Na França existem muitos
muçulmanos, muitos mesmo! E as mulheres muçulmanas estão sempre com aquele
famigerado lenço na cabeça! Eu detesto todos, todos, todos eles. E detesto mais
ainda os líderes religiosos que inventaram essas regras absurdas!
Mas o que eu não sabia antes de
vir para cá é que eles são bem diferentes. Tem mulheres que parece que só os
usam brancos, tem outras que abusam dos coloridos e delicadamente estampados ou
bordados, e tem aquelas que só usam preto.
Quanto às roupas também variam
muito. A gente vê mulheres de lenço com roupas ocidentais, geralmente essas são
as mais jovens, algumas usam roupas típicas geralmente compostas por uma calça
comprida bem larga de tecido leve e uma túnica do mesmo tipo de tecido em cima,
outras usam essas túnicas sobre calças comuns, inclusive jeans, e há aquelas
que usam uns vestidões pretos horrorosos arrastando no chão.
Mas o pior, o mais terrível mesmo
de se ver, são aquelas que usam os véus tapando o rosto. É revoltante! Eu as vi
algumas vezes fazendo lanches com seus marido e filhos nos parques e jardins:
elas levantam o véu um pouquinho e enfiam a comida por baixo do véu pra poder
comer! Eu sinto uma raiva tão grande de ver isso, uma revolta tão grande, um
ódio impotente, tão, mas tão enorme que me faz mal!
Elas quase sempre estão
acompanhadas de um homem, as de rosto totalmente coberto eu nunca vi sozinhas e
as que vestem aquela roupa toda preta é comum encontrar em bandos, como bandos
de urubus, coitadas! Às vezes tem crianças junto com elas, às vezes não. Eu
sinto sempre uma vontade enorme de sair estapeando, socando, cuspindo e
xingando dos piores nomes que puder lembrar esses homens, esses grandessíssimos
sei-lá-o-quê (não conheço palavra pra definir alguém tão asqueroso!) que se
sujeitam a essa religião e a essas regras que sujeitam dessa forma humilhante
as mulheres enquanto que eles passeiam livres, leves, soltos como senhores do
universo. Ai caramba, como eu os odeio quando penso que criarão suas filhas de
tal forma que elas também vão decidir que “querem” se empacotadas assim!
E meu ódio não vai só para
aqueles que aceitam humilhar publicamente a mulher tapando até o rosto dela
não, meu ódio vai igualmente para todos, todos os que andam com as mulheres
cobertas, mesmo que seja com um lenço colorido da seda mais pura e mais cara,
eu queria cuspir na cara desses também, ou talvez chacoalhar suas “carcaças”
para que pensem e não aceitem mais essas regras absurdas que podam a liberdade
de outro ser humano como eles!
E não, não adianta alguém vir me
dizer que isso é escolha da mulher, que ela aceita usar essa droga de véu na
cabeça e até na cara, que é ela quem quer ser assim. Se não tivesse essa coisa
idiota de fanatismo religioso, se não tivesse essa mentalidade machista do
homem se sentir dono e proprietário da mulher e dizer que é um deus qualquer
que quer isso, não teria nunca esse “querer” das mulheres que se cobrem
dessa forma!
Tá, “no ocidente também tem
isso”, eu sei. Não me sinto muito melhor quando vejo as freiras e seus
vestidões e toucas esquisitas. Sei que até eu posso um dia resolver que um
determinado lenço é bonito e achar legal colocá-lo na cabeça e sair assim, mas
sou livre para usá-lo quando, e se, quiser, posso usá-lo na sexta e não no
sábado, usar hoje um branco, amanhã nenhum, daqui a dois dias um vermelho e, se
quiser posso até achar apropriado em determinados lugares e horas usar um lenço
preto. Mas eu não tenho que sair TODO DIA com um lenço na cabeça, e não tenho
que sair NUNCA com um lenço na cara!
Só uma interpretação religiosa
criada por machistas inseguros e mantida por eles pode obrigar as mulheres a se
humilharem dessa forma! Não acredito, mas não acredito mesmo que, se existir um
deus minimamente decente, seja ele qual for, esse deus vá achar que é dever de
um ser humano humilhar e degradar outro ser humano como fazem alguns homens com
as mulheres alegando ser essa a vontade de um deus. Não vejo nenhuma
possibilidade disso!
E não limito minha revolta à
alegação machista dos homens da religião muçulmana não, ta? Além das freiras
que já citei, os protestantes têm aquele hábito imbecil de proibir a mulher de
cortar o cabelo e de usar calça comprida, e a bíblia tá tão cheia de ofensas à
mulher que me espanto de existirem mulheres cristãs.
Não, eu não posso aceitar que
seja possível um ser humano sujeitar outro ser humano, tolher toda a sua
liberdade, humilhá-lo e aprisioná-lo e ainda alegar que possa haver algum bem
nisso. Se a escravidão é uma prática que a grande maioria dos seres humanos
civilizados do nosso tempo abomina, por que ainda se aceita essa escravidão da
mulher? Não, eu não entendo e não aceito o argumento de que é “da cultura”
ou de que “elas são livres e escolheram usar essas roupas e esses véus”.
Não é compreensível pra mim.
Algumas dessas mulheres,
totalmente ou parcialmente empacotadas em panos, que a gente encontra por aqui
estão empacotadas em panos visivelmente caríssimos, estão carregando sacolas de
lojas de grife, daquelas que a gente sabe bem que uma euzinha como eu não vai
poder comprar nunca. Daí algumas pessoas dizem que elas andam assim nas ruas,
mas em casa usam roupas lindas, perfumes caros e muitas joias; e disseram até
que apesar daquela roupa toda, elas podem de repente estar nuazinhas por baixo.
Grande consolo! Por baixo das roupas todos nós estamos nuzinhos, eu, você, o
padre, o monge, o rabi. E ter roupas, joias e perfumes caros não vale nada
quando não se tem liberdade de comer sem ter que levantar (só um pouquinho) um
véu que te cobre o rosto e enfiar a comida por baixo porque você não pode tirar
o véu. Uma algema banhada a ouro e cravejada de diamantes continua sendo uma
algema!
Isso é revoltante e vai ser
difícil me acostumar a ponto de não sentir um aperto aqui dentro cada vez que
vejo uma mulher sendo assim tão aviltada!
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