Muitas pessoas que não
pertencem a nenhuma religião frequentemente afirmam que acreditam em deus, mas
ressaltam: “O meu deus é diferente”.
Nem sei dizer quantas
vezes já ouvi essa frase!
Só que quando elas
explicam esse seu deus “diferente”, o que percebo é que na verdade ele
não parece ser tão diferente assim. É o criador de tudo o que existe, é onipotente,
é bom e, em geral, é uma “presença” que aquela pessoa diz que pode
sentir.
O que fica bem claro
pra mim é que essa pessoa é lúcida demais para acreditar no terrível deus
bíblico, mas por alguma razão não tem forças para concluir que não existe deus
nenhum. Então ela “tira” todas as características de ditador sádico,
incoerente e megalomaníaco que sua capacidade de bondade e sua ética não
puderam deixar de perceber no deus bíblico e “fabrica” um deus especial,
mais “light” que não assusta, não horroriza e não enoja, como o deus
bíblico faz a qualquer pessoa que consiga ler a bíblia sem a venda da fé cega.
Ou seja, a diferença se
resume basicamente na crença de que esse deus “diferente” é um Deus
“pessoal e intransferível” como um cartão de crédito.
É deus apenas dessa
pessoa e embora eventualmente interfira na vida dos que estão próximos a essa
pessoa, sempre o faz a pedido dela ou para a felicidade dela. É um deus pessoal
e único, que só atende uma pessoa.
Esse deus só tem a
capacidade de atender às necessidades de crer dessas pessoas porque depois de
criá-lo, elas em geral suspendem qualquer pensamento crítico mais profundo a
respeito dele – o que não é tão difícil, afinal, ele não é o deus tão
obviamente terrível no qual “os outros” acreditam.
Mas, na verdade, se
pensassem melhor a lógica do deus que criaram, essas pessoas veriam que esse
seu “deus diferente”, por mais confortável que seja, é um contrassenso
total porque criou a humanidade toda, mas na prática está a serviço de uma
única pessoa.
E estou dizendo isso
por experiência. Também já tive um deus para chamar de meu antes de levar anos
pensando, questionando, tentando evitar pensar e questionar... Até finalmente
me descobrir ateia.
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