Não vou fazer mais
nenhum tipo de exame preventivo! Sem Papanicolau, sem mamografia, sem nenhum
dos exames que tenho feito anualmente desde quase a adolescência. Ano passado
foi a última vez. Estava tudo bem.
E por que não farei
mais esses exames? Porque quero ter o direito à eutanásia.
Não, não é uma espécie
de protesto ou greve para que se legalize a eutanásia no Brasil, embora eu
gostasse muito que o fizessem. Não é nada disso.
Apenas aconteceu que
andei pensando e concluí que, após os 60 anos, não quero correr o risco de
viver de “bônus”. Se tiver uma doença mortal quero morrer dela e não ficar
tentando ganhar mais um tempo de vida fazendo tratamentos agressivos e caros em
um corpo já naturalmente fragilizado pela idade.
Se tiver câncer não
quero ficar sabendo até que seja tarde demais para qualquer tratamento ou
transplante. Não quero fazer quimioterapia, radioterapia ou cirurgia que me
tire um pedaço do corpo com a esperança de que o câncer vá embora com ele e não
volte a aparecer em outro lugar.
Prefiro viver da melhor
maneira possível pelo tempo que for possível viver ignorando a presença de um
tumor.
Não estou, de forma
alguma, tentando dizer que todo mundo, ou mesmo que alguém, deve agir como eu.
Não tenho nem quero ter o direito de decidir como quem quer que seja deva optar
por viver ou morrer. Quero decidir apenas por mim.
E chamo de eutanásia
porque é assim, a meu ver, que deve ser chamada a decisão de “deixar ir” quem
não quer “ficar”, e eu já decidi que, no caso de uma doença grave e invasiva, não
quero “ficar”. Como não estou tentando morrer, pelo contrário, torço muito para
não ter essa doença, não posso chamar o que estou fazendo de suicídio.
Não estou com intenção
de me matar, estou decidindo me deixar morrer; e isso apenas no caso de uma doença
grave, como o câncer.
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