Um dia, um crente muito
irônico fez uma pergunta no Yahoo Respostas e dirigiu sua pergunta a “Alguém
que tivesse doutorado em ateísmo”. Ele, é claro, sabe muito bem que isso não
existe, portanto, foi irônico, talvez tentando diminuir o ateísmo diante da
teologia, que tem doutorado. Então respondi a ele dizendo que “O ateísmo, ao
contrário da religião, não é instituição que nega a ciência e ao mesmo tempo
quer se dar ares de ciência chamando-se teologia, e aí sim, dando aos seus
estudantes de nada diplomas de ‘doutores em amigo imaginário’”. Ficou
indignado e mandou um e-mail me chamando de burra e de ignorante.
Embora ele tenha dito
como novidade, sei muito bem que, pelo menos em alguns casos, para ser um
doutor em teologia tem que estudar muito, e sei que tem que estudar filosofia,
inclusive a filosofia de Nietzsche, principalmente é claro, para dizer que
Nietzsche está morto. O problema é que a teologia é a pseudociência da religião
e ela, antes de estudar, o que faz é na verdade mutilar, agredir e aprisionar a
filosofia, descaracterizando-a e fazendo com que ela deixe de ser filosofia,
porque deixa de ter a característica que melhor a define e que é a principal
responsável por ela ser tão maravilhosa: a liberdade.
Penso que se você
começa a pensar partindo de uma verdade dogmática e indiscutível, você está
construindo um palácio em um pântano e ele não pode ser habitado com segurança.
É isso que a teologia faz, construindo toda sua estrutura sobre a “verdade” da
existência de deus.
Foi por isso que eu
disse a esse religioso irônico, e que continuo dizendo a quem quer que seja.
Receber diploma de teologia é receber diploma de nada! Para mim, o teólogo estuda
filosofia matando a filosofia e estuda como fato científico um deus que não
existe, daí que fora o conhecimento da língua latina e/ou grega não consigo
perceber muita coisa que eu realmente chamaria de conhecimento. E não chamo
teologia de conhecimento pelo fato de que qualquer coisa que se possa chamar
conhecimento e que se possa obter num curso de teologia é certamente um
conhecimento que se poderia conseguir de forma muito mais completa e imparcial
fora da teologia.
Sei também que o MEC
reconhece os diplomas de teologia e, para mim, isso acontece apenas porque não
vivemos em um país laico, esse reconhecimento é mais uma dentre tantas e tantas
outras provas da não-laicidade do país, só isso.
Um teólogo pode, sem
dúvida nenhuma, saber mais de filosofia do que eu, isso nem é muito difícil já
que sei tão pouco. Mas desconfio de que ele sabe mais quando se trata de
conhecer nomes, datas, linhas de pensamento, palavras e expressões em latim,
grego e provavelmente aramaico. Não estou tentando dizer que esses
conhecimentos sejam desprezíveis, de forma nenhuma! Apenas fico achando que
usá-los em discursos preparados para colocar Tomás de Aquino tentando refutar
David Hume e depois para convencer os já convencidos de que ele conseguiu é
algo que considero, no mínimo, não exatamente filosófico. Mas um teólogo
certamente não respeita e não ama a filosofia como eu, disso tenho certeza,
principalmente porque um teólogo ama muito mais a deus do que à verdade, ou à
busca dela.
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