20 de junho de 2020

ENTRE O MAU E O BOM


Minha teoria básica é que as pessoas são mais más do que boas, embora as nuances entre a pessoa boa e a pessoa má sejam, a meu ver, enormes. Ou seja, existem pessoas "quase boas" em um zilhão de níveis, alguns dos quais se confundem significativamente com o número (enorme a meu ver) de pessoas "quase más". Acho difícil que exista uma pessoa totalmente má ou totalmente boa; mas a pessoa totalmente boa me parece ainda mais impossível. Claro que essa é a minha teoria e a minha opinião!

Imagine aquelas linhas em que uma ponta é vermelha e a outra é verde (ou quaisquer outras duas cores) e que no meio tem todos os níveis de cores até chegar de uma extremidade a outra. Essa linha, na qual uma ponta é o totalmente bom e outra ponta é o totalmente mau é bem longa e entre uma ponta e outra tem muitos tons intermediários, muitíssimos mesmo!

Acho que o que acontece com as pessoas boas - ou que estão mais próximas do totalmente bom naquela nuance entre o totalmente bom e o totalmente mau - é que, mesmo que se deixem enganar pela mentira do "deus bom", seja ele qual for, não se deixarão convencer por nenhum "enviado" ou "representante" do tal deus a praticar atos ou a desenvolver conceitos maus. Elas não farão isso porque são religiosas, farão simplesmente porque são boas!

Eu conheço pessoas que são católicas e que não têm preconceito contra homossexuais, ateus, outras religiões; que são favoráveis à descriminalização do aborto, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e que têm ateus (eu inclusive e me sentindo muito honrada) como amigos.

Enfim, essas pessoas não concordam com e não dão seu aval a nenhum dos preconceitos que são inerentes aos dogmas e preceitos da ICAR.

Para dizer a verdade, euzinha, ignorante que sou, não consigo entender, e menos ainda explicar, como pessoas que têm esse nível de bondade conseguem se denominar católicas, parece que elas não sabem que são muito melhores do que a religião a que pertencem. Enfim, para minha surpresa, elas não só se dizem e se sentem católicas como acreditam - ao contrário do que tenho certeza de que acontece - que é a religião que faz com que elas sejam assim. Sério, eu já desisti de entender.

Da mesma forma e ainda mais surpreendente, conheço evangélicos que são bons como acima descrevi as pessoas católicas. Sei que parece uma total incoerência, e não consigo ver de outra forma, mas a pessoa é evangélica, vai aos cultos e ouve as pregações - até mesmo daqueles pastores exploradores da fé - às vezes até participa de forma mais ativa de determinada igreja, e mesmo assim é, em atos, em conceitos, em postura, muitíssimo melhor do que a religião da qual faz parte. Juro que não entendo, mas vejo isso acontecendo. Minha mãe se tornou ainda mais amada por mim porque é um exemplo desse último caso, mas não é a única pessoa assim que conheço.

Por causa dessas pessoas, pensando e lembrando de como são e como pensam, foi que desenvolvi essa minha teoria de que as pessoas só se deixam levar para o mal pela religião quando estão, com seu caráter e sua personalidade, mais próximas do totalmente mau do que do totalmente bom, naquela linha de nuance que imaginei como uma linha colorida parecida com aquelas que mostram, por exemplo, as muitas nuances da cor azul. Estou explicando novamente para que fique bem claro o que minha cabecinha maluca anda pensando. Imagino que todo mundo já viu algo parecido com isso.

Ou seja, na minha visão, essas pessoas que estão mais próximas do totalmente bom naquela linha de nuances, podem aderir a qualquer religião e acreditar em qualquer mentira que dificilmente se deixarão levar àquele ponto em que sua crença prejudique a si mesmas ou aos outros. Já aqueles que estão no lado mais próximo do totalmente mau na linha de nuances, e que, infelizmente, a meu ver, são maioria. Conseguirão prejudicar os outros e a si mesmos independentemente da ou do tipo de crença ou mentira a que resolvam aderir ou que resolvam rejeitar, o nível e a prontidão a aderir e agir de acordo com um discurso de ódio só vai variar de acordo com a capacidade retórica dos influenciadores. Os mais próximos ao extremo do totalmente mau não precisarão de muito esforço de convencimento e a necessidade de mais ênfase e elaboração dos discursos vai se tornando maior à medida que se afastam desse ponto extremo.

Nesses "mil pontos", dos dois lados da linha e em todas as nuances, podemos encontrar católicos, evangélicos, muçulmanos, ateus, torcedores do Palmeiras, do Corinthians, feministas, machistas, petistas, coxinhas, comunistas, anarquistas, homens, mulheres, gays... enfim, todo tipo de pessoa com todo tipo de crença, fé ou preferência.

Resumindo: Minha teoria é que, independentemente do que você creia ou deixe de crer, é o seu caráter que fará com que você seja ou não influenciado, seja ou não levado a sentir ódio ou preconceito contra o que é diferente de você, seja convencido a ou não a concordar ou incentivar atos de violência resultantes desse ódio, concorde ou não com os discursos de ódio e preconceito que ouve, pratique ou não atos que prejudiquem a você mesmo ou, principalmente, aos outros. Na minha visão, não importa qual é a sua tribo, se você é uma pessoa boa, quero mais é estar do seu lado!

E o que podemos fazer pelas pessoas que estão mais para o meio do que para as extremidades? Educar! Informar! Tentar trazê-las para o lado menos prejudicial. Não teremos sucesso total - vide os cristãos mau caráter que se tornam ateus mau caráter - mas ainda assim, acho que vale a pena tentar. Porém NUNCA generalizando os religiosos, os torcedores, os partidários de qualquer lado que não seja o do mal puro, como "escória", "ignorantes", "vilões", etc. Em respeito àqueles que exemplifiquei acima e também para não corrermos o risco de estarmos nos virando mais para o lado do totalmente mau na linha de nuances.

Observação final: Imagino que é quase desnecessário dizer, mas mesmo assim vou dizer que os "quase ou muito" psicopatas assassinos com histórico, pedófilos praticantes, nazistas convictos, e outros grupos do tipo ficam totalmente fora da minha análise porque são caso de isolamento e não de convivência social.

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