19 de junho de 2020

ECONOMIA CAPITALISTA


Não entendo de economia, não consigo me concentrar nesse assunto, tenho dificuldade com números. Mas, pelo que li dos comentários de algumas pessoas que falam sobre economia, o que penso é que os dois lados aparentemente opostos muitas vezes estão certos; e, ao mesmo tempo, os dois estão errados.

Deixa ver se consigo me explicar: Basicamente concordo com Pierre-Joseph Proudhon, o cara que disse "Toda propriedade é um roubo", e, por conta disso, concordo com os que criticam os empresários e defendem o trabalhador à maneira do poema Operário em Construção, do Vinícius de Moraes.

E concordo mais ainda quando percebo que no momento em que alguém usa discurso “anticapitalista”, o operário que está defendendo não é o João ou o Mário. A pessoa está falando do operário como classe, daquele que foi explorado trabalhando 12, 14 e até mais horas por dia, sem direito a fim de semana ou férias, no começo da revolução industrial que enriqueceu muita gente em um sistema que matou muitas mais; a pessoa está falando do operário de hoje, que trabalha a semana inteira e que, quando sai a passeio com a família, nas férias ou no domingo, é olhado com nojo pelos representantes da elite, ou dos que se acham elite. Esses “cidadãos sem preconceito” que dizem sobre a presença desse operário nos lugares que só “merecem” ser frequentados por seus narizes empinados o que uma “bonitinha” que trabalha com meu marido disse sobre a praia do Flamengo, explicando por que não gosta de lá: "É bonita, mas muito mal frequentada".

Então, pensando nessas e outras coisas do tipo, concordo com quem coloca o empresário como o explorador insaciável, ganancioso e imoral.

Agora, se tento seguir meu próprio conselho e “Nunca generalizar!”, ou se tento encontrar uma solução do tipo eliminar a propriedade, ou dar a todos os operários uma empresa para administrar, ou... Enfim, toda solução em que penso acaba por não satisfazer porque, se toda propriedade é um roubo, na maioria dos casos, nem os ladrões nem as vítimas estão por aqui para que possamos devolver o produto do roubo a seus legítimos donos. E quem devolveria? Conhecendo o bicho que o animal humano é e olhando para os acontecimentos da história, me parece muito mais provável que os que tomam a propriedade para “devolvê-la a seus donos” acabam na verdade tomando-a para si e, no processo, tomando também, como propriedade, os “seus donos” a quem deveriam devolver a propriedade em questão.

Fica difícil, e não consigo pensar em solução também porque, para o bem e para o mal, nossa sociedade está estruturada de tal forma que, para sobreviver, a maioria das pessoas precisa vender sua força de trabalho, física ou intelectual e, como dizem os que defendem o capitalismo, e eu que na prática sou obrigada a fazer coro com eles: “Se não tenho jeito para ser empresário é bom que alguém tenha para que eu possa ter um emprego”.

O que falta, e que nunca teremos sem luta, é justiça, é respeito pela pessoa, é diminuir o preconceito que marginaliza o operário. O que falta é acabar com a ganância que faz com que esse operário não receba um pagamento justo pelo seu trabalho, é acabar com essa cultura elitista e irracional que impede que o operário receba sequer o direito de ser visto e tratado como ser humano. Mas às vezes penso que, para que isso aconteça, teríamos que mudar a essência do ser humano, o que não me parece possível, infelizmente.

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