14 de junho de 2020

A IGNORÂNCIA É UMA BÊNÇÃO?


Na minha visão é fato que os ignorantes (no sentido dos que ignoram) são mais felizes. Eu sou ignorante e sou muito feliz. Ou, melhor dizendo, eu sou muito ignorante em muitas coisas e não tão ignorante assim em umas poucas coisas, por isso eu sou feliz... às vezes. Acho que muitas pessoas são assim como eu.

Mas, mesmo sentindo isso e sabendo disso, se você for uma daquelas pessoas questionadoras e de mente inquieta, você não consegue se acomodar, vai buscar conhecimento, vai fazer perguntas e procurar respostas, vai deixar de ser tão feliz. É a essência, é a personalidade da pessoa que a leva a ser mais curiosa, a buscar mais respostas, a fazer mais perguntas. A perder o sono pensando. Esse tipo de pessoa não consegue ser feliz aceitando a ignorância de forma pacífica.

Acho que quando digo que pensar dói não estou mentindo.

A ciência e a filosofia podem ensinar a pensar de forma ampla o suficiente para que a pessoa tire os olhos do próprio umbigo. Isso pode levar à angústia. A angústia de se saber sozinho, de se saber insignificante, de se saber ignorante. De se saber livre, porém impotente. Livre-aprisionado.

Mesmo sabendo que a angústia é o preço, você paga porque não consegue viver de outra forma.

Mas, e os prazeres? A filosofia não os impede, o que ela faz é pensar, inclusive esses prazeres.

Mesmo sabendo que a ignorância pode trazer mais alegria (ou menos tristeza) eu não queria ser feliz assim. Talvez apenas porque não sou e não posso fazer nada quanto a isso, não sei. O fato é que gosto de aprender, gosto de pensar (mesmo que doa), gosto de descobrir, gosto de saber. Ou melhor, gosto de “querer saber”, como disse Carl Sagan.

O deus das religiões (cristão, muçulmano ou judeu) é cheio de regras e dogmas, impede a satisfação, mesmo normal e saudável, dos instintos do corpo – dos prazeres – e com esse mesmo tipo de arma – regras e dogmas – impede o questionamento saudável, a busca honesta pelo conhecimento.

É por isso que sou ateia.

Nenhum comentário: