17 de junho de 2020

“EU QUERIA SABER O QUE MANTEM UM ATEU VIVO”


Simples: Todos nós - ateus e teístas - somos animais, e como tais dotados de algo chamado Instinto de Sobrevivência. Esse instinto faz com que procuremos nos preservar e procriar. É tido e sabido que os animais humanos não gostam muito de se ver como animais, daí que para justificar essa necessidade e, de preferência dar a ela uma razão “superior” à dos outros animais, alguns animais humanos criaram um deus que ordena “Crescei e multiplicai” - coincidentemente o mesmo que o instinto manda – e convenceram outros animais humanos disso. Isso meio que aconteceu muitas vezes e, ao longo dos séculos teve muitas ramificações, o que fez com que no final tivesse muitos, muitos deuses mesmo. Alguns morreram com seus povos e hoje são conhecidos como mitologia, outros se perderam totalmente sem deixar registros porque seus povos não deixaram registros.

Ao longo da história, quase sempre por conta do grupo em que nasceram, muitos animais humanos aderem a algum desses deuses. Mas há animais humanos que encontram suas razões para viver não em um deus inventado para explicar o desconhecido e para dominar a massa, mas no gosto pela vida, na consciência de sua efemeridade, no amor pelos seus familiares, na realização dos seus sonhos. E há também casos bastante conhecidos de animais humanos que encontraram sua razão de viver no amor pela humanidade, ou pelos seres vivos como um todo, incluindo os animais, em geral ignorados pelos preceitos religiosos.

Eu - já que só posso falar por mim - encontro motivos para estar viva principalmente na minha mãe (não consigo imaginar nada mais terrível do que perder um filho e não quero causar essa dor a ela), no meu filho (vê-lo, falar com ele, estar com ele, saber que ele existe, são meus maiores prazeres), no meu marido (somos um só em amor, cumplicidade e companheirismo) e nos meus amigos (e considero dessa forma tanta e tanta gente que muitas vezes viro um tonel imenso de amor e num abraço carrego energia para muitos anos).

Mas também encontro razão de viver no meu medo imenso de sentir dor (por mais deprimida que eu esteja, não confio que exista algum método suicida totalmente indolor). E, além de tudo isso, sei que vou morrer fatalmente; então, por que a pressa?

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