19 de junho de 2020

A VELHICE É UMA MERDA!


Odeio meus cabelos brancos! Adoraria não os ter e simplesmente não acredito que alguém realmente os ache bonitos quando acompanhados das rugas, ou seja, quando são realmente marcas do tempo e não falta de pigmentação ou trabalho de um bom cabeleireiro. Odeio todo esse meu corpo que está se deteriorando, dia a dia mais feio, dia a dia mais cheio de fraquezas, debilidades e dores que sei que só vão aumentar.

Quem diz coisas positivas a respeito da velhice das duas uma: ou seleciona cuidadosamente as palavras e as frases para destacar como se fossem vantagens da velhice justamente as poucas coisas da juventude que ainda podem restar em um velho, ou mente descaradamente.

A velhice não torna ninguém melhor, nem mais tolerante, seja com os outros, seja consigo mesmo. Conheci muitos jovens bons e tolerantes e muitos velhos maus e intolerantes. Sempre me julguei muito tolerante e sempre tentei ser amável com as pessoas, mas nunca fui amável comigo mesma, e continuo não sendo. Os anos me tornaram mais tolerante em algumas coisas e menos tolerante em outras; me tornaram mais amável com algumas pessoas e menos amável com outras, mas isso aconteceu enquanto eu vivia e não enquanto eu me tornava velha. Enquanto vivia; não enquanto envelhecia; fui me tornando menos tolerante e menos amável comigo mesma porque fui me conhecendo melhor.

Não aceito, em hipótese alguma, que mudanças sejam benefícios da velhice; estou certa de que são apenas experiência e crescimento que se adquire enquanto e porque estamos vivos. Viver é aprender e é também mudar; mas as mudanças benéficas que adquirimos vivendo são as mesmas que se vão perdendo na decrepitude da velhice; quando a velhice nos vai tomando de nós mesmos. As mudanças da vida, comuns e reais, não são vantagens da velhice e certamente não merecem ser acompanhadas de decrepitude e decadência física.

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