Odeio meus cabelos
brancos! Adoraria não os ter e simplesmente não acredito que alguém realmente
os ache bonitos quando acompanhados das rugas, ou seja, quando são realmente
marcas do tempo e não falta de pigmentação ou trabalho de um bom cabeleireiro.
Odeio todo esse meu corpo que está se deteriorando, dia a dia mais feio, dia a
dia mais cheio de fraquezas, debilidades e dores que sei que só vão aumentar.
Quem diz coisas
positivas a respeito da velhice das duas uma: ou seleciona cuidadosamente as
palavras e as frases para destacar como se fossem vantagens da velhice
justamente as poucas coisas da juventude que ainda podem restar em um velho, ou
mente descaradamente.
A velhice não torna
ninguém melhor, nem mais tolerante, seja com os outros, seja consigo mesmo.
Conheci muitos jovens bons e tolerantes e muitos velhos maus e intolerantes.
Sempre me julguei muito tolerante e sempre tentei ser amável com as pessoas,
mas nunca fui amável comigo mesma, e continuo não sendo. Os anos me tornaram
mais tolerante em algumas coisas e menos tolerante em outras; me tornaram mais
amável com algumas pessoas e menos amável com outras, mas isso aconteceu
enquanto eu vivia e não enquanto eu me tornava velha. Enquanto vivia; não
enquanto envelhecia; fui me tornando menos tolerante e menos amável comigo
mesma porque fui me conhecendo melhor.
Não aceito, em hipótese
alguma, que mudanças sejam benefícios da velhice; estou certa de que são apenas
experiência e crescimento que se adquire enquanto e porque estamos vivos. Viver
é aprender e é também mudar; mas as mudanças benéficas que adquirimos vivendo
são as mesmas que se vão perdendo na decrepitude da velhice; quando a velhice
nos vai tomando de nós mesmos. As mudanças da vida, comuns e reais, não são
vantagens da velhice e certamente não merecem ser acompanhadas de decrepitude e
decadência física.
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