Outro dia estava
pesando minha vida e me dei conta de que nunca deixei de quebrar uma corrente. Quebrei
todas as que chegaram até mim, desde as que vinham por carta, com envelope,
selo e carteiro, até as que chegaram por Orkut, e-mail, Zap, Facebook...
Nunca repasso mensagens
que dão sorte no amor, no dinheiro ou sucesso nos projetos. Nunca repasso
orações ou mantras de autoajuda, não importa que eles acenem com o terrível
castigo de algo ruim que vai acontecer dentro de 48 horas se eu não repassar
para 10 pessoas; ou que eles prometam que algo maravilhoso vai acontecer dentro
de 48 horas caso eu repasse para 10 pessoas.
Sou e sempre fui
inflexível. Não repasso mensagens, não entro em correntes.
Mas.
Dei-me conta disso dia
desses.
Deve ser por isso: castigo
pela minha negligência, que nenhum dos meus planos de vida deram certo. Nada do
que planejei aconteceu como eu esperava!
Veja a prova:
- Planejei não me casar
porque casamento é uma instituição falida e amor é algo tremendamente
passageiro: Casei-me, estou casada há 40 anos e ainda sou apaixonadíssima pelo
meu marido.
- Planejei ter uma
filha sem pai e lutar com todas as minhas forças para criá-la apesar das
dificuldades e dos preconceitos: Tive um filho, ele tem pai e está criado,
adulto, maravilhoso e casado sem que eu tivesse tido nada além de prazer,
embevecimento e orgulho ao criá-lo.
- Compramos um terreno
ao lado de um morro pelado mas ainda bonito na periferia da cidade de Santo
André, São Paulo. Construímos lá uma casa grande e linda e planejamos viver
nela o resto de nossas vidas: O destino deu viravoltas, o morro virou uma
favela, tivemos que nos mudar de Estado e acabamos vendendo a casa e comprando
um apartamento lindo, com vista para a Pedra Selada, quase no centro de
Resende, uma simpática cidade do Rio de Janeiro. Isso depois de termos passado
7 meses morando em um apartamento à beira-mar em Vigo, na Espanha.
- Planejamos ficar a
vida toda no apartamento de Resende, ou então trocá-lo mais tarde por um outro
em Santos, onde terminaríamos a nossa vida tranquilamente: Em outra mudança
inesperada, fomos para o Rio de Janeiro para morar em Copacabana, um dos
lugares mais lindos do mundo.
- Passei em primeiro
lugar no concurso do Estado e comecei a dar aulas em um colégio do qual
gostava, planejei ficar dando aulas nesse colégio até o fim da vida ou até
resolvermos, depois de aposentados, nos mudar para Santos: E depois de passar
três meses de “férias” em Paris, não tendo nada para fazer a não ser
brincar no computador, explorar a cidade e curtir uma lua-de-mel inesperada,
fui dar aulas primeiro em uma escola compartilhada no Rio Comprido e
depois em um colégio pobre, no pé do
Morro do Turano, na Tijuca.
- Pensei que ficaríamos
no Rio até a aposentadoria, começamos a procurar um apartamento na Tijuca mas,
novamente, os planos falharam. Surgiu outra reviravolta e me mudei novamente:
Passei em outro concurso, e antes de começar a trabalhar passei três meses
levando “vida de madame” em um apart hotel no Brooklin, em São Paulo sem
saber onde ia morar e sem me preocupar muito com isso porque a procura por um
apartamento e a expectativa de não saber onde seria tornou minha aventura ainda
mais excitante!
Encontramos um
apartamento em um recanto muito agradável e de excelente localização e, depois
de dar aulas em três escolas resolvi pedir exoneração para ficar em casa
cuidando do meu maridinho, que já está aposentado, e me dedicar às minhas
leituras, escritos e tudo o mais que eu queira curtindo uma velhice que só não
é deliciosa porque nenhuma velhice é.
Bem, depois disso,
concluo que tudo que planejei para minha vida não aconteceu como eu esperava e
que o responsável por isso pode ser o fato de eu ter quebrado tantas correntes
e desprezado tantas ameaças e promessas.
Portanto, gente,
cuidado! Minha experiência é um alerta! Se você quer que as coisas aconteçam
como você planejou, é melhor repassar os posts e e-mails e não quebrar as
correntes!
O alerta foi dado.
Vocês decidem!
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