Na verdade, nem acho que falta alguma disciplina no
currículo das escolas públicas, o que falta é mais planejamento do conteúdo das
disciplinas que já estão no currículo. História, por exemplo, é uma matéria que
deveria ter mais horas de aula, que seus conteúdos relacionassem o passado com
o presente em cima de temas específicos como a história das religiões, das
guerras, da mídia, da política, e suas consequências, destacando não apenas os
benefícios e avanços, mas, talvez principalmente, os danos causados por essas
criações humanas. Não sei se estou me expressando bem, não é a minha
disciplina, mas acho que seria de grande importância que, MUITO mais do que
contar o que aconteceu, a disciplina pudesse colocar aquele tema sempre em uma
relação de tempo que o trouxesse do passado para o presente e trabalhasse
outras questões relacionadas àquela passagem; questões filosóficas,
geográficas, artísticas, éticas, etc.
Muito importante seria que NUNCA sequer se pensasse em
aceitar a hipótese de eliminar disciplinas como filosofia e artes, mas, ao
contrário, dar mais tempo e mais condições a esses profissionais de atuarem
efetivamente e de forma mais autônoma levando seus conhecimentos para além das
salas de aula e dos horários estipulados na grade.
E, para falar da minha disciplina, que os currículos se
preocupassem menos com uma sequência de temas de gramática e mais, MUITO MAIS,
com leitura e compreensão de textos variados e produção de críticas,
reescritas, paráfrases e textos paralelos sobre os textos e seus temas, muito
variados sempre e, de preferência, escolhidos pelos professores e não por
empresários preocupados em vender livros e autores de livros didáticos sempre
atrelados a só usarem textos (repetitivos) cuja publicação foi autorizada. E,
não esquecendo porque é MUITO importante, o que já delineei lá em cima: a
interdisciplinaridade. Com professores de disciplinas diferentes planejando,
preparando e aplicando conteúdos conjuntamente. O chato é que isso demandaria
mais tempo do professor para a preparação e correção das atividades, demandaria
a necessidade de aulas conjuntas com professores de disciplinas diferentes na
mesma sala, no mesmo momento, fazendo o mesmo trabalho; e não se paga professor
por isso.
Além de tudo, e chovendo no molhado, é preciso que as
escolas tenham condições mínimas de trabalho, com material e estrutura
suficiente. Em muitas até aquele bastão branco ultrapassado chamado giz falta,
mais ainda outras coisas como condições de fazer cópia de um texto,
possibilidades de colocar uma música ou passar um vídeo em sala de aula. Só
temos, e muitas vezes funcionando bem mal, uma sala de vídeo cujo uso os
professores têm que praticamente disputar a tapa. E nem vou falar em
computadores! Enfim, falta muita coisa além de mudança de currículo, mas os
nossos governantes preferem repassar o dinheiro da educação para sei lá quem
produzir material inútil e desnecessário como apostilas e "provas
oficiais" que têm como objetivo "mostrar" como os professores
são os responsáveis, os culpados, estão “despreparados” e, por isso, é justo
atrelar seus salários às "melhoras" nas notas dos alunos.
Como digo sempre, eu queria muito mesmo saber quantos
empresários estão enriquecendo absurdamente com a produção das apostilas e
provas periódicas que são impostas às escolas.
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