Na minha visão é fato
que os ignorantes (no sentido dos que ignoram) são mais felizes. Eu sou
ignorante e sou muito feliz. Ou, melhor dizendo, eu sou muito ignorante em
muitas coisas e não tão ignorante assim em umas poucas coisas, por isso eu sou
feliz... às vezes. Acho que muitas pessoas são assim como eu.
Mas, mesmo sentindo
isso e sabendo disso, se você for uma daquelas pessoas questionadoras e de
mente inquieta, você não consegue se acomodar, vai buscar conhecimento, vai
fazer perguntas e procurar respostas, vai deixar de ser tão feliz. É a
essência, é a personalidade da pessoa que a leva a ser mais curiosa, a buscar
mais respostas, a fazer mais perguntas. A perder o sono pensando. Esse tipo de
pessoa não consegue ser feliz aceitando a ignorância de forma pacífica.
Acho que quando digo
que pensar dói não estou mentindo.
A ciência e a filosofia
podem ensinar a pensar de forma ampla o suficiente para que a pessoa tire os
olhos do próprio umbigo. Isso pode levar à angústia. A angústia de se saber
sozinho, de se saber insignificante, de se saber ignorante. De se saber livre,
porém impotente. Livre-aprisionado.
Mesmo sabendo que a
angústia é o preço, você paga porque não consegue viver de outra forma.
Mas, e os prazeres? A
filosofia não os impede, o que ela faz é pensar, inclusive esses prazeres.
Mesmo sabendo que a
ignorância pode trazer mais alegria (ou menos tristeza) eu não queria ser feliz
assim. Talvez apenas porque não sou e não posso fazer nada quanto a isso, não
sei. O fato é que gosto de aprender, gosto de pensar (mesmo que doa), gosto de
descobrir, gosto de saber. Ou melhor, gosto de “querer saber”, como
disse Carl Sagan.
O deus das religiões
(cristão, muçulmano ou judeu) é cheio de regras e dogmas, impede a satisfação,
mesmo normal e saudável, dos instintos do corpo – dos prazeres – e com esse
mesmo tipo de arma – regras e dogmas – impede o questionamento saudável, a
busca honesta pelo conhecimento.
É por isso que sou
ateia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário