25 de junho de 2020

PENSANDO A TEOLOGIA


Um dia, um crente muito irônico fez uma pergunta no Yahoo Respostas e dirigiu sua pergunta a “Alguém que tivesse doutorado em ateísmo”. Ele, é claro, sabe muito bem que isso não existe, portanto, foi irônico, talvez tentando diminuir o ateísmo diante da teologia, que tem doutorado. Então respondi a ele dizendo que “O ateísmo, ao contrário da religião, não é instituição que nega a ciência e ao mesmo tempo quer se dar ares de ciência chamando-se teologia, e aí sim, dando aos seus estudantes de nada diplomas de ‘doutores em amigo imaginário’”. Ficou indignado e mandou um e-mail me chamando de burra e de ignorante.

Embora ele tenha dito como novidade, sei muito bem que, pelo menos em alguns casos, para ser um doutor em teologia tem que estudar muito, e sei que tem que estudar filosofia, inclusive a filosofia de Nietzsche, principalmente é claro, para dizer que Nietzsche está morto. O problema é que a teologia é a pseudociência da religião e ela, antes de estudar, o que faz é na verdade mutilar, agredir e aprisionar a filosofia, descaracterizando-a e fazendo com que ela deixe de ser filosofia, porque deixa de ter a característica que melhor a define e que é a principal responsável por ela ser tão maravilhosa: a liberdade.

Penso que se você começa a pensar partindo de uma verdade dogmática e indiscutível, você está construindo um palácio em um pântano e ele não pode ser habitado com segurança. É isso que a teologia faz, construindo toda sua estrutura sobre a “verdade” da existência de deus.

Foi por isso que eu disse a esse religioso irônico, e que continuo dizendo a quem quer que seja. Receber diploma de teologia é receber diploma de nada! Para mim, o teólogo estuda filosofia matando a filosofia e estuda como fato científico um deus que não existe, daí que fora o conhecimento da língua latina e/ou grega não consigo perceber muita coisa que eu realmente chamaria de conhecimento. E não chamo teologia de conhecimento pelo fato de que qualquer coisa que se possa chamar conhecimento e que se possa obter num curso de teologia é certamente um conhecimento que se poderia conseguir de forma muito mais completa e imparcial fora da teologia.

Sei também que o MEC reconhece os diplomas de teologia e, para mim, isso acontece apenas porque não vivemos em um país laico, esse reconhecimento é mais uma dentre tantas e tantas outras provas da não-laicidade do país, só isso.

Um teólogo pode, sem dúvida nenhuma, saber mais de filosofia do que eu, isso nem é muito difícil já que sei tão pouco. Mas desconfio de que ele sabe mais quando se trata de conhecer nomes, datas, linhas de pensamento, palavras e expressões em latim, grego e provavelmente aramaico. Não estou tentando dizer que esses conhecimentos sejam desprezíveis, de forma nenhuma! Apenas fico achando que usá-los em discursos preparados para colocar Tomás de Aquino tentando refutar David Hume e depois para convencer os já convencidos de que ele conseguiu é algo que considero, no mínimo, não exatamente filosófico. Mas um teólogo certamente não respeita e não ama a filosofia como eu, disso tenho certeza, principalmente porque um teólogo ama muito mais a deus do que à verdade, ou à busca dela.

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