1 de julho de 2020

PARALELA

Queria dizer de como te encontrei perdido
A cabeça em ocaso e olhos pedintes
Percorrendo os calçamentos da alma
Queria dizer também do sorriso que havia em seus cabelos
E que quase não pude ver tão rápido se evaporou

Mas algo me tranca a língua e consigo somente
Vislumbrar no além teu vulto que se vai
Perdido e só
Caminhando lento e cheio de sol

Penso apenas que alguém
Ou alguma força estranha e descabida
Não permitiu que minhas mãos se movessem
Em direção às suas
Não deixou que meus pés caminhassem
Até você

Mas essa mesma força medonha
Nos levou a caminhar juntos
Juntos mas eternamente separados
Como duas paralelas

Essa mesma força permitiu
Que eu pisasse forte
Minha vida sobre a tua
E machucasse tua inocência

E caminhei com olhos pesados
Podendo te sentir ao longe
Mas nunca te encontrar
Do outro lado da rua.

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