis e nessas relações interpessoais que a tornam verdadeira, embora nem sempre feliz, embora nunca perfeita. Não consigo perceber muito bem por que isso não pode ser suficiente.

Sei que daqui a cem, duzentos anos, ou até bem menos tempo do que isso, não serei mais eu, e nada terá nenhuma relação comigo. Por incrível que possa parecer chego a sentir uma certa alegria por essa ideia. Não sei o que sou, mas sei que o que sou é temporário e que não haverá nada a sentir quando meu tempo passar. Se paro para pensar profundamente nisso fico maravilhada! Me sinto feliz!

Só gostaria de ter mais tempo, que não existisse velhice e que a morte fosse voluntária, mas isso são utopias, puras utopias de quem gosta de aprender, ler e sonhar.

Parece loucura? Não sei, acho mais loucura ficar tentando se enganar por algo tão sem propósito como procurar um "sentido da vida" quando o verdadeiro sentido da vida está bem aqui do meu lado, no sorriso do meu filho, na voz do meu marido, no olhar dos meus alunos, no abraço dos meus amigos.

Não sei... não compreendo muito bem essa necessidade de mais sentido.

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