Não me parece que mudar a
maioridade penal para 16 anos seja solução, me parece muito mais adequado que a
gente, como sociedade, pare de ter responsabilidade na formação desses
bandidos; depois sim, podemos pensar em mudar leis. Mas mesmo assim eu mudaria
de outra forma: Considerando caso por caso, dependendo do crime. Enquanto aqui
estivermos prendendo ladrões de galinha e deixando verdadeiros bandidos soltos
a passar lua de mel em paraísos caríssimos, não acho que tenhamos moral para
falar em maioridade penal.
Você pode perguntar o que quero
dizer com "a gente [...] pare de ter responsabilidade na formação desses
bandidos". Quero dizer que a nossa sociedade é pródiga em acusar mas muito
lerda em proteger. Quero dizer que olhamos com ódio o trombadinha, o bandido de
dez ou treze anos, mas olhamos com indiferença a criança abandonada jogada
pelas calçadas. Quero dizer que fazemos campanhas contra a legalização do
aborto "em defesa da vida" mas não queremos que gays adotem crianças,
preferimos que sejam jogadas em orfanatos e escolas do crime. Quero dizer que
que vociferamos contra os bandidos menores de idade mas não cobramos do Estado
a proteção à criança, que está na constituição. Quero dizer que somos contra
“bolsa-isso-e-bolsa-aquilo” porque "pobre é vagabundo e tem mais é que
trabalhar" e não nos lembramos de reclamar quando o governo dá milhões
para reerguer uma empresa em dificuldade cujo proprietário investe na bolsa e
mora em mansão ou ajudar banqueiros, que certamente não estão precisando de
dinheiro. Quero dizer que elegemos representantes pela retórica elaborada e
pela marca do terno e não pelas propostas e histórico de luta por justiça
social.
Nós, não eu e você, mas nós
sociedade, formamos ou ajudamos a formar muitos desses bandidos, depois
queremos metê-los na cadeia e esquecer a chave sem peso na consciência.
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