Uma pessoa no Facebook teimou em
dizer que “carnistas são psicopatas". Chamar quem mata animais para comer de
psicopata é radicalismo nocivo. Tem gente morrendo de fome no mundo e no Brasil
e dizendo isso você está chamando essas pessoas de psicopatas. Pense melhor,
por favor!
Às vezes quem mata um animal é
simplesmente alguém que tem fome ou que precisa alimentar seus filhos.
Infelizmente nem todo mundo pode ser vegano ou recusar um emprego.
Entendo que em muitos casos e
para até bastante gente dá para se alimentar de vegetais, ou pelo menos
diminuir drasticamente o consumo de carne, aqui em São Paulo e no Rio de
Janeiro tem os tais sacolões que vendem vegetais a preços bem acessíveis, fora
as feiras livres onde alguns vegetais muito saborosos você pode conseguir até
de graça, como as folhas das beterrabas, que os feirantes jogam fora e são
deliciosas. Quando falei em pessoas que não podem pensava em quem vive abaixo
da linha de pobreza e que come o que aparece quando aparece, em quem mora fora
dos grandes centros e que sequer sabe o que é esse tal veganismo, em
pescadores, em pessoas que trabalham em abatedouros e criadouros de animais
para abate. O Brasil é muito grande, não podemos nos pautar apenas pelo nosso
ambiente.
Tudo isso para dizer que o
veganismo como atitude individual pode ser (e é!) muito louvável, mas só uma
ação social muito maior pode conseguir que o consumo de carne deixe de ser alto
e danoso como tem sido até agora. E como nem mesmo dentro de uma família é
fácil encontrar adeptos, nem sei dizer o que podemos fazer de realmente eficaz
para que o veganismo se torne algo social, a única maneira, a meu ver, de essa
atitude ter impactos significativos na conservação da vida humana no planeta. Porque
impacto na saúde não parece assim tão significativo agora que estamos comendo
agrotóxicos cancerígenos em todas as refeições.
O ruim, a meu ver, é sempre o
radicalismo no julgamento do outro. Se a pessoa come carne passa automaticamente
a ser classificada como psicopata? Isso é radicalismo e absurdo como todo
radicalismo. Se a pessoa é vegana logo é um chato que não deixa ninguém comer
seu bife em paz? Isso é radicalismo também. O vegano radical não leva em
consideração as muitas nuances da situação, desconsidera a existência de
pessoas que não têm escolha, desconsidera o fato de que nem todo mundo tem
informação suficiente para ser convencido, desconsidera que nem todos os que
matam animais sentem prazer nisso. E as pessoas que acham que basta ser vegano
para ser chato e intransigente aparentemente não conhecem muitos veganos e
estão cometendo o erro de generalizar; a generalização que é raiz de todos os
preconceitos. E, talvez por causa desse radicalismo, nos argumentos dos dois
lados é comum a gente ler ou ouvir informações científicas e históricas falsas
ou incompletas. Por último ninguém vai conseguir aliados com ofensas.
Os níveis de crueldade na criação
e no abate industrial dos animais é algo absurdamente nojento. Por isso que, a
meu ver, ser vegetariano ou vegano não resolve muita coisa enquanto essas
indústrias existirem como parte do sistema capitalista em que vivemos. Qual é
solução? Não faço a menor ideia! Admiro muito as pessoas que optam pelo
veganismo, mas sinto que, infelizmente, elas não estão fazendo muita diferença
efetiva. Adoraria estar enganada!
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