Então
vamos revisar: Seguindo fielmente o que dizem, inspirada pelas coisas todas que
os que creem em deus dizem e pelas coisas todas que todo mundo vê à sua volta,
a linha de raciocínio é essa: No começo não havia nada, e quando digo nada é
nada mesmo! Não havia as leis da natureza porque não havia natureza, não havia
as leis da física porque não havia física, não havia as regras da existência, o
instinto de sobrevivência, a possibilidade de superpopulação de insetos ou de
pessoas, não havia absolutamente NADA! Exceto deus. Esse havia e ninguém diz
como, nem onde, nem a partir de quando ou de que forma surgiu; alguns dizem que
ele mesmo se criou, alguns dizem que sequer surgiu, que sempre esteve, que
sempre foi. Assim eles mostram que na verdade não havia “o nada”, eles mostram
que na verdade deus não criou a partir do nada, se o nada é total ausência e se
havia uma presença, se havia algo, chamado deus, então, é claro, não havia “o
nada”. Mas, não vendo o contrassenso, eles insistem e afirmam que era o NADA,
que havia o nada onde (que onde?) apenas havia deus, mais nada!
Bem,
seguindo a “verdade” que a religião ensina temos que deus - o único que
havia e que não impedia que o nada houvesse - é onipotente. Se é onipotente
significa que ele pode tudo! TUDO, o contrário de nada! Tudo e tudo mesmo! Ou
seja, ele não está preso às leis da física, da natureza, da sobrevivência, ou a
quaisquer outras leis, afinal, ele criou a física, a natureza, a sobrevivência,
etc, etc, etc ad infinitum! Não havia nada, portanto, não havia obstáculos,
limites, regras, prazos. Só havia deus e deus é onipotente, não esqueça disso:
Deus é onipotente! Que limite, que regra pode haver para um ser onipotente que
resolveu criar algo? Lembre-se: Estou apenas raciocinando em cima do que dizem
os teístas quando explicam a Criação, por mais que, depois, esses mesmos
teístas venham dizer que deus não criou assim ou assado, que deus não age assim
ou assado porque alguma lei da natureza, que eles citam, seria quebrada. Mas
acho que essa teria que ser outra conversa, sobre dar “nós no cérebro” com o
intuito de explicar o inexplicável e justificar o injustificável. Deixemos para
lá por enquanto.
E assim,
com todo esse poder e sem nenhuma limitação ou obstáculo, deus vai e cria algo,
cria por decisão própria, porque não havia mais ninguém para opinar ou
interferir e porque é preciso decidir fazer alguma coisa antes de fazê-la,
certo? Para justificar essa minha afirmação diante do teísta posso usar até
mesmo seu próprio livro sagrado: Está lá, na bíblia, que deus, antes de mandar
o dilúvio, decidiu mandar o dilúvio, portanto, não vejo como ser mais clara e
não vejo como esse fato possa ser contestado por um teísta: Deus seguiu
certamente essa sequência, primeiro pensou, planejou, arquitetou, decidiu criar
o mundo, só depois criou o mundo. Não sabemos como porque somos limitados e
ignorantes, mas o “fato” é que deus criou o mundo depois de decidir
criá-lo, e a prova disso é que aqui estamos, nós e o mundo, esse mundo que os
teístas apontam como prova “inequívoca” da “verdade” dessa
criação. Deus criou o mundo e a existência do mundo prova que deus criou o
mundo. Qualquer outro argumento é descartado sob pena de heresia e pecado que
leva ao inferno.
Então,
ainda seguindo à risca o que dizem os teístas, deus criou porque é onipotente,
porque quis criar e porque era o único que existia, criou sem ninguém mandar,
criou a partir do nada mais absoluto, criou porque quis e o que quis e do jeito
que quis, ou será que é possível que seja diferente? Será que algum teísta pode
dizer que deus criou mas não foi bem do jeito que quis, que deus criou mas não
foi bem planejado e por isso algumas coisas deram erradas e o geral não saiu
como ele queria, deus criou mas tinha uma limitação “cerebral” e uma
certa dificuldade de planejamento e, por isso, acabou fazendo caca. Será que
algum teísta pode mesmo afirmar algo assim? Pode! Mas aí chega naquela parte do
“nó no cérebro” de que falei ali em cima. Deixemos para lá.
Continuando
na parte da Criação, temos então que deus criou o mundo depois de decidir,
planejar e escolher. E o que é que ele escolheu para criar mesmo podendo criar
qualquer outra coisa ou qualquer coisa diferente? (onipotência, lembra?) Sim,
não nos esqueçamos nunca disso: Deus é onipotente e, portanto poderia criar
absolutamente qualquer coisa diferente do que criou, qualquer mundo diferente
do que criou (sem limite, lembra?). Ele escolheu criar uma natureza exuberante,
linda, colorida e perfumada sim, mas escolheu que essa natureza fosse regida por
diversas leis, leis que não existiam antes dele e que ele também criou do nada,
leis que muitas vezes fazem seres míseros e insignificantes como eu, sem poder
e sem conhecimento nenhum, terem engulhos e se arrepiarem de horror. E esse é
um deus todo bondade!
Deus
criou a vida! Ah, que linda que é a vida! Peraí! É linda mesmo? Comparada com o
quê? Dá pra tentar fazer um exercício de imaginação e pensar em outro tipo, ou
outros tipos de vida que poderiam existir e que fossem radicalmente diferentes
das vidas que existem? Todos, todos nós mesmo, certamente preferiríamos, se
pudéssemos escolher, uma vida que não tivesse doenças, que não tivesse velhice,
que não tivesse violência, que não tivesse assassinatos. Todos nós, seres
humanos, se pudéssemos escolher um outro tipo de vida, a não ser que sejamos
sádicos ou egoístas demais para isso, preferiríamos uma vida na qual as pessoas
(no mínimo as pessoas!) não sofressem tanto. Mas o deus onipotente não foi
capaz de planejar nada diferente do que fez? Como não?
Raciocinando
a partir do que me dizem os teístas deus, esse deus que é tão poderoso e tão
bom como os teístas dizem e não se cansam de dizer, justamente por ser tão
poderoso poderia, antes de criar o mundo, escolher, e escolhendo poderia ter
criado uma vida sem tantos horrores, sem tantas dores, sem tanto sofrimento, sem
tantas mortes; ele poderia fazer isso com toda a certeza porque é onipotente,
mas não o fez. Pensando nisso procuro a bondade secreta, seguramente muito bem
escondida dentro dessa escolha, mas não consigo encontrar. E não consigo
entender os tais “nós no cérebro” que os teístas dão na tentativa
frustrada e frustrante de “desenhar” como realidade um deus onipotente e
bom que escolheu criar e criou o mundo em que vivemos.
Pensando
e pensando muito podemos ver que embora muitos artistas, principalmente na literatura
e no cinema, tenham tentado criar mundos e vidas diferentes, talvez não esteja
a nosso alcance imaginar tanto; afinal, as tentativas desses artistas, se a
gente for olhar de perto e com bastante atenção, não ficaram tão diferentes
assim da realidade; todos os outros mundos criados têm conflitos, todos têm
guerras, em todos acontecem assassinatos e desavenças, em todos tem pelo menos
um vilão. Se algum desses artistas consegue criar um mundo aparentemente
melhorzinho, um mundo que não tem todas essas coisas, ao menos algumas delas
ele certamente tem, e na história que criam e contam, invariavelmente, qualquer
mundo um pouco melhor logo vai ter algum mundo mais parecido com este que vai
invadir o mundo “quase perfeito” e destruí-lo.
Aparentemente
não há mundos perfeitos na imaginação dos seres humanos. Não há falta de
sofrimento e de conflito, pelo menos não me lembro de ter visto ou lido nenhum
caso. Nas histórias de ficção da literatura ou do cinema, não faltam dores e
desavenças em nenhuma daquelas histórias em que o autor usa a imaginação no
mais alto grau possível para fantasiar um mundo que seja outro e diferente do
mundo em que estamos. Desde o País das Maravilhas de Alice até Avatar de James
Cameron, não podemos encontrar mundo ficcional que não tenha nenhuma das
mazelas do nosso mundo real. Parece que a imaginação do ser humano não é capaz
de alcançar esse objetivo, se é que é capaz de conceber esse objetivo. Mas deus
é onipotente, não é? Ele é bom, não é? Então, ele certamente poderia ter imaginado
e criado algo completa e totalmente diferente do que somos e do mundo em que
vivemos, não é? Mas, parece que decidiu que não era assim o mundo que queria
criar, por isso não criou.
Com base
no que os teístas afirmam posso concluir que deus escolheu criar tudo como é e
como está, ele escolheu nos criar como somos e como estamos. Daí que “A vida
é linda comparada com o quê?” não é uma pergunta absurda que se poderia
fazer a deus. Se deus existisse, como os teístas afirmam com tanta certeza.
Enfim, ele pode escolher antes de criar, ele poderia ter imaginado e criado
qualquer outra coisa, inclusive coisas que certamente estão além da nossa
capacidade de imaginação; mas, mesmo podendo tudo e qualquer coisa, ele
escolheu isso, imaginou isso, e, o que é pior, escolheu criar o que imaginou,
escolheu tornar real e concreta toda a cadeia de horrores que imaginou,
resolveu manter, durante séculos e séculos, tudo aquilo que imaginou e criou.
Como é que alguém consegue enxergar bondade nisso? Resposta: Dando “nós no
cérebro” para explicar o inexplicável e justificar o injustificável.
Na minha
visão, só o fato de ter conseguido imaginar os horrores que existem no mundo
antes de eles existirem, antes de o próprio mundo existir, tira de deus
completamente sua característica de bondade suprema. Veja bem, ainda seguindo o
que os teístas pregam como verdade, ele “pensa”, “imagina” e
cria, e o que ele cria? Cria a vida que só vive à custa da destruição de outras
vidas. E, não se esqueça, ele é ONIPOTENTE! Como é que alguém consegue amar e
respeitar um deus desses? Resposta: Dando “nós no cérebro” para explicar
o inexplicável e justificar o injustificável.
Alguém
poderia dizer que estou exagerando e que esse mundo e essa vida tem sim muitas
maravilhas e, por causa dessas maravilhas, eles podem ver claramente que esse
mundo poderia ser maravilhoso “como deus planejou” se nós, seres
humanos, agíssemos conforme “deus queria que a gente agisse”. Deixando
de parte o fato de que esse “nó no cérebro” dá ao ser humano um poder
sobre deus e suas vontades que não faz muito sentido que meras criações possam
ter, vamos olhar essa criação mais de perto pouquinha coisa. O que tem de
bonito na vida que deus criou? Ah, tem muita coisa! Tem árvores, tem flores,
tem gatinhos peludos, tem mar, tem pôr-do-sol, tem cores aos montes, tem
brilho, tem sorrisos, tem crianças! Tem música, tem perfume, tem amor, tem
luar, tem arte, tem sabor, tem brilho, tem o mar fazendo ondas, tem nuvens
brancas criando formas no azul, tem as estrelas caindo na noite, faiscando,
mudando de lugar, fazendo abrir e esquecer de fechar a boca da gente. Tem
gente!
Mas, se
olhar mais de perto, tem fome, tem frio, tem medo, tem dor; tem um animal
devorando as entranhas do outro que ainda tenta se mover desesperado; tem
bichinhos que só estão vivos quando devoram outros bichinhos e que deixam de
estar quando são por outros devorados; tem seres que estão, durante toda a
vida, entocados para matar e não serem mortos; tem pequenos animais que para
crescerem a partir de ovos e larvas, devoram durante dias, semanas, meses, a
partir das entranhas, o outro animal dentro do qual foram por suas mães
colocados; tem terremotos, avalanches, incêndios, enchentes, erupções,
furacões, tornados, maremotos, secas, alagamentos. E, além de tudo isso, tem
gente!
Dizem que
deus fez o homem à sua imagem e semelhança. E o que é o homem? O que é esse
animal que se diz soberano sobre todas as outras formas de vida? O que é esse
animal que se acha superior a qualquer outra forma de vida, inclusive ao outro
homem? Que animal deus escolheu para ser a sua imagem e semelhança?
Simplesmente o maior assassino do mundo por ele criado! O único animal que mata
por prazer, o único animal que chama assassinato de esporte. Será que o fato de
ter feito essa escolha já não deporia contra deus e sua alegada bondade? Olha
só para o homem, “a mais perfeita criação de deus”, para mim isso parece
mais uma suprema ironia, ou uma brincadeira de mau gosto do que qualquer coisa
que minimamente se pareça com um possível fato, com uma possível verdade.
O homem,
seguindo a “verdade” do teísta, é um ser criado do barro no qual foi
assoprado o alento da vida. E, aparentemente, junto com essa vida, como parte
integrante dela, nesse animal chamado homem foi colocado também o egoísmo, a
inveja, a ganância, o medo, o preconceito, o orgulho, a vaidade, o prazer de
destruir, o fascínio pela morte, a vontade de submeter, de humilhar, de
torturar, de fazer sofrer. Esse é o ser que se diz o mais perfeito. De tudo
isso, ouvindo e lendo essas histórias e argumentos de teístas, concluí que se
deus é onipotente, o homem é oniprepotente! E o teísta, entre tantas coisas que
não percebe, não percebe nunca o quanto está sendo prepotente ao crer, afirmar
e insistir na “verdade” desse conto da carochinha que outros seres
humanos prepotentes criaram e contaram para ele.
Se o
mundo todo fosse realmente perfeito, lindo, maravilhoso e bom, ainda assim deus
não poderia ser a “perfeita criação de um deus onipotente, amoroso e bom”;
e não o poderia justamente pelo fato de nesse mundo existir um animal chamado
homem. Tudo o que há de ruim, de terrível e de tenebroso no mundo, e que
estaria sem sombra de dúvida também nesse deus caso esse deus existisse, está
presente e patente na alma humana. Por mais que a gente veja e conheça pessoas
maravilhosas no mundo, essas mesmas pessoas maravilhosas hão de reconhecer que
o ser humano, analisado como raça, tem que ser muito de terrível.
E, se
pensamos bem, sem as amarras da fé, vemos que o homem como raça tem de terrível
em si o suficiente para negar, com sua própria essência e com sua própria
existência, a possibilidade de ter sido criado por um deus todo bondade. Em
última análise posso dizer, e acho que qualquer pessoa poderia dizer o mesmo:
Porque eu existo esse deus todo bondade não tem como existir; minha própria
existência é, para mim, prova suficiente da não existência de deus. A presença
do homem no planeta torna a veracidade da existência e da bondade de deus algo
logicamente absurdo. Um deus com todo o poder que os teístas atribuem a ele e
que fosse realmente bom, jamais criaria um ser tão terrivelmente imperfeito e
mau como é o ser humano. A existência do homem na terra, apesar dos seres
humanos maravilhosos que nela existiram, existem e existirão, é, por si só,
prova mais do que válida de que o deus que cultuam nas catedrais, mesquitas,
templos e sinagogas não tem como existir. O que fica realmente difícil de
entender é a vaidade que impede o ser humano teísta - mesmo os melhores deles -
de olhar para si mesmo e perceber esse fato tão óbvio.
E a esse
homem “criado à sua imagem e semelhança”, deus deu também, além da
suprema maldade, da suprema prepotência e da quase incapacidade de enxergar a
si próprio, o envelhecimento, as doenças, as deficiências físicas e mentais, a
capacidade de criar máquinas de matar e de criar a língua para, dentro dela,
criar o eufemismo, o eufemismo que salva a todos porque graças a ele o homem
não assassina peixes, ele pratica o esporte da pesca; não assassina animais,
abate para venda e consumo ou pratica o esporte da caça, não destrói a
natureza, cria novas tecnologias, não humilha o seu semelhante, coloca-o no seu
lugar; não espanca seus filhos, educa-os, não rouba, adquire bens; não explora,
contrata funcionários; não é ladrão, é político!
E aí está
aquilo que, além e mais do que qualquer coisa, por mais que os teístas tentem
me explicar eu não consigo entender! A esse deus que criou todo esse circo de
horrores forrado de belezas feitas para atrair e destruir, o teísta chama de “Deus
de Bondade”! Que bondade? Um ateu leigo feito eu vai olhar muito e, embora
consiga ver bondade em muitos seres humanos, como indivíduos e ver beleza na
natureza como plástica, não poderá, por mais que tente, ver onde está essa bondade
que teria vindo de um deus criador onipotente cuja existência os teístas
afirmam.
Chegou a
hora de falar um pouquinho sobre os já citados “nós no cérebro”. Os
defensores desse deus inventaram um tal livre arbítrio que, quando tentam
explicar o que é e para que seja, não conseguem fazer com que suas explicações
façam qualquer sentido. Dizem que é um “presente” que deus deu aos
homens, mas só os algozes têm, nunca a vítima; dizem que sem o livre-arbítrio
seríamos todos “robozinhos” sem vontade própria como se deus de repente
deixasse de ser onipotente e não pudesse criar um mundo no qual suas criações
não precisassem cometer horrores para não se tornarem “robozinhos sem
vontade própria”. E não adianta a gente tentar argumentar; eles vão dando “nós”
e mais “nós” no cérebro e não conseguem perceber que não estão
conseguindo atingir seu objetivo de inocentar seu deus. Muitos dizem que
vivemos em um mundo de opostos e que é necessário que seja assim, dizem que é
preciso ter o claro e o escuro, o bem e o mal, o bonito e o feio; dizem que a
existência dos opostos é natural e necessária. Eles não se dão conta (de novo!)
de que não pode ter nada “necessário” se quem criou tudo foi um deus
onipotente. Esse é um argumento muito parecido com outros que usam as leis da
natureza para inocentar deus pela existência do mal, como dizer que se deus
acabasse com a predação nós sufocaríamos com a quantidade de animais que só não
é tão grande graças aos predadores. Nesse tipo de argumento eles usam as leis
da natureza como se elas fossem anteriores a deus e não se dão conta de que
estão fazendo isso.
Tem
também os que negam a existência do mal por não haver intenção. Segundo eles, o
mal não existe na natureza porque a natureza é neutra, é apenas necessária. No
homem está sim o bem e o mal, mas apenas segundo sua escolha e porque deus deu
a ele o tal livre-arbítrio de que já falei, na natureza não é assim. Porque não
há maldade no tigre que rasga as entranhas do cervo vivo, o ato de rasgar as
entranhas de um cervo vivo não é um mal e não se justifica qualquer tipo de pena
ou asco que se possa sentir diante da possibilidade de imaginar o pavor, a
agonia e a dor do bicho dilacerado. Eu que sou uma danada de uma ateia malvada
não consigo deixar de pensar se os teístas que usam esse argumento sentiriam a
mesma indiferença que sentem diante do cervo dilacerado se em lugar do cervo
fosse alguém que eles amam. Será que continuariam dizendo que não existe nenhum
mal em ser devorado por um tigre? Além de conseguirem levar sua falta de piedade
a extremos na tentativa de defender o deus indefensável, eles conseguem
esquecer completamente que quando uma pessoa (no caso eu) pensa como um mal a
existência do tigre devorando o cervo ainda vivo, não está pensando que o tigre
é mau, estou pensando e argumentando que o fato de existir um mundo em que a
vida só pode ser vida a custa de outra vida é um mal se esse mundo foi
imaginado, planejado, escolhido e criado por um deus onipotente.
Não, eles
não entendem esse argumento e nenhum outro, eles apenas continuam e continuam
dando “nós no cérebro” na tentativa desesperada e frustrante de
justificar o injustificável e defender o indefensável. Tudo isso para não
perder o conforto de ser o predileto, amado e privilegiado escolhido para a
vida eterna em um paraíso prometido. Não conseguem sequer desconfiar que um
deus capaz de ameaçar e exigir tanto esforço para “explicar” que mau é
bom e bom é mau, no mínimo, não deve ser muito confiável.
2 comentários:
A formatação de um ser supremo pelas religiões são errôneas, mas nossa espiritualidade insiste em nos intuir existência superior. O Infinito do Universo material, por si , já remete ao divino. Errôneo viver apenas o material, o finito, a ponta do iceberg, nosso entendimento meramente experimental da matéria barionica e desconsiderar o praticamente todo espiritual que somos.
Bem, eu não concordo. Até entendo essa necessidade e conforto de se ver como ser além da matéria, mas não acredito que sejamos tão especiais assim... acho que somos só matéria e energia mesmo, e acho que matéria e energia são suficientemente fantástica para "embasbacar" a gente, sem necessidade de acreditar em coisas sem comprovação, como deuses e espiritualidade. Mas, como não posso provar, não afirmo. Se acreditar faz bem à pessoas sem prejudicar ninguém, quem sou eu para ser contra?
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