Simples: Todos nós -
ateus e teístas - somos animais, e como tais dotados de algo chamado Instinto
de Sobrevivência. Esse instinto faz com que procuremos nos preservar e
procriar. É tido e sabido que os animais humanos não gostam muito de se ver
como animais, daí que para justificar essa necessidade e, de preferência dar a
ela uma razão “superior” à dos outros animais, alguns animais humanos criaram
um deus que ordena “Crescei e multiplicai” - coincidentemente o mesmo que o
instinto manda – e convenceram outros animais humanos disso. Isso meio que
aconteceu muitas vezes e, ao longo dos séculos teve muitas ramificações, o que
fez com que no final tivesse muitos, muitos deuses mesmo. Alguns morreram com
seus povos e hoje são conhecidos como mitologia, outros se perderam totalmente
sem deixar registros porque seus povos não deixaram registros.
Ao longo da história,
quase sempre por conta do grupo em que nasceram, muitos animais humanos aderem
a algum desses deuses. Mas há animais humanos que encontram suas razões para
viver não em um deus inventado para explicar o desconhecido e para dominar a
massa, mas no gosto pela vida, na consciência de sua efemeridade, no amor pelos
seus familiares, na realização dos seus sonhos. E há também casos bastante
conhecidos de animais humanos que encontraram sua razão de viver no amor pela
humanidade, ou pelos seres vivos como um todo, incluindo os animais, em geral
ignorados pelos preceitos religiosos.
Eu - já que só posso
falar por mim - encontro motivos para estar viva principalmente na minha mãe
(não consigo imaginar nada mais terrível do que perder um filho e não quero
causar essa dor a ela), no meu filho (vê-lo, falar com ele, estar com ele,
saber que ele existe, são meus maiores prazeres), no meu marido (somos um só em
amor, cumplicidade e companheirismo) e nos meus amigos (e considero dessa forma
tanta e tanta gente que muitas vezes viro um tonel imenso de amor e num abraço
carrego energia para muitos anos).
Mas também encontro
razão de viver no meu medo imenso de sentir dor (por mais deprimida que eu
esteja, não confio que exista algum método suicida totalmente indolor). E, além
de tudo isso, sei que vou morrer fatalmente; então, por que a pressa?
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